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Catabois e....

 Este escrito tem como base um anterior chamado "os Coussos".

Catabois de Ferrol, com a estrutura de cousso e toponímia identificativa já analisada neste blogue:
Pinheiro, Goimil, Balteiro.
Pega com hipótese de ser o local de pegar ou o local da Orraca.
Indicar o Souto de São Pedro como um verdadeiro salto territorial, uma partição do território primário.
Haveria então um primeiro Catabois com um fundo de saco comprido, pois os animais selvagens necessitariam para a corrida espaço, e um segundo Catabois reduzido, para animais de menor necessidade de correr ou sendo da mesma espécie já em semidomesticação.


Catabois em Santa Maria de Vares (Manhão (-om)).
Também com toponímia identificativa como Avelaído, Fonte do Coído que não é uma fonte nascente mas sim um local de fluir no sentido protoindo-europeu da etimologia de fonte fons.
Caroceiro como caroço nessa ideia de parte arredondada.
Gondeja, do grupo de Conde que já foi visto noutros escritos e que aparece frequentemente em vedações de caça captura, onde nada teria a ver com os condados, condes, comite ou comes.
E onde uma suposta raiz *konte estaria na raiz com quatro hipóteses:

1.Ser do grupo do latim contus e grego κοντός  (kontós) "poste, estaca, chuço, aguilhada".
Sânscrito कुन्त (kunta)  "lança".

2. Ser do grupo do sânscrito कुण्ड (kunda) :
Vasilha em forma de tigela, grande cunco, escudela; jerra
Buraco na terra, buraco na terra para fazer lume, buraco na terra para um ritual de consagração do lume; buraco para conter água, piscina, açude.

3. Ser da raiz de esconder, latim condo condere "juntar; construir, estabelecer, fundar; esconder; concluir".

4. Da raiz de gunda / munda como: rebanho, vedação, proteção, explicado alargadamente no escrito "Mundo".

E neste caso observa-se a confluência ou relação entre:
- O mundus, que escritos antigos de Roma explicam ritos do seu passado ancestral, era um buraco ritualístico na terra, em uma rocha, situado em um lugar pecuário, desde onde era determinado o lugar secundário a ele de fundação da urbe, ou local não agrícola nem pastoral.
- o sânscrito कुण्ड (kunda) "buraco onde é feito um lume ritual"
- o verbo latino condo "fundar, estabelecer"
- o hindi मुण्ड  (muṇḍa) "rebanho ou círculo de vacas."
Tudo em volta do ritual de fundação do lugar urbano.




Chão de Carabois no lado leste do Alto do Barbança, na freguesia de Santa Cruz de Lesão (-om) (na Póvoa do Caraminhal). O ribeirinho que corre por ele tem o nome também de Carabois. É como tantos outros um resto de um curro de captura, caça, desenhado nas fontes de um regato em uma zona húmida boa como engado.

Catagües em Pereruela (Samora).
Entre os nomes a destacar:
Alto la Casilha onde caça, casa, caixa, cachar, captar, coussa, semelham confluir em uma raiz. Este topónimo Casilha costuma estar em coussos de caça.
Las Bragas, em uma possível ideia de braga no seu significado de antemuro que servia de tranqueira em uma fortificação.
Confronte-se com bargo "estaca, laje vertical de muro", com barganal, bargado, barganço, palavras para sebes, com os cognados asturianos bárganu, bálganu, bérganu, bérguenu.
Valdearies, "vale de *áries", vale de carneiros?, na boca co cousso de captura, cousso que serviria para ungulados menores, *áries?

Catabois em São Tomé de Freixeiro e Vigo.


Nestas estruturas de caça ou captura de bois o lexema cata- / cara, o que significa?
Isto já foi abordado no escrito dos coussos ao analisar aqueles com toponímia tipo "catuveira".
Onde confluem o caçar e o cachar, o captar, capturar, o catar, e como foi visto em tantos outros lugares: a casa toponímica (casilha, casa velha) confundida com a caça ou na mesma origem.

Vão aqui raízes do protoindo-europeu nas hipóteses de Pokorny que seriam condizentes com o primeiro lexema de Catabois / Carabois:
Uma raiz seria: *kadh- "guardar, proteger".
Outra seria *kat- "unir, juntar; cadeia, corrente, rede"
Outra seria *keh₂p- "capturar, apresar".
Outra mais: *kā̆d- "perseguir, roubar, danar"
Mais: *k̂ad- "cair"
Esta: *kagh- : *kogh "agarrar, fechar; barreira entrançada, vime"
Mais uma: *kap- "agarrar"
Também: *kāp-, kəp- "leira, pedaço de terra"
Ou: *k̂at- "lutar, batalha"

Então que todas estas raízes etimológicas do estudioso Pokorny sejam congruentes com o que é um cousso de caça, e com o que acontece num cousso de caça:
Sai da casualidade?
Daria para lançar a hipótese de que haveria uma palavra paleolítica que descreveria esta estrutura, por exemplo *kath, para pôr uma palavra sem intenção de origem, e este hipotético *kath diversificou-se posteriormente, e já no neolítico daria nome a cousas ou funções derivadas do que acontecia no primário *kath.


Cachadas em São Pedro de Corcoesto (Cabana de Bergantinhos) fazendo parte de uma estrutura em cousso.
 

O Cacheiro de Santa Maria de Neda, com toponímia e estrutura identificativa de lugar primário de caça.

Cacheiros em Anhobres de São Julião de Morpeguite (Mugia), em uma estrutura em cousso evolucionada a granja neolítica, como final do beco de caça, ou como lugar onde cachar os animais cativos em semi-domesticação.


O Cachel em São Tiago de Sísamo (Carvalho)

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