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O caso da caça e das casilhas. Begonte e Cáceres.

Este escrito tem como base "os Coussos".

Por muita parte ainda ficam em pé as casilhas dos legoeiros ou cantoneiros.

Vão ir aqui apresentadas visões aéreas ou planos cadastrais e LiDAR das casilhas de lagoeiros e doutros lugares com o nome da Casilha:


A Casilha dentro de Santa Maria de Castro (Minho) fazendo limite com São Salvador de Leiro e São Julião de Carantonha, e também São Martinho de Andrade; com toponímia frequente nos coussos de caça, captura.
A destacar Caxares, normalmente nestas estruturas costumam aparecer topónimos de base em casa ou cacha, na plurivalência de casa moradia, caça de captura, capsa, e coussa.
Também como em tantas estruturas de captura o local religioso está num dos seus becos.
Pola Casilha corre o antigo caminho real.


A Casilha de São Martinho de Moldes (Melide), casilha de lagoeiro e casilha toponímica, sediada no beco de uma estrutura de cousso. A salientar o lindeiro sul que corre desde a Pena de Santisso até a Casilha, pode ser intuído que o beco chegava até Teilhor, também que polo lado norte tivo outra configuração. Indicar também que a igreja de São Martinho de Moldes, como tantos casos, está associada ao beco.





A Casilha de Santa Vaia do Aranho (Rianjo), com o seu grande cousso de caça, de microtoponímia neste blogue analisada.


Casilha de Legoeiro, em Parandões (Toural dos Vaus / Vila de Cães), neste caso não está associada com o bico de caça, mas no fundo de saco da estrutura de cousso.


A Casilha de Dormeá, na Algária (Boimorto), casilha de lagoeiro e casilha toponímica, com uma das tipologias dos coussos, e no seu beco norte o frequente derivado de pedra: Pedreira.

Casilha de Lagoeiro em São Jorge de Inhás (Oleiros), hoje derrubada, no fundo de uma forma de cousso, com o frequente topónimo de Casa Velha (na ideia de casa, capsa, caça, coussa).


Casilha de Porçomilhos (Oça dos Rios)






Uma casilha dos Lagoeiros em Coirós desenhada na foto aérea como uma casa na parte sudeste , com dous topónimos significativos: Meijão Frio que costuma estar associado a estas estruturas de grandes coussos, e topónimo de Caselas.
Isto faz pensar na origem muito antiga destes locais, que antes de serem casilhas ordenadas polo governo do Estado teriam sido postas, por vezes não no mesminho mesmo lugar da estrada nova, mas na sua imediata proximidade, e antes de postas teriam sido paragens de viageiros, como as chamadas mansio romanas, mas antes das mansio, teriam sido meijões ou ameijões, locais em um grande território vedado da altura do neolítico, onde se juntava o gando à noite, local onde os pastores atendiam o gado ameijoado e descansava, e antes disso teriam sido coussos de captura e caça de gado, coussos que não poderiam funcionar continuamente e que requereriam para o seu funcionamento, sem esgotar os animais, de uma população semi-nômade que fosse de cousso em cousso percorrendo um território e que desenharia as sendas, depois caminhos que ligariam territórios.
Em branco o cousso de caça.
Em amarelo a vedação pastoral neolítica.
Seria este local o que derivaria na casa do Briugu, como gestor do grande rebanho e como hospedeiro?

Confronte-se a evolução de Coirós, de cousso de caça, em branco,  a uma estrutura vedada para gestão de animais cativos, em amarelo. Isso também obsevável em Dombate-Borneiro:

No entorno do dólmen de Dombate, π branca, podemos  observar como as linhas cadastrais e as sua simetrias desenhariam um primeiro cousso de caça hipoteticamente paleolítico (branco), do que resta o seu lado norte. O seu beco norte marcado toponimicamente por Pedra do Meio.
Pode ser observado um grande recinto triangular com vértices em Dombate, Fonte Fria e Vilasseco.
E uma evolução posterior que faz um recinto maior semicircular com estremos no dólmen da Cruz da Portela ou do Cruzeiro da Portela no lado oeste, e com a igreja de São João de Borneiro no com o seu cemitério lado leste.
Esta última forma poderia ser um grande recinto pastoral para animais semi-domesticados, que facilitaria a captura, o acurralamento nos três pontos com locais de enterramento.


A Casilha toponímica de Iris, sem casilha de legoeiro, de peões caminheiros, mas com toponímia relevante como Penas a leste e oeste, com o topónimo significativo Casa Velha (coussa, casa, capsa, caça).

