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Goiriz. E algo das Costas

 Este é um escrito derivado dos Coussos, onde é buscada a razão do topónimo Goiriz e similares.

Goiris de Santo Estevo de Queiruga (Porto d'Oção (-om)):


Vão aqui pormenores:



Goiris de Queiruga  (Porto d'Oção (-om)) dando nome a uma estrutura de caça, evolucionada a captura no vale do nascimento do rio, ribeiro, Bilhicosa. Com toponímia frequente nos coussos de caça.




Goiriz de Santa Maria da Torre (Vilalva). Com toponímia frequente.




São Tiago de Goiriz (Vilalava), com toponímia relevante como é Casa Vedra, na ideia de  casa antiga, ou na triplicidade de casa, capsa, caça.



Goris de São Miguel de Lamela (Silheda) fazendo um cousso de caça que abraça o valigote polo que corre o regueiro que vai dar ao rio do Cervanlinho.
Com a conformação típica dos coussos, a igreja no seu beco leste e no oeste Santa Cristina.



A Guariza / Goariça em Santa Maria de Cernado (Maceda de Trives), este topónimo, além do de Guariza, tem no cadastro todos estes nomes nas terras lindantes umas com outras:
A Guarida,
Aguarixa,
Aguariza,
Aguarisa,
Aguarra (1)
Aguança,
Aguarira,
e Agrariza.
Para reparar que muitas vezes estando diante de um topónimo a deslocação da sua forma original pode confundir ao saltar a topónimos e raízes diferentes.

Aqui as Gorizas, também cadastralmente recolhidas como Guridas, em Ove (Riba d'Eu):

As Gorizas / Guridas de Ove (Riba d'Eu) com toponímia associada frequente nestas estruturas como é Granha, ou Casa Velha, reparar em Casoiro que remete a *caçoiro, nessa polivalência de casa, caça, capsa, coussa, também com local religioso a Capela, que não deixaria de ser uma capsela.
Então dá para observar uma variação -d- -z-: quer dizer haveria uma relação direta entre guarida e guariza. como assim é no asturiano onde guarida é lugar de pastagens.

Goiriz / Goiris, esta família toponímica aqui exposta com conformação topográfica similar, faria supor ser de um estrato germânico polo genitivo em -iz, e por gorir, guarir de uma hipotética palavra frâncica *warjan, de uma raiz protoindo-europeia *wer- "pôr atenção em, cuidar, guardar". O que levaria a interpretar Goiris / Goiriz desde a toponímia germânica como "da guarida".

O que dificulta a hipótese germânica é pensar que na chegada sueva estas estruturas não eram funcionais, pois nessa altura e dada a ocupação territorial, a presença de grandes rebanhos de ungulados selvagens seria infrequente e estas armadas de caça não teriam utilidade. Mas também estaria desaparecida a sua evolução posterior, onde a estrutura de caça teria virado em uma vedação pastoral de guarda e cuidado de um rebanho maior (como pode ser observada em Guris de Santa Maria de Chaião mais abaixo).
Estas estruturas no tempo suevo estariam reutilizadas, partidas em diferentes propriedades e servindo de vedações de pastoreio, talvez como pode ser facilmente intuído e observado no caso apresentado mais abaixo do Bourago em 
Paradela de Arriba de Santo António de Paradela,  (Maceda de Trives).
Uma outra ideia seria que a palavra proto-indo-europeia (paleolítica-neolítica) ou galaica para estas estruturas fosse traduzida para a fala germânica e assim ficasse, imaginando um *boirês que teria sido traduzido a *goiriz.

Ora a toponímia germanística (além de 
*warjan-iz ou já num estrato anterior protoindo-europeu germanizado *wer-iz), entende estes topónimos como terras de um possuidor de nome Goiricus ou Godericus, de guth e reiks.

