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Durbed-




A extensão indo-europeia do durbed-  e druída poderia ser observada com o persa: درود  (dorud) "saúde, bençãos"?
Derivado do persa medieval drwd (drōd), “conforto, saúde,bem-estar”
Do persa antigo *druwatā-, de 𐎯𐎢𐎽𐎢𐎺 (duruva-), “seguro, saudável”
Do proto-iraniano *druwáh.
Compare-se com o avéstico 𐬛𐬭𐬎𐬎𐬀𐬙𐬁𐬝‎ (druuatāt̰), “saúde”,
Derivado de 𐬛𐬭𐬎𐬎𐬀‎ (druua-).
Aparentado com o antigo armênio դրուատ (druat) "eulógio, glorificação".
Relacionada esta raiz com proto-indo-ariano *dʰruwás,
Do proto-indo-iraniano *dʰruwás “afixado, firme, duro, robusto”
Do proto-indo-europeu *dʰru-wó-s, de *dʰer-us ~ *dʰr-éws + *-wós, de *dʰer- “suportar, suster” +‎ *-us. Com o sânscrito ध्रुव (dhruvá).
Cognado do avéstico 𐬛𐬭𐬎𐬎𐬀‎ (druua)
Antigo persa 𐎯𐎽𐎺 (duruva), “firme, certo”
Persa atual درست‎ (dorost) “saudável”.

O sânscrito ध्रुव (dhruvá) esclarece esta raiz:
Duradouro, constante, eterno, imutável; poste estaca; ponto fixo, estrela polar ....
Assim a divindade hindu ध्रुव, Durvá "constante, inamovível, fixado" é a divindade da estrela polar, do axis mundi.

O que leva a uma ideia de estar ligada a raíz do druida com a árvore-bosque do céltico e indo-europeu *derv-, *doru, com o Yggdrasil, também com a dureza como qualidade da sua madeira e a duração ou imutabilidade e daí com a sanidade.
Assim do proto-indo-europeu *dʰru-wó-s “suportar, suster”, seria também família o latim durus "duro" e a sua ideia temporal de perdurar, seria *dʰru-wó-s "suportar, suster" derivado da raiz de árvore  *daru e o céltico *derv, e também o lituano drū́tas “firme, forte”, ou o antigo inglês trum “fornido, forte, firme”.

No olho do furacão não há vento.

Acrescentando que:
Três antigas inscriçõns da Galiza e norte de Portugal, todas da Gallaecia Bracarense, amossam a evoluçom local do termo proto-Céltico:
*druwid- “sacerdote, druida” (cf. Matasovic) >
> *durwid- (metátese de /r/ em contacto com /u/ ou /w/, cf. Matasovic s. v. *tawr-) >
> *durbid- (cf. PIE *tawr- > PClt *tarw- > OIr. tarb “touro”; esta última evoluçom da-se tamém na inscriçom a MARTI TARBUCELI, de Braga, AE 1983, 562).

Estas inscriçons som:
D(IS) M(ANIBUS) S(ACRUM) / POS(UIT) IULI/A QUTI FI/LIO IULIO / FAUSTO {A} / AN(N)OR(UM) XXXIII / ET DURBE/DI(A)E NEP/TI SU(A)E CA/RISSIM{E}/IS MEIS (Vigo: HEp-15, 00307)

CELEA / CLOUTI / DEO D/URBED/ICO EX V/OTO A(NIMO) [L(IBENS?)] (Guimarães: AE 1984, 00458)

LADRONU[S] / DOVAI BRA[CA]/RUS CASTEL[LO] / DURBEDE(NSE) [H]IC / SITUS ES[T] / AN(N)O/RU[M] XXX(?) / [S(IT) T(IBI)] T(ERRA) L(EVIS) (AE 1984, 458)

Quem divulgou as inscrições anteditas, Cossue no seu blogue Fror na Area.
Explica magistralmente a evolução desde o étimo do "guru" da etimologia céltica Matasović.