Antiga e desaparecida Casilha de Lagoeiros em Cabanas, ao lado do Mesão. Mesão já foi identificado como local pastoral, aqui como local de caça/captura no paleolítico-neolítico.
A salientar que nos becos do grande cousso estão as sedes das Freguesias de São Martinho do Porto e Santo André de Cabanas.
Granja é um topónimo que já foi revisado do grupo granha, que já fôrom vistos coussos com esta raiz, Cardeira como cardo, cadro, quadro, também analisado neste blogue.
Cádivas talvez da família de Cádavo e derivados que costuma aparecer associado ao cousso como já foi visto neste blogue.
Praia das Vacas é um dos nomes da praia da Madalena, da praia de Cabanas, vendo a sua localização é entendível que no 6.000 aC fosse o seio da praia com o mar retirado um grande pastiçal à beira do rio Eume, do que este cousso recolheria, caçaria, os animais.



Casilha toponímica e casilha de lagoeiro em  São Tiago de Goiriz (Vilalva), em uma estrutura de cousso. Com toponímia relevante como é Pombo, Candamil, Vilar da Costa ou Su os Tombos, analisada neste blogue.
Pola parte norte da estrutura corre o caminho primitivo, hoje Caminho de Santiago.





Este é o caso da Casilha de Begonte, situada também em uma forma de cousso com toponímia relevante.
No seu lado oeste Touredo, no seu lado central Requeixo, Pedregoso (fazendo referência um lugar onde há pedra), Algaravão (-ám) mais desenvolto no escrito "Algália ou Algária, o pastoralismo" onde se entende que algar-  é lexema de agitação, irritação.
Neste caso, o hipotético cousso podemos observar que tivo duas formas marcadas uma mais pequena onde o algaravão foi beco, vértice de caça, e outra maior que teria como vértice Buscacere. Em distintos escritos anteriores há bastantes exemplos onde esta estrutura de caça leva o nome derivado de casa que fai suspeitar em uma étimo comum paleolítico a: capsa, caça e casa. assim Buscácere seria o bois-cácere, parelho ao do leste Touredo.
Podemos observar que outros nomes recolhidos Buscaire e Buscaixe, podendo ser recolhas defeituosas ou variantes que permanecêrom dentro das denominações familiares. Então o lexema bus- de Buscácere não teria muita dúvida em ser atribuído a boi. E -cácere / -caire / -caixe ppoderia ser associado a essa raiz de capsa-casa-caça.
Então -cácere e cárcere? Teriam o mesmo lexema raiz que caça mais o sufixo átono -ara -aro (como genitivo plural -arum) "a das caças" *cáçara.

Segundo isto seria de esperar que a cidade da Estremadura Espanhola Cáceres conservasse na sua estrutura de ruas a forma de um ou vários, polo seu plural, coussos de caça:





Aqui podemos observar Cáceres como ainda no voo do 1956 conserva a forma de dous coussos na estrutura urbana, e mesmo como é possível observarmos como as modificações do cousso do lado sul, de mais redondo a mais estrelado, ficárom no desenho das ruas (uma imagem similar pode ser vista no caso de Santa Maria de Oça hoje no concelho da Crunha).
Esta modificação ao meu ver espelha uma mudança a estrutura primária de caça é reaproveitada como estrutura de captividade de um rebanho semi-domesticado, que necessita para o seu maneio de becos, bicos onde ameijoá-lo, onde o reunir para a pernoita ou mesmo para o mugido.
Também para salientar que o que se considera o templo mais antigo de Cáceres a igreja de São Tiago ocupa o espaço que normalmente ocupam as igrejas nos coussos analisados, numa parte do seu o bico.
Nomes medievais de Cáceres ajudam a entender a toponímia como local de "captura, prisão": Carceres, Canceres, além de Cáceres, entende-se que todas elas proparoxítonas.
Então o local de caça paleolítico, mesolítico e neolítico (pastoral de semi-domesticados): *cácere, também estará debaixo de topónimos de forma cárcere e cáncere, canç-, tipo canzela / cancela.


Neste caso a Casa Velha e a Casilha na freguesia de Santaia de Cúrtis, como um antigo cousso, sobre o que a norte foi feita uma suposta granja neolítica.
No ponto marcado com um asterisco * está o jazigo Paleolítico conhecido por Maques de Abaixo.
Este cousso está engolido atualmente na sua parte leste polo polígono industrial de Teixeiro.
É para destacar o posicionamento da Casilha fora de qualquer via principal atual. Também é para destacar a forma quadrangular e a sua orientação que não segue os eixos norte-sul, mas que semelha seguir os eixos dos assentamentos romanos.

Comparança entre o Campamento Romano da Ciadelha e a Casilha de Santaia.


Imagem de superposição de ambas as estruturas que dá ideia de que são muito iguais.