A meu entender, e podo estar errado, seria muita a casualidade de que uma mesma estrutura que se repete por todo o país, os Goiriz/Guris e demais variações que aqui irão sendo apresentadas, tivesse possuidores co mesmo nome, Deus-rei, 
Guthreiks.
É-me mais fácil de entender que um mesmo tipo de assentamento com umas mesmas funcionalidades, com uma mesma estrutura, tenha tido um mesmo nome.
E que seja o assentamento o que dê nome à pessoa.
Quer dizer o granjeiro recebe o nome da granja.
Já não vou pensar em que uma única pessoa, Guthreiks, tenha dado nome a estruturas muito similares, em distintos e distantes lugares, construções que seriam anteriores à chegada Sueva.
Quer dizer, estas estruturas paleolíticas, reformadas, reestruturadas, alargadas, teriam um nome prévio: Goiriz / goriza, e o habitante, ou se se quer o tal possuidor inicial, o chefe pastoral neolítico, ou do Bronze, el guaricu e na continuidade o chefe do rebanho no Ferro, o briugu, teria o nome, título, alcunha de *boireko,  uma das tantas formas de dizer que era dono ou gestor de uma exploração pecuária: o vaqueiro, o vaqueiriço, o boeiro, o boieriço.
No sânscrito:
गोरक्ष (gorakSa) "vaqueiro, pastor de vacas. De go- "vaca" e -rakSa "cuidado, proteção".
गोदुह् (goduh) "vaqueiro". De go- e -duk "mugir, ordenhar".

Então, por estas razões, evidentes para mim, nasce a necessidade de buscar uma origem etimológica ancestral a estes coussos evolucionados. E assim seria possível lançar uma outra hipótese, que não a germânica, sim anterior: protoindo-europeia; um étimo para estes topónimos tal que *gʷṓw-ar-ithia / *gʷṓw-ar--iskos, onde o boi é raiz?
A primária *gorida / *goriza paleolítica seria a para a caça do boi?
Assim no galego goriza "erva nova que nasce entre a erva seca deitada do ano anterior".
Isto abre:
Que o asturiano tem os verbos guarir ou guarecer  com o significado comum de sarar, e o frequente nas línguas do entorno de "resguardar, proteger".
Mas entre os significados chamativos no asturiano de guarecer / guarar:
-Pascer o gado; apascentar o gado, levar o gado a boas pastagens.
Guarecer com a variante de buarecer.
Confronte-se o significado português de guarida (abrigo/rego) com o de guarida asturiano:
  1. Camino o senda que atraviesa desde el camino real a los lugares que están algo desviados de él [JH.] . Espacio por donde se entra a alguna parte, carril de una heredad [JH (= guarición).] . Entradas y salidas de una casa [JH.]
  2. Paso obligatorio que tiene que dejarse a otras personas para que pasen por una finca en determinadas fechas [Sg.] . Camino de servicio común para todos los predios de una ería [Cg.] . Derecho de uso que una casa o heredad tiene de paso por el lugar o sitio por donde se transita de una parte a otra [JH.]
  3. Lugar de pastos [Ar (= guaricia).] 
  4. Guarida de un animal [Lln.] .
Outra palavra asturiana para pôr aqui é guaricu / iguaricu "pastor de vacas".
Umas palavras asturianas que ligam também com isto são güeiriza, guariza, buariza, que dão nome a lugares onde pasce o gado livremente em baldios, montes comunais, terras reservadas para que pasçam bois.
Com sinónimos como bueizuna, beizuna, boizuna, buizuna, buíza.
Seguindo o fio dos lugares de pastagens comunais ou para bois no asturiano, o lexema raiz destas palavras é evidente: boi, com as palavras asturianas güé, güei, boi.
Assim as primárias güeirizas teriam a ver com *gʷṓws.
Sendo o segundo lexema -ariza / -ariça um locativo ou genitivo?