Mas segundo a hipótese lançada aqui a forma galaica seria a mais antiga e plena durbed- está mais perto da raiz do que o étimo hipótético de Matasovic *durwid-.

O étimo proposto por Matasovic *druwid-, estaria formado polo lexema de carvalho nas línguas célticas mais o lexema de conhecimento, visão.

Assim carvalho tem esta linhagem nas línguas célticas:
Hipotético britônico: *dar / *derv-
Antigo bretão: dar, daeru
Bretão: moderno deru, antigo daeru.
Córnico: dar, derow
Galês: dâr, derw, (forma antiga deruos)

Gaélico antigo: dair, daur
Gaélico irlandês: dair
Manquês: darragh
Gaélico escocês: darach

O que leva a uma hipotética forma céltica original (segundo a escola do Geiriadur Prifysgol Cymru (Dicionário da Universidade do Gales) a um étimo do proto-céltico *derv- "carvalho", condicente com o proto-indo-europeu *dóru "árvore, madeira".

Quanto a sabedoria, conhecimento, o outro lexema da palavra druida/durbed-, no suposto étimo que considera Matasovic *druwid-, seria o elemento *wid-, teria a ver com as hipotéticas raízes proto-indo-europeias, no céltico *wid-, *windeti ou já proto-indo-europeu *weyd- "ver, conhecer", este segundo lexema raiz não cria dúvidas.

Assim, para a família dos druidas, é suposto ter havido uma forma plena: *derv- / *doare- do Geiriadur Prifysgol Cymru (Dicionário da Universidade do Gales ) mais *wid- / *windeti:

Pode ser percebido que a forma proposta por Matasovic *druwid-, não é condicente com o lexema carvalho nas línguas célticas; que é nos mais dos casos pleno *dara- ou dar- e nunca *dru-.
Os arriba referenciados: deru, daeru, derrow, derw ....com a linha do proto-indo-europeu também pleno *dóru "árvore" fazem não estáveis os alicerces do lexema do étimo primário que Matasovic propõe *dru- que não tem base mais que como variação por elipse d'ru- / daru- ou derv-.
O que faz evidente que atrás da síncope gramatical que o étimo de Matasovic apresenta *d'ruwid, teria havido uma forma plena *dOruwid ou *dEruwid, que aprece nos galhos britônicos (galês e bretão: derwydd e dorguid) praticamente transparentes na sua composição com os étimos propostos de grande consenso para carvalho e visão, conhecimento: *derv- e *wid.

Também Pokorny esclarece que o lexema de carvalho/árvore é variado e não apenas *druv-:
deru-, dō̆ru-, dr(e)u-, drou-; dreu̯ǝ-, drū-

Castro? Vai de ida ou vem de volta?


Os Pendelhos de Agolada (https://www.flickr.com/photos/aamaianos/7889151370/)


Esta estrutura da foto tem nomes em galego de calôstria, encastra e encuastra.
A etimologia latinista faz derivar estes nomes de claustrum ou do seu plural claustra.
Em certa forma os pendelhos de feira semelham claustros de mosteiro, pavilhões abertos por um dos seus lados.
O passo de clausta a calôstria, não semelha muito forçado, apenas pola aparição de um -a- metido no fonema /kla/: *calaustra e um -i- no fonema final: c(a)lôstr(i)a, e uma licença que é que o ditongo latino -au- mude em -o- e não no comum -ou-.
Encastra e encuastra já são mais difíceis de meter como descendentes de claustra, mas há uma forma antiga medieval caustra ,com outras como cabstra, castra, crasta, crastra, clastra, clasta, craustra, claustra, claustro, calostra, cuastra; formas medievais que poderiam explicar encastra, e encuastra seguindo o paradigma da etimologia latinista derivativa.