I























Então voltando ao caso de Begonte, podemos encontrar atendendo à toponímia, à topografia e aos limites cadastrais três estruturas de caça ou captura, três formas de cousso:


Como no caso de Cáceres há coussos associados fazendo uma autêntica barreira de caça.
O nome de Quitimil para o cousso central aparenta e põe em relação o latim quies "repouso" quietus "quieto, repousado". Percebe-se o germânico, o inglês kite "milhafre e forma quadrilátera, romboideia, semelhante a um papagaio, a um papa-ventos". Como já foi explicado no escrito dos Coussos, topónimos de açor e da sua família dão nome a estas estruturas de captura ou de caça. Neste caso no inglês kite, de facto os coussos de caça descobertos por aviadores no século passado ao sobrevoarem os desertos da Ásia receberam o nome de Desert Kites .
Então temos Begonte, tirado de Toponimia de Begonte e Rábade de Paulo Martinez Lema, e que aparece na demarcação de Wamba no século VII como Poconti.
No século X como Boconti
Outras foramas posteriores: Bogonti, Sancto Petro Abogonti
Dous lexemas, o inicial: Po- Bo- Abo- e finalmente Be-
Que faz lembrar o proto-céltico *abū "rio".
Mas também o lexema inicial está na proximidade de *gʷṓws.
De um inicial kʷow para os bovídeos que geraria duas linhas: *kow e *pow
*kow que daria o mais prolífico *gʷow e a linha germânica de cow.
kʷow (*kow e *pow) que explicaria no galego o triplete: pucha, bucha e cucha.
Assim kʷow explicaria também uma possível relação nostrática:
*pouskka é tida por base da vaca em estas línguas:
Lituano: pēkus,
Língua laz (caucasiana)  ფუჯი (puǯi), puci, ფუჯი (puǯi)
Língua suana (cartevélica) ფუ̈რ (pür)

A partícula final:-conti, -gonti e -gonde está em muitos topónimos da Galiza: Abegondo, Bergondo ....
Mas também está frequentemente associado a estruturas de forma de cousso como Conde e similares
Faz supor que -conti neste caso seria um genitivo de *-contu ou do conjunto *Abu-kontus ou *Bo-kontus.
Que faz lembrar o latim contus e grego κοντός  (kontós) "poste, estaca, chuço, aguilhada".
*Abo-gondi numa ideia de "rio das estacas" ou "estacas dos bois, paliçada dos bois".

De feito o topónimo estacas costuma aparecer nestas formas mas não sempre associado ao seu contorno, onde supostamente iriam as estacas, como pode ser observado no recinto leste de Begonte.
Então é para supor que alguns locais conde ou do conde não teriam a ver com o conde medieval, nem o latino comes, comitis , e sim com o local de caça da continuidade paleolítico-neolítico:
Asim por exemplo em Larage (Cabanas):

Em São Mamede de Larage (Cabanas):  Conde e outra toponímia já analisada neste blogue. 




Conde em uma estrutura identificada como cousso pola toponímia, modificada pola subida do mar e a aparição da lagoa de Doninhos.



Conde em São Jurjo de Moeche, com toponímia típica de cousso. A indicar Convento polo leste onde nos becos é frequente encontrar topónimos do grupo vent-/vend- local pastoral, mas neste caso pré-pastoral, lugar de caça ou captura, e no lado oeste: Junto-da-casa, que bem pode ser que tenha havido uma casa relevante ou que faça parte do antergo caça/capsa/casa.

Os Condes de Corneda (Boimorto), um sistema de granjas.





Condessa em São Mamede de Bonge, com toponímia frequente nos coussos de caça. A destacar Saa, assim sala como local de chefatura e lugar pecuário já estaria com essa função em etapas da história humana onde a caça era predominante. Pra reparar na situação em espelho entre a Madorra de Saa e o cemitério e igreja de São Lourenço de Aguiar. também no frequente casa, aqui como Chousa da Casa, que pode ser na triplicidade caça, casa, capsa e no outro lado Finca da Casa com a mesma ideia tripla.



Gondes em Santa Maria de Armenteira (Meis). A destacar o topónimo Aguieira, tombo. Pereiras na polissemia de pedra, pera, esperão e espereira ...


Cundins na freguesia de São Paio de Cundins (Cabana de Bergantinhos) um grande cousso que abraça o val do ribeiro do mesmo nome Cundins. Com toponímia analisável como Moinho de Arriba / Leia de Arriba dando nome a uma das evoluções do beco oeste, onde moinho tem a ver não com moer mas com remoinhar, dar volta; à par que o nome que recebe o lugar também é o de leia "peleja, liorta, briga".
A destacar também como o beco leste permaneceu na continuidade com a atual igreja da paróquia de Saõ João Baptista de Esto, sendo esto, estaca, estábulo, sede, nessa já frequente confluência de significados e etimologias num lugar físico paleolítico-neolítico.