Para confrontar Goariz / Goariça com os transparentes vacariça, porcariça, ovelhariça, cabrariça, pastoriça, ou com o espanhol boyerizo "curral para gado, pastor boieiro". 
Assim o lexema raiz primeiro em Goariz / goariça: goar-iça, teria talvez ao lado o gaélico bóaire "senhor das vacas".
Então por baixo do bó-aire, estaria a *bo-aira "a aira dos bois" ou a "eira das vacas"?

A ter em conta que estas estruturas de caça evolucionadas em granjas neolíticas, costumam ter o topónimo de base "área" na sua proximidade, nos becos, tipo areia, aira, eira, que ainda sendo confuso e muito plurivalente, vai dar à raiz de área, como território inicial privativo, neste caso território privado, onde estão animais capturados que são propriedade e não podem ser caçados por outros.




Eira das Vacas, quinta na freguesia de Carviçais (Torre de Moncorvo), a salientar o nome do outro beco Ferradosa, frequentemente nestes sítios de captura, caça aparece o topónimo derivado de ferro, com ideia de cerrar.






A Leira da Gorana em São Tiago de Requião (-ám) (Betanços) fazendo parte de uma estrutura em forma de cousso, talvez evolucionada a granja neolítica, atenda-se à duplicidade de topónimos: Granha é a aldeia e ao seu leste o microtopónimo Granja.
Gorana, dá para reflexionar sobre o antopónimo Goros, forma tida por hipocorístico de Gregório, mas que poderia ser raiz.
Gregório tem origem no grego  Γρηγόριος (Grēgórios) "atento, vigiante".
Poderia ser percebido que Goros em por si tem já esse significado de "cuidador do gado", por uma hipotética forma anterior *goaros, confronte-se com o gaélico bó-aire.
Então o grego Γρηγόριος (Grēgórios), teria sido Γρη-γόριος (Grē-górios), uma tautologia ou uma especificação de que não é um cuidador de uma vaca, mas de um conjunto, rebanho de vacas, protoindo-europeu *h₂ger- "rebanho; juntar, recolher". Assim:
O *gʷṓws-ārum "o dos bois" entendendo-o como genitivo plural.
Ou  o *gʷṓws -*aryos "o senhor do bois, o pastor".
Estariam na raiz do antropónimo Goros.
E conformariam o *h₂ger-*gʷṓws-ārum ou *h₂ger-*gʷṓws-*aryos : Γρηγόριος (Grēgórios) onde "o dos bois juntos" ou "o senhor dos bois juntos" permite perceber a mudança de significado como atento, vigiante (como o Papushati).
Voltando ao topónimo que abriu esta porta: a Leira da Gorana. A gorana perceberia-se como *gʷṓws-ārum-ana ou *gʷṓws-*aryos-ana : "a que pertence ou é do dos bois", ou " a que pertence ou é do senhor dos bois".



Guariz de São Cosme de Linhares (na Póvoa de Brolhão (-om)). A toponímia do beco sudoeste é clara: Casa Nova (não está grafada no mapa).
Em Santiorjo há uma capela com este mesmo nome.
Orjo, é atribuído a Jorge, por uma forma  γεωργός (geōrgós) de γεω- (geō-) "terra" + ἔργον (érgon) "trabalho".
Nestes casos de Santiorjo, Santiurge apenas está o segundo elemento  
ἔργον (érgon) "trabalho".
Orjo conflui com o cereal, com um dos nomes da cevada, aparentada com o latim hordeum.
Foi visto noutros escritos de este bloque que a raiz ord- aparece associada a estes espaços de captura.
O latim ordo, ordinis "série, grupo, tropa", poderia estar aqui em Santiorjo, remetendo a uma forma do protoindo-europeu *h₂er "união" podendo sair da mesma raiz que o herdo, a herdade, uma unidade territorial, em una ideia *ordoni / *herdoni "do rebanho, do grupo humano que vive nessa unidade pecuária".
É nesse ponto de Santiorjo que o rebanho a caçar faz a mó o moinho, o lugar da revolta.