Desde outra hipótese, claustra latino e as formas galegas calôstria, encastra e encuastra e a série medieval poderiam ter um étimo comum tipo *(en)kwalastra.
Nesta hipótese de um étimo comum a claustrum e calôstria estaria também a palavra calustra / caustra que dá nome ao hôrreo.
Uma das cousas chamativas deste grupo de palavras que levou a lançar esta hipótese etimológica é que a palavra caustra, além do significado medieval de claustro de igreja, mosteiro, tem os significados de:
- cova, tobo de animal selvagem.
- cova; conduto baixo terra.
- alpendre, pendelho de uma casa de lavrança.
- cabaceiro, espigueiro, hôrreo, com as formas pares de: calostra, calustra.
Também calustra é chamativa pois significa:
- congostra
- hôrreo

Foto tirada de Hórreos de Galicia (https://horreosdegalicia.com/estilos/).


O significado de lugar de abrigo de animal selvagem é talvez o mais chamtivo, que bem poderia ser um corrimento desde o lugar de abrigo humano a lugar de abrigo animal, ainda que semelha mais velho e primário ao ser comparado caustra "tobo" com os significados antigos ou primários da claustra/claustrum latinos "barra, vedação; portão, porta, baluarte; espaço confinado".
Onde há uma distância entre a ideia latina de construção em barreira, com paus e a ideia antiga de cova na terra, que leva em si caustra (*kwalastra), que teria um alicerce no sumério  𒇥 (kalak), “escavação, rego, trincheira, cave que serve de armazém", a confrontar com calaita e calicata regos no galego, as mais plenas calostra, calustra "hôrreos" e assim como as formas tipo calhostro "barranco feito por águas torrenciais", onde já o *kwala vira em *(en)kwalla, com toda a família das palavras do grupo de calhe, o significado de calustra/calhustra como congostra é para pôr aqui. Também o gaélico clais, clas, claise, clais, claisi, clasach, claschanna, chanamhuin, clasach, clasaigh, com os significados de "sulco, vala, trincheira; cova; buraco no que é feito lume para cozinhar; sepultura; por extensão, produto da terra, da agricultura que é desenterrado; dá nome a partes do corpo que tenhem sulcos ou covas, as reganhas (confronte-se com caluga).
Poderia ser percebida a plurivalência de calustra desde a ideia de abrigo (hôrreo) à ideia de "rego" (congostra) como uma divergência muito antiga da primária cova *kwala.
Caustra põe também em relação a armazenagem em cova, o silo ou tulha e a armazenagem em hôrreo, com um fio condutor que seria a hipótese da raiz *kwala subjacente na palavra caustra (*kwalastra).
No hitita a palavra akkala dá nome ao rego do arado, a um rego fundo, uma vala; e a palavra appala "armadilha, foxo de caça, cilada".
Neste bloque já se tem escrito sobre o par pala e cala: Pala "cova da troita" na Galiza (e cova ou abrigo simples nas rochas e outros significados) e cala "cova da troita" nas Astúrias.
     
Caliostra, topônimo ao pé de Castro Portela (freguesia de Vila Mor em Folgoso do Courel)


Então antes da palavra claustrum latina "barra, vedação; portão, porta, baluarte; um espaço confinado" teria havido a palavra *kwalastra  com os mesmos significados e mais também o de pendelho, habitação rústica e simples?
Onde *kwala-str-a modificativo de *kwala, onde *kwala teria o significado paleolítico de "cova-casa".
Está-se no paleolítico-neolítico, onde a *kala seria a cova, mas o cabanote é uma *kwala secundária ou uma *kwala-feita, onde -stro / -sto, é sufixo de "criação", ou -sto, sufixo de particípio (irregular), "que foi feita *kwala", "cova feita".
Então desta *kwalastra, haveria os descendentes claustra "fechadura, barra, barricada; portão; baluarte; obstáculo", e no galego calôstria, encastra, encuastra.... E haveria uma forma em p (celta-q, celta-p) com o grego παλαίστρᾱ (palaístrā), palestra,  que semelha distante do suposto significado inicial de "cova-feita" mesolítica.
Mas logo irá sendo explicada.


