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Os Arcos de São Pedro de Rocas e outros

 Arcos na toponímia tem sido analisado polo professor Moralejo, no Callaica Nomina; na rede pode ser consultado. Arcos para o professor estaria a dar nome a um recinto pecuário.
Resumindo a sua exposição:
1. A distribuição dos topónimos com base em arco na Península, leva-o a conjeturar que pertence à camada indo-europeia (imagem), porque está marcadamente ausente na zona oriental, supostamente a menos ancestralmente indo-europeizada, Se os topónimos arco tivessem uma origem no latim, a sua distribuição abrangeria toda a península. Isso sim, não desbota que haja toponímia de Arco latina ou medieval (romanços).

Tirado de  Callaica Nomina


2. Busca as raízes protoindo-europeias que estariam sob os topónimos de base Arco (ancestrais):
2.1. Arctos "urso".
2.2. Arcos (céltico) "rezo, petição" (raiz também divulgada como *ɸarsketi).
2.3 *areq- "proteger, encerrar, guardar" (confronte-se com o latim arceo, arx) (raíz também divulgada como *h₂erk-).

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Dos Arcos toponímicos galegos vai ser apresentado os Arcos de São Pedro de Rocas (Esgos), com a forma de cousso de caça, estrutura de captura de animais selvagens conhecida internacionalmente como Desert Kite.









Começando de oeste a leste
A Tapada dos Vidos: pode ser interpretada como uma tapada, na hipótese de cousso a funcionalidade seria a de funil. Vidos pode ser interpretado como árvore, mas nalguns casos poderia estar ocultando a raiz de vitelo. Para confrontar com o gaélico antigo báethán "vitelo, animal novo", derivado de báeth "simples, pouco inteligente; diz-se do animal rebelde, inocente".
Arriba da Cerrada é transparente, assim como Cerra, que fica na parte sudeste.
Tesoiras: teria uma origem no latim tōnsōria que deriva do verbo tondeo, que entre outros significados tem o de "pascer em".Tesoiras poderia ser um lugar de pastagem que chama pola manada selvagem a ir a ele. Também caberia pensar num possível funil, com forma de tesoira, em espelho ao de Arcos. 
Lameiro Velho: é transparente, mas quanto de velho é o lameiro? Segundo a hipótese aqui lançada seria um lameiro neolítico, ou do paleolítico final, um lameiro que seria o engodo para que a manada de herbívoros entrasse no cousso.
Aira do Curro: a destacar que é a aira central do hipotético curro.
Garpina e Gradina: são controversos por esse final em -ina, infrequente. Levam a pensar numa grade, também em garpocha "estaca para atar galinhas por uma pata" ou garpola / garipola "raminha", garpolo "árvore nova, sem ramos, em sentido pejorativo". De entre os significados de cratis latina estão os de "estrutura feita de vime; tapume, obstáculo" que aqui seriam condizentes. cratis então teria uma forma parelha garp- (garápio, garapinar, garámpio) talvez *garap-/*garats-?
No gaélico há as palavras graeipe e gràpa, que significam "forcada, forcada do esterco", em galego garápio "forcada para arrincar esterco". A etimologia mais divulgada de estas palavras gaélicas, graeipe e gràpa, faz que derivem do inglês, do germânico, e de um verbo que significa "agarrar".
A meu ver, a hipótese etimológica poderia ser outra, a que ligaria o galego garápio (garavata, garavato, garaveta, todos estes com raiz garav- e com o significado de forcada) e os gaélicos graeipe e gràpa, porque essa primária forca é apenas um galho de árvore (galheto) como a primária grade de gradar a terra é um ramalho que é arrastado sobre o terreo de lavrança.
Tapadão (-om): é transparente.
Os Poços está no caminho do vértice da hipotética caça ou captura, seriam os fossos.
Candedo: dá essa ideia de estar em relação com candeado, fechado, mas também poderia ter a ver com topónimos galaicos tipo Cando ou Canda, talvez aparentados com o asturiano cuendia "passagem" numa ideia de passagem estreita.
No céltico *kantos "esquina".
O sânscrito poderia ajudar a perceber os possíveis significados com a palavra कण्ठ (kaṇṭhá) "colo, pescoço, parte estreita, quer dizer o Candedo está no pescoço, no estreitamento da estrutura de caça, mas também no canto, na esquina.
Cantaruja, com ideia de cântara? Como recipiente final do cousso de captura? ou também relacionado como o apresentado para Candedo, sendo ambos os topónimos realizações divergentes da mesma raiz?
Refijoiro, poderia ser uma variação de refujoiro "refúgio".
Tapada do Calhão (-om), o significado de calhão poderia ter a ver com calhe, ou com o seu significado de "jorro, caudal".

Então esta estrutura de captura de animais, com forma arqueada, ligaria o protoindo-europeu *h₂erk- "encerrar" com *h₂erkʷos "arco",

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Levam o nome de Arçua duas freguesias, São Tiago de Arçua, e Santa Maria de Arçua.
Poderia ser pensado que advocação a Santa Maria é mais antiga, e que São Tiago teria sido posterior?
Ser São Tiago de Arçua (com nome de Burgo de Arzua no 1205) secundário, separado da inicial de Santa Maria? ou a separação teria sido mais antiga?


Santa Maria de Arçua, poderia ser interpretada como um cousso, *h₂erk-ona.




Arção (-om) de São João da Barcala (Avanha).