Goares / Guares de Santa Maria de Loureiro (Samos), com a forma de cousso de caça.
Para reparar nos nomes de os Casarós e Baixo da Casa, que remetem à triplicidade casa, caça, capsa. Para dizer que Baixo da Casa está na encosta, onde o cousso fica arriba e Vilaceite fica para baixo de tal lugar, sendo inequívoco que Baixo da Casa está a dizer que está baixo a estrutura de captura.
Espinho, topónimo já neste blogue tratado.
Também Cortinha do Castinheiro e o Castinheiro da Serra é um topónimo em espelho em ambos os becos laterais.
O topónimo Castinheiro costuma aparecer associado a estas formas, na suspeita de que seja uma variação de Costanheiro ou costinheiro, modificações de costa.


A Castinheira nas proximidades do beco de uma forma de cousso, em São Mamede de Larage (Cabanas).

Confronte-se com Costelo na imagem de arriba da Guariza de Santa Maria de Cernado, um topónimo, Costelo, que algumas parcelas cadastrais têm Castelo (sem haver castelo nenhum na zona); confronte-se também com Costião (-ám) no plano ante-visto de Goiriz de Santa Maria da Torre (Vilalva). ou Costa em Goiris de Queiruga.


Costeira em São Pedro do Buriz (Guitiriz).


Costeira em Santo André de Longe, Santo André de Teixido (Régua, Cedeira).



Costinheiras  e Costados fazendo parte de uma estrutura em cousso, em São Martinho de Minhortos (Porto d'Oção (-om)).

Uma hipótese para os topónimos de base em costa, além de que haja claramente uma encosta ou um encontro com o mar, seria:
Tirando do fio do verbo custodiar, etimologicamente órfão, apenas com o latim custos "guardião, protetor, vigia, tutor", estaria diretamente relacionado com esta raiz aqui esculcada *wo-stha / *wo-stho / *wo-(s)teg, "casa da vaca", também na base de busto. Em relação com o hitita westara "pastor", também com a deriva de que o pastor pecuário acaba sendo "tutor", assumindo um mando social ....
Sânscrito गोष्ठा (gostha) "lugar onde é guardado o gado, lugar de reunião"?
Aparentado com o galês godai / gody "estábulo, vacaria, cabana" de go-tŷ "vaca-casa"?

Por um protoindo-europeu *gʷṓws-*tegos.

Estes topónimos Costa, e outros de lexema kost- / kust- são funis dos coussos de captura, onde o gado é ameijoado, juntado, para morte ou já na sua evolução para guardar e melhor defensa.


A Costa de São Jião de Santa Cristina (Cospeito), dando nome ao beco de uma estrutura em forma de cousso, Cerveira, com toponímia identificativa.



Outra hipótese  baseia-se em que nas línguas eslavas a palavra para osso derivaria de um proto-eslavo  *kȍstь; russo кость (kostʹ).
Este proto-eslavo *kȍstь "osso" teria a ver com a raiz da palavra costela.
O proto-eslavo *kȍstь é feito derivar do protoindo-europeu *h₃ost- "osso", com apenas esta família linguística com k- inicial.; numa relação suposta kosto- / ósteo.
Costa em latim significa: "costela anatómica" e também "parede, muro, lado".
कोष्ठ (kostha) em sânscrito entre outros com os significados de: muro que envolve uma propriedade, área ou espaço cercado, casca, concha de qualquer cousa, armazém.

Nestes locais pecuários de caça, captura, catividade, é frequente o topónimo concheiro e similares, mesmo o de nogueiras, o que faz suspeitar que o primário concheiro, lugar de casacas, ossos, foi traduzido dentro do mesmo idioma galego, ao serem as nogueiras e nozes chamadas de concheiros e conchos.

Concharelo no beco sul de uma estrutura de cousso, na freguesia de São Martinho de Pinheiro (Germade).








Os Concheiros de Compostela.