Já foi visto em diferentes escritos anteriores a estruturação do espaço pecuário no mesolítico-neolítico e como isso chegou até hoje:

Vedação pecuária para animais semi-domesticados, com um espaço habitacional arriba e um espaço "sacrificial" a baixo. Um extremo redondeado e outro afunilado.



Este é um modelo típico do sistema de chousas que na Galiza aparece (podem ser vistos nos escritos: Cortiças, Fernandinho, Vessura, Algária...).
A ambos os lados do espaço propriamente pecuário costumam aparecer duas áreas habitacionais, uma atualmente religiosa, com igreja ou cemitério e outra "senhorial" ou defensiva ou de vigilância, com um atual paço ou casa grande, por vezes com toponímia Torre.
Na cidade de Roma o espaço religioso seria facilmente identificável na colina Capitolina, ou no sul dela no Forum Bovarium, com a Ara Máxima. Parte religiosa que poderia ter a sua contraparte militar no Monte Célio (Caelian Mons) ou no monte Ópio (Oppius Mons).







Chousa primeira neolítica que marca ou urbanismo, na imagem sobre a Compostela medieval e a Compostela do século passado.
Com topónimos como Algália ou Toural.
No estudo dos curros neolíticos e a sua continuidade, os locais de feira costumam estar no bico do chousão.
A razão é que o bico do chousão seria como uma trapela onde era possível reunir o gando semi-domesticado, pola sua forma de funil, como as armadilhas para captura de animais corpulentos selvagens que há polo mundo.
Compostela medrou uma grande chousa, posteriormente partida, uma a norte: Algália, e outra a sul: Toural, da que falta o seu bico mas que pode ser percebido que foi cortado pola dupla muralha que existiu na rua de nome Entre Muralhas. Como também a muralha do bispo Sisnando cortou o chousão norte ao meio. A chousa sul deixou toponimicamente o nome do Toural; esta chousa sul o seu pico bem poderia acabar na praça da Estrela e talvez numa funda corredoira na altura, a atual Carreira do Conde.
A ambos os lados na parte média estaria o castro (Rua do Castro) e está a
Corticela, e Quintana lugar sacrificial e tumular.
Isto também explicaria o nome da Quintana com a sua função funerária já neolítica, pois os enterramentos humanos crematórios em culturas do gando eram feitos dentro dos recintos pecuários, como também incineradas as vacas.



Jerusalém, a chousa pecuária envolvia o vale, cárcova, dos tyropoiōn, Tiropeon "dos queijeiros", em grego των τυροποιων. Chousa que tem a um lado o lugar sacrificial, o templo, primária taberna do chefe pastor, chamada por Roma tabernáculo, lugar da arca; e ao outro lado o local de poder, a Torre posterior de Herodes, antes paço e torre de David, do mesmo jeito que tantos chousões neste blogue descritos.





























Na Lupercália:
Na cova da loba amamentadora do Rômulo e Remo era feito um ritual de passagem da adolescência no mês de fevereiro; no rito da Lupercália durante um tempo os nenos que iam ser adultos moravam nos bosques de jeito auto-suficiente. Este passo ritual no mundo gaélico poderia estar nas fianna.

Quem cuidava das vacas na irlanda foi um buachaill.
Palavra de um hipotético protocéltico *boukolyos, (a confrontar com bucólico).
De um proto-indoeuropeu: *gʷṓws (vaca / boi) e *kʷel- "casa, paliçada"
(Onde o par kʷel-/kʷala, teria um desenvolvimento grupo de cela, celeiro, e como é visto mais abaixo na esculca de qala, também aparece).
Assim no bretão buguel é o pastor, que derivou em significar também "neno".
Em galês a palavra bugail, De bu "vaca" e cail "rebanho".
Em córnico: bugel.
A palavra galesa cail como rebanho é-lhe dada uma origem no latim medieval caulae com o mesmo significado, mas com um significado no latim clássico de "sebe, paliçada", de onde correu para o guardado dentro da sebe.
Então caulae poderia ser percebida da raiz que  *kwala?