Santa Maria de Arcos (Chantada)








Santa Maria de Arcos (Antas de Ulha), aqui sim seria possível encontrar  mais de um arco, nessa disposição de muro partilhado.
Para destacar o nome de Nugalhãs, com o de Nogalhão (-om), fazendo referência aparente a nugae "piada, pessoa desvalorizada" ou à preguiça nugalha. Poderia também ter a ver com noga / noz?
A confrontar com Trás-o-Nugalho de São Martinho de Monço (Traço):



Este tema da nutrição nux, e dos grandes ossários "concheiros" associados a grandes armadilhas de caça, já foi tratado em diferentes lugares deste blogue, assim haveria uma mesma origem física para o lugar da nux, da nutrição, e do depósito dos ossos, o concheiro.


Neste caso Arcosende seria percebido como os casos de outros -sende já analisados neste blogue, que a etimologia mais divulgada considera uma partícula a fazer parte de antropónimos germânicos, e que neste blogue foi mostrada a possibilidade de serem de um estrato linguístico ancestral:  protoindo-europeu *sent-, proto-céltico *sentus "caminho, senda". Neste caso *h₂erko-senti "caminho do arco". 

Sobre São Pedro da Redonda (2)

 Este escrito continua a análise da toponímia da freguesia de São Pedro da Redonda associada à estrutura em forma de cousso que no plano sombreado se mostra:









Começo polo beco oeste:









Este beco apresenta-se como é frequente nos vértices de captura como lugar religioso, com o nome de São Roque e Prado de Eumelia.
São Roque  (um santo levado aos altares no século XVII) é um peregrino com bordão ou vara, que vai com um cão, a meu ver e podo estar errado, com o seu nome latino de Rochus, que o desliga de rocca?
Um ancestral pegureiro atrás de um rebanho? É coincidência a proximidade entre Rochus e arrocheiro?
Eumelia é uma das nove filhas de Callia, comumente chamada de Eufémia, nas crónicas galas como Dode, ou Doda.
Doda tem uma etimologia obscura, relacionada com o lugar na antiga Grécia de Δωδώνη (Dōdṓnē) que poderia ser interpretado como Δωδ- + -ώνη (Dōd- + -ṓnē) talvez como "filha de Doda, ou simplesmente de Doda". Δωδα atestado como nome grego feminino, dando nome a um local oracular, sendo sinónimo de Eufémia "bom augúrio"; nome que cobre Eumelia "melodiosa".
Isto leva a pensar que teria havido um lugar religioso oracular.
Cardalda, como alguns outros casos de topónimos tipo Cardanachama "Casa de dona Chama", Cardalda poderia ser uma forma de "Casa de Alda". Onde Alda, nome próprio, tem uma etimologia variada que nalguns casos vai dar a *h₂el- "medrar, nutrir".
Então a paisagem e interpretação toponímica, junto com a funcionalidade do beco do cousso, poderiam determinar um local religioso, onde o pegureiro (Roque, arrocheiro) é alimentado, e onde há um local oracular feminino.
Estivada: é um topónimo frequente que já foi analisado neste blogue, estivada pode ser um lugar de cultivo de cereal por roça, ou pode ser derivado de estiva no seu significado de sebe. Neste caso Estivada estaria a fazer uma das paredes do funil terminal de caça. Este nome de Estivada aparece também no bico do outro lado,
Prado do Defunto, no pensamento de poder haver ali uma mámoa ou um lugar de enterramento, como é frequente dar com estes lugares mortuórios nos becos dos coussos.
Prado do Cura, os terreos dos becos, entendo que pola continuidade religiosa, seguem a pertencer em muitos casos à Igreja.
Cruz de Quenge, a grande tapada, ou hipotético cousso, teria tido diferentes estruturações durante o seu funcionamento multimilenar, neste caso da Cruz de Quenge teria havido uma reforma que acurtaria o beco de caça.

Vai ser apresentada a toponímia do fundo de saco da estrutura em cousso:






Da toponímia apresentada apenas destaco As Antas, tão frequentemente transformado em Santas

Já o beco do leste:
  







O beco leste dificilmente é identificado, no seu hipotético lugar está o castro de Quenge.
Da toponímia do lugar destacar Cubelinhas como possível foxo de caça, quando o cousso foi variado na sua forma, em simetria com o apresentado acima como Cruz de Quenge:

Quenge, a toponímia mais divulgada propõe a sua origem numa *(uila) Calendii. Um possuidor de nome Calendius.
Lugar atestado como Queege no 1334.
Quenge, grafado à espanhola como Quenxe, está situado numa vaguada, pequeno vale relativamente fundo.
Chamativo é que na parte alta da caivanca, no nascimento do ribeiro que corre pola depressão, exista o microtopónimo: Caenlhe.
Este nome de uns terrenos como Caenlhe poderia estar a dar uma dica sobre a origem de Quenge?
Caenlhe ligaria com o variado grupo de palavras que levam em si a ideia de canal: caenlha, canlhe, canlhada, quenlha, quelha, quelho ....
Isto poderia levar a levantar a hipótese, a meu ver, e podo estar errado, que o par toponímico Quenge / Caenlhe poderia sediar na raiz protoindo-europeia proposta por Pokorny *kalni- "canal". (Confronte-se com as formas asturianas cuendia, cuenye...).


Estivada é um microtopónimo que se repete, que aparece também no outro beco.