Do mesmo jeito que o palatio pecuário neolítico, ou a paliçada paleolítica de caça, derivou no paço, esta linha do *kost- (*gʷṓws-(s)tegos)  ou *kost- "osso", poderia ter essa deriva também.
Por exemplo no antigo eslavo eclesiástico: кѫща (kǫšta) "cabana, choça, casa", ou o persa médio kwšk' (kōšk) "pavilhão, palácio" (lembrando-nos a génese do palátio de captura, o palatio, a paliçada neolítica e o paço atual).

Ossário de bisontes em Sarpy Creek Bison Kill site, formado polo uso continuado durante centenas ou milhares de anos
O acúmulo de ossos, ficaria na toponímia? por exemplo Osseiro de Leiloio (Malpica de Bergantinhos) dá nome a um dos becos, bicos, de uma estrutura de cousso com a toponímia frequente.


Também a variação cost- /cast- explica a abundância do topónimo castinheiro / castanheiro dando nome a terras lindantes com o muro/foxo da vedação de caça /captura:

Circundo do Castinheiro em São Jião de Gaibor (Begonte) na envolvente limitante de uma estrutura com forma de cousso, com toponímia frequente nestas formas.




Castinheiro Redondo lugar que fica na raia de duas freguesias, Santa Olaia de Moar (Frades) e São Martinho de Marçoa (Oroso), fazendo parte de uma grande forma de captura, talvez granja neolítica; Castinheiro Redondo talvez por estar na parte mais arredondada da forma.

Assim a ideia lançada que no indo-europeu nomes de árvores ou arbustos estão em relação direta com lugares lindantes seria isto outro caso mais.
Castinheiro / castanheiro, derivariam no fundo de este lexema kost- dos coussos de caça?


Castinheira de Santa Marinha de Carrazedo (Caldas de Reis), dando nome a uma parte de uma estrutura em forma de cousso.


Castinheiro na freguesia de Santa Maria de Adrão (-ám) (Marim).






Então, acho estarmos a observar divergências e especializações da palavra kost- para o primitivo nome do local de caça / captura, onde ocorre a guarda, a vigilância, onde ocorre o armazenamento, onde há um monte de ossos, onde há uma parede que encerra um espaço privativo, onde existe uma cabana/casa, onde é guardado o rebanho, onde acontece uma reunião, lugar kost- que está em um lateral.

Neste caso Costoia de São Jião de Grijalva (Sobrado dos Monges).
Pode ser percebido que todos estas palavras-conceitos kost- acontecem na estrutura do beco de caça transformado em beco de captura e comunicado com um lugar onde ter animais vivos encerrados?


Vilar de Costoia na freguesia de Porçomilhos (Oça dos Rios) fazendo parte de um cousso de caça.

Costoia de São Vicenzo da Granha (Ponte-Cesso)


Deixando a análise de topónimos Costa e voltando ao começo: Guriço ou Gurizo:

Prado e Branha do Guriço em São Martinho de Carantonha (Vimianço).




Guris / Goris de Santa Maria de Chaião (-ám) (Traço). Este Guris ao contrário dos outros lugares analisados é uma maior vedação, segue as regras das vedações de caça ou de catividade neolítica, onde a igreja está sediada em um dos seus becos.
Aqui a destacar o topónimo Obra, que aparece baixo várias formas associado a estas vedações, como Lavoura ou como foi indicado anteriormente "oculto" sob o orago "Santiorjo" ou tipo orjeira, orjo confundido ou confluindo com o cereal hordeum.
A observar que o topónimo do beco oeste Polveira pode ser um castelhanismo por poeira, pois estes locais dos becos costumam ter nomes tipo Terreo, Terreiro, Torreiro...., como em bastantes vedações analisadas neste blogue costumam aparecer.
Mas também poderia ter raiz em πολύπους (polúpous) "muitos pés", um lugar muito pisado.
Topónimo Fonte na ideia protoindo-europeia de correr, fluir antes do que na de nascente de água.
O interessante topónimo Cartos (analisado neste escrito, cognado do latim cardo).
Interessante também Tertemile no entorno da Igreja, que forma um curro quase circular frequente nos coussos evolucionados da caça com morte à captura, mas nas vedações neolíticas de catividade de animais semi-selvagens como local de gestão, mesmo de acobilho. O segundo lexema de Terte-mile analisado também neste blogue aqui.