Aparentemente o cuidado do gando foi cousa de nenos até um passado recente, mas o cuidado do gando semi-selvagem, antes da sua domesticação plena deveu ter sido cousa não doada, difícil, que requereria o trabalho de um grupo de pessoas.
Grupo de pessoas que cuidariam que os animais não fugissem das zonas de pastagem, e que  regressassem à noite a uma vedação segura.
Assim poderia ser percebido o passo de criança a adulto como um passo de paleolítico a neolítico, o adolescente sobrevive no bosque com a caça e alimentos ventureiros, e passa a sobreviver numa vida de adulto com o cuidado do rebanho e a agricultura.
Daí a diferença entre o Gopala e o Govinda.
Mas há também a necessidade de que haja uma parte de adultos que se dediquem à defesa e cuidado do território.

Guerreiros massais, na tropa desde os doze até os vinte e cinco anos, a defenderem o território pastoral.

Aqui então é percebido o porquê da grega παλαίστρᾱ (palaístrā), palestra, hoje percebida dentro do campo léxico do ensino, no tempo grego clássico como escola de luta ou uma arena de combate, já no latim como escola de luta livre; ginásio; escola de retórica, escola de arte; habilidade; destreza; e finalmente como bordel.
Assim podemos perceber o que foi a inicial escola?
As línguas germânicas ajudam:
No inglês são dadas duas linhas etimológicas para a school "escola" e "grupo":
A greco-latina schola, scola, com os significados de lazer, folga, de local de aprendizado, de alunado, grupo seguidor de um mestre, mas também dava nome à guarda militar pretoriana.
Por outra parte school em inglês e nas línguas germânicas tem o significado de multidão, de cardume. Na língua holandesa medieval scole "multitude, tropa de gente, bando, rebanho de animais", no inglês medieval além destes significados também dava nome a uma hoste.

A etimologia mais divulgada de escola com o latim e grego como fontes remete a um proto-indo-europeu *(s)kleh₂w- / (s)kaleh₂w-, que neste escrito é levado a um passo anterior que teria sido o fio aqui desenvolto de *kʷel-/*kwala.

Neste blogue também foi descrita como essa primária estruturação do espaço pecuário galaico tem uma forma de evolução que é a da aparição do castro que costuma estar ligado umbilicalmente por um caminho com o lugar religioso, antigamente se calhar sacrificial, mais alargadamente relatado no escrito "A nespra e o bispo".

Então o castro como "novo espaço" poderia ter aparecido quando as funções da caste caçadora, posteriormente pastoril-guerreira, tivessem sido relaxadas no que é o controlo de depredadores (o leão previveu por aqui até o Bronze), ou na defensa dos lugares de pastagem (pois já se teria chegado, depois de alguns milénios, a uma certa estabilidade territorial de cada unidade pastoral).
Então a cabana que controlava o território desde o alto de um monte onde estavam os vigias, a *kwalastra, poderia ter virado num lugar "militar" ou de "manufatura".
Esta *kwalastra na evolução fonética poderia ter gerado a palavra *kwa(l)astra, castra.
Assim o castro galaico ou latino seria a evolução no tempo do pendelho dos guardadores do rebanho que pudo derivar em lugar militar (ideia latina), ou em lugar habitacional militar e de pessoas que não viviam diretamente da agricultura e gandaria (ideia galaica).
Que supõe isto? Que a palavra castro teria uma caída do ele intervocálico e daí seria espalhada para o mundo latino, caída do ele intervocálico própria do galaico-português, talvez com uma nasalação prévia, ou uma outra marca fonética sobre a vogal, cãstro.