Voltando aos topónimo -gondo
Nessa ideia Abegondo teria a mesma origem que Begonte (*Abo-konto):
Hipotético cousso de Abegondo com a igreja na ponta do beco leste, no Beco oeste um curro ou cortinha de reunião, na transformaç¡ao de cousso de caça a cousso de captura, topónimos como a Picota no lado leste e Tilheiro / Telheiro no centro. Este nome derivado de tilha, telha é frequente nos coussos, sem fazer relação a que houvesse uma fábrica de telhas, com uma possível relação com tilha "montão de terrões".


Aragonte de São Tiago de Calvos (Bande), com a típica forma de cousso de caça e toponímia frequente e congruente. A destacar o frequente Casal, (capsa, caça, casa) Ordes /orda poderia vir de uma raiz *ordon, que teria a ver também com a raiz do latim ordo, ordinis "série, grupo, tropa", seria pois uma forma do proto-indo-europeu *h₂er "união" podendo sair da mesma raiz que o herdo, a herdade, uma unidade territorial, em una ideia *ordoni / *herdoni "do rebanho, do grupo humano que vive nessa unidade pecuária".
No bico do grande cousso quando deixou de ser de caça e passou a ser de captura, poderia haver um curro, cortinha, onde a boiada faz a mó, como nos curros atuais das renas, os uros em semi-domesticação necessitariam um lugar para esta estereotipia.
Isto liga *ord- com horda.
Já Aragonte seria transparente depois do visto: *Ara-konti, "a ara da estacada, da paliçada, da vedação", sendo ara local de sacrifício e de cremação, também com toda a carga de religiosidade da pedra, daí que nestes pontos haja o nome toponímico de pena ou penela, como uma fraga (penedo superficial que faz de chão) ou penedo manifesto elevado que serviria para o sacrifício, já não só como penedo religioso, e mas também de higiene ao ser eviscerada, esfolada, partida a caça sobre uma superfície não de terra.
Já noutro aspeto da ara primigénia: muitos destes becos dos coussos de caça costumam levar o nome de forno, assim forno tem a duplicidade de furna "buraco" mas também buraco onde é feito o lume, numa ideia de assadura da carne em um foxo, talvez o que pouparia lenha e facilitaria uma cozedura uniforme.
Por outra parte estes fornos ligados com estruturas de caça ou captura costumam estar associados com mámoas, que tenhem forma de forno ou são fornos toponímicos, por exemplo o Forno dos Mouros no Bocelo ou Fornelha, o dólmen de Dombate



Aragonte em Santaia de Chamim (Arteijo) o hipotético cousso está aberto ao mar, muito modificado, ainda que conserva a toponímia caraterística, salientar Anxeriz analisado no escrito Ansa.
Nas proximidades do Reiro lugar arqueológico mesolítico.


Vilarangonte, a Vila Aragonte? em São Simão da Costa (Vilalva). Para reparar nos becos, o leste co nome de Balteiro / Balseiro (dando uma ideia paleolítica, neolítica, de caça ao posterior baltar pastoral).
No oeste o frequente derivativo de pedra: Pedragosa.


Vilaragunte (Vila aragunte?) de Santa Maria de Paradela, (Paradela) com forma semelhante à anterior.
A Salientar no lado oeste Pereira (que faz pensar em fitotopónimo, mas poderia ser com muita provabilidade um derivado de pera/pedra como tantos outros aqui apresentados), Trandos relacionado com topónimos analisados no escrito dos Coussos do tipo Trandeiras, Ameijeiras que também é comumente associado como fitotopónimo de ameixa, mas aqui com certa provabilidade que tenha a ver com ameijoar, juntar o gado, já no lado leste a sede de freguesia com a igreja em relação com Teibalde, neste lado leste voltamos a observar a relação entre o local de caça e a religiosidade, Teibalde foi analisado noutros escritos: Teibalde:  *tei-balti?, tei-*wlatis, "soberania", numa ideia de "casa da soberania" semelhante a *tei-faltus, tei-flaith, "casa do soberano".
Está a aparecer uma relação topográfica entre o crego, o arconte, e neste caso a *wlatis "soberania", que ocupam o mesmo lugar.

Argonte na freguesia de Santa Marinha de Beira (Carral). Toponímia para contrastar a de Fonte Culher. Mas também toponímia relevante a de Poço do Crego, na ideia de religiosidade da caça.
Assim Argonte seria como os anteriores: Ar(a)gonte, o que daria sentido ao latino archōn (archontis), grego ἄρχων (árkhōn) "governante" com a plurivalência de governante religioso, militar ou da pólis.
Este hipotético cousso dá para comparar que de um lado está o nome de Argonte na sua plurivalência paleolítica, ou neolítica e do outro lado na simetria está o Poço do Crego. O que leva a pensar que o topónimo antigo foi traduzindo?








































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