Quero pôr ênfase em que percebendo a estrutura física da granja neolítica: os topónimos do lugar mostram uma total coerência. E repetir que a análise toponímica ligada com a topografia ajuda. Ajuda muito.


Se há toponímia para cousso de caça, captura ou tapada neolítica com raiz go- Guriço / Guriz seria de esperar com raiz bo- na ideia de serem derivados do protoindo-euroepu *gʷṓw?
Neste caso o Buriz:
São Pedro do Buriz (Guitiriz) também com forma de cousso e toponímia frequente a ele associada.





Buris na freguesia de São Romão das Encrovas (Cerceda), lugar assulagado e modificado pela minaria de Meirama. O nome de Belsar já analisado neste blogue com raiz no proto-céltico *wewlos, gaélico antigo bél "boca, morro. beiços".








Besteburiz de São Pedro de Minhotos (Ourol). Polas transformações da concentração parcelária não é tão evidente a forma de cousso, mas a sua localização e os desníveis, cômaros e divisões, marcados nos mapas vetoriais sim esboçam um possível cousso.

Outro topónimo do grupo seria Boiro?

Santa Baia de Boiro.

O caso chamativo do Bourago em Santo António de Paradela, Paradela de Arriba (Maceda de Trives), onde as paredes de pedra desenham um cousso evolucionado:

Pode ser vista uma estrutura de cousso partida, modificada, evolucionada para o pastoralismo.



Pode ser percebido como um funil de caça captura foi partido em diferentes recintos.
Bourago poderia estar nesta linha etimológica da hipótese de goiriz, goriza, boiro/bouro  com lexema raiz em boi.



O Bourês de São Miguel da Regueira (Jove), na ideia de ser do Bouro / boiro ou da Boura / boira, na ideia de ter o boi protoindo-europeu na sua raiz oral e física num ancestral cousso de caça. Observe-se a toponímia frequente.
A destacar Escadavela, na linha do topónimo cádavo, frequente nos becos ou braços de captura.

Há na freguesia de santa Marinha de Víncios (Gondomar) um lugar chamado de Boural, cadastralmente recolhido como Toural e Taural: Levaria a reflexionar que teria havido uma relação de raiz entre touro e boi?
Ou pola contra Toural / Taural é um tradução, latinização do antigo Boural?
Seja como for isto levaria a esperar estruturas de captura semelhantes aos Goiriz em topónimos do grupo de Toiriz:

Toirz em São Tiago de Piúgos (Lugo)


Tuiriz / Toiriz de São Salvador de Ínsua (Tabuada)



São João de Toiriz / Tuiriz (Vila de Cruzes).
Dá para reparar no nome de Madrosende, onde o primeiro lexema madro- pode fazer referência a uma matrix, confronte-se com madriz "caminho", podendo ser tautológico.
Madrosende também lembra ao grego antigo μᾰ́νδρᾱ (mándrā) "estábulo para gado", de um protoindo-europeu *mand- "lugar cercado, vedação, sebe", cognado do sânscrito मन्दुरा (mandurā)  "estábulo; cama".

Na freguesia de São João de Toiriz/Tuiriz podem ser intuídas as evoluções. de um primário cousso de caça em amarelo, e a sua modificação, aumentando o tamanho, e já no leste uma vedação posterior de catividade de animais semi-domesticados, granja neolítica, com o nome de Faifiãs no beco leste, e a igreja de São João, no lado oeste de esta forma semicircular.


Turiz de São Mamede de Oleiros (Vilalva)



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