Por exemplo nas línguas orientais:
Já no armênio medieval: կլայ (klay) "forte, castelo", no Persa: قلعه‎ (qal'e), no azerbajano: qala, no bengali: কেল্লা (kella), no hindi: क़िला (qilā), no  urdu: قلعہ‎ (qila), no cazaque: қала (qala), no turcomeno: gala, no uzbeco: qalʼa, no turco otomano: قلعه‎ (kalʼa, kalʼe), no turco: kale, no uigure: قەلئە‎ (qel'e), na língua pachto کلا (qala) todas com o significado de castelo, fortaleza.
Podemos pôr a fala da gíria kel, ou kelo com o seu significado de casa aqui à par?
Este grupo de palavras é pensado serem de origem semita pelo árabe قَلْعَة‎ (qalʿa) "castelo, fortaleza". Mas aqui é proposto que o fio vem de mais longe de um substrato primário do mesolítico-neolítico onde *kwala deu nome a esta estrutura pecuária, que na diversificação, expansão e generalização na Eurásia deste sistema de vida acabou dando significados específicos ou derivativos.

Isto pode ser explicado observando esta estrutura pecuária que se repete em muitos lugares galaicos, onde há o topónimo torre que polo comum ocupa o mesmo lugar:


A freguesia de Santa Maria de Abadim segue conservando a estrutura neolítica, com o que foi um antigo grande curro pecuário, com dous locais humanos principais: um a sul de sacrifício e tumular que ocupa hoje a igreja e o cemitério, e outro a norte de vigilância e poder, hoje toponimicamente Torre.

Então nestes locais pecuários próprios do boom neolítico a *kwala habitacional antiga daria lugar à قَلْعَة‎ (qalʿa) árabe, mas também à قلعه‎ (qal'e) persa e às desse grupo, com o significado de "castelo ou fortaleza", e outros que serão comentados mais abaixo.

Também no galego toponímico ficam os rastos da *kwala habitacional antiga, na sua linha p-, no palatium, palácio paço, que tratou  na Callaica Nomina o professor Moralejo, e que em estruturas similares a de Santa Maria de Abadim ocupam o local da Torre toponímica.
Assim o monte Palatino tem uma certa duplicidade pois por uma parte é o lugar da pala, da cova e por outro é o lugar que derivou no palatium pecuário do bronze, e posteriormente no palatium lugar palaciego.



Então a grande chousa da Roma neolítica é partida, é vessada com o arado de relha de bronze por Rômulo em três pedaços, deixando no meio o Palatino.
Quer dizer a utilidade da grande chousa, chegada a época do Bronze, desaparece porque a pecuária já não é de animais semi-selvagens e passa a ser de animais domésticos, pola seleção e pressão genética milenar que a humanidade tinha feito sobre os animais, que na mansidão não precisam de estar enclaustrados.

O pendelho, calôstria, encastra ou encuastra da tropa caçadora, posteriormente pastoral, muda:
E isto ficaria registado na transformação da *kwala ou *kwalastra em "cidadela"  ou castro isento de ideia de exclusividade militar, como briga, espaço primeiro urbano na Gallaecia e área celto-atlântica, e por quase toda a Europa, do mesmo modo como atualmente no arménio քաղաք (kʿałakʿ) "cidade" ou ainda de um substrato anterior como no curdo central transliterado como kellek com o significado de pedras empilhadas ou muro de pedra seca, (confronte-se com os lugares do Bronze ou Neolíticos na Galiza com o nome de Pedreira), também na ideia de lugar habitacional no pachto کلی‎ (këlay) "vilar", ou no basquir ҡала (qala) "cidade".


Casa neolítica reconstruída na ilha de Jersey:
https://www.jerseyheritage.org/news/official-opening-of-neolithic-longhouse-

Tem certa semelhança com um tipo de choça que há no interior peninsular chamadas nas falas castelhanas: taina, teina, tenada ou tinada.
Nas Astúrias esta palavra tenada ficou para dar nome à palheira, a um local onde guardar o feno ou a palha.
No galego: tanada "pendelho, alboio, alpendre".

Taina na província de Sória.



Tenada toponímica no concelho de Madrigalejo del Monte (Burgos). Pode ser intuida a forma da vedação pecuária e a sua posição referenciada com o local da Igreja de Montuenga.


Este grupo de palavras taina, teina, tenada ou tinada. é crido derivarem do latim tignum "tronco de árvore, madeira de construção".
Tignum derivaria de um proto-indo-europeu *steg-nom, onde *steg- é cobrir (confronte-se com Taibó a casa do boi):
Assim as palavras taina, teina, tenada ou tinada. seriam aparentadas com os topónimos galaicos de base tei- ou tai-, gaélico tigh "casa", e mais dificilmente derivadas de tignum, fazendo parte de um substrato anterior à romanização.





Uma evolução deste primitivo assentamento humano podem ser as casas em U dos vales de Ḷḷaciana e Bábia:


https://repositorio.uam.es/bitstream/handle/10486/8711/46447_9.pdf?sequence=1&isAllowed=y




Medina Bravo en su ensayo sobre la geografía leonesa, realizado en los años 20, reseñó la casa de paja de planta semicircular de Laciana y Babia, reflejada en una conocida maqueta conservada en el museo de Los Pirineos, en Lourdes. Se dispone en arco formando un corral delantero donde se sitúa el hórreo asturiano, dando al mismo un pequeño pórtico rehundido, coronándose los dos extremos del edificio con sendos testeros escalonados que sirven de remate a la cubierta de dos aguas, realizada en “cuelmo” o paja de centeno. Sin embargo debe entenderse esta maqueta como una reconstrucción idealizada, pues tanto el ejemplar representado, como otros ejemplares existentes nunca tienen esta forma perfecta semicircular, sino en una de U ó L más o menos irregular y con esquinas ligeramente redondeadas en una o dos plantas, siendo lo más habitual lo primero
https://www.cuatrovalles.es/librosflash/guianpatrimonio/files/assets/common/downloads/publication.pdf




















Estrutura de captura, caça, ou grande tapada, nas freguesias de Piadela e Requião (-ám) (Betanços), com duplicidade do nome castro, no lado oeste um castro que não chegou ao desenvolvimento do Ferro, no leste o Castro de Janroço, ou as Croas.


Estrutura de caça similar com também duplicidade do topónimo castro, do que apenas o Castro do lado leste chegou ao desenvolvimento da idade do Ferro.
Na freguesia de Santa Maria de Xobre ou Santa Maria do Manho (no Caraminhal).



Estrutura em forma de cousso evolucionada a grande tapada em Santa Maria de Castro Feito (no Pino) com toponímia Castro nos dous lados do cousso, sem que haja associado ao lugar um castro do Ferro.


O Castro, terras no lugar de Livioi de São Martinho de Armental, em uma estrutura hipotética de caça, evolucionada a granja neolítica, sem que haja no lugar um castro na ideia de briga.



Os Castros de São Vicenzo dos Vilares (Guitiriz), também ali onde não há restos da briga da idade do Ferro, no beco de uma estrutura em forma de cousso de caça ou da sua evolução neolítica a granha / granja.




Castro, no beco de uma estrutura em cousso, na freguesia de São Vicente de Marantes (Santiago de Compostela).




Castrinho, castro do Ferro no beco de uma estrutura em couso na freguesia de Fião (-om) (no Savinhão).



Castrinhos de Dorrão (-om) (São Genjo), onde não há castro, mas sim uma forma de cousso com toponímia condizente.

Castro na estrutura de Soúfe de São Jião de Cavaleiros (Tordoia)