Budeiros de São Salvador do Couçadoiro (Ortigueira). |
Neste blogue estão sendo analisados os antigos curros pecuários, chousas de suposta origem neolítica, e a sua toponímia.
Neste caso aqui apresentado é o lugar de Budeiro, também chamado cadastralmente Vidueiros.
A origem de budeiros poderia ter origem no lexema base *wo- "vaca" mais divulgado no proto-indo-europeu como *gʷṓws.
Esta relação entre o Budeiro e Vidueiro leva à dúvida de se alguns topónimos variaram o seu nome de Budeiro a Vidueiro sob ultracorreção?
Sobre o topónimo Vidueiro e a sua relação pecuária, o bloque Arqueotoponímia explica:
....vitularium, "stabulum vitulorum, seu locus ubi propter aeris intemperiem collocantur vituli" (Glosario de Du Cange) = aprisco para becerros, donde por las inclemencias del tiempo se resguarda a los becerros. En el mismo glosario se facilita este ejemplo de 1341: "ad faciendum brandas, falhas, cabanas, ovilia, Vitularia et cortilia.
Outra hipótese sobre Budeiros é que poderia derivar de bode, bodeiros, lugar caprino.
A etimologia de vitelo, vitulus é feita derivar do protoindoeuropeu *wet- (“ano”), com o hitita wett- "ano", grego antigo ἔταλον (étalon) "animal novo, anelho", albanês viç "bezerro", inglês wether "castrão capado, carneiro capado", escocês weddir, woddir, wadder, holandês weder, weer, alemão Widder “castrão capado, carneiro capado, carneiro inteiro”, sueco vädur “castrão capado, carneiro capado, carneiro inteiro”, islandês veður “castrão capado, carneiro capado, carneiro inteiro”.
Desta linha do protoindoeuropeu *wet-, no galego estaria a palavra vidente, que dá nome ao gado ovino.
O bode galego pode estar aqui como descendente direto do protoindoeuropeu *wet-?, ou como a linha etimológica anterior a ele:
Bode poderia relacionar também o protoindoeuropeu gʷṓws- / *wo "boi / vaca" por uma forma *wo-the?
Devido ao par bodalho / godalho o étimo poderia ser tal que *wo-the-ako-ulus, (mais alargadamente explicado no escrito "Gundim").
No galego gudalha e godalha dão nome à cabra nova.
Godalha também dá nome à porca.
Quanto godalho: dá nome ao macho cabrum, e também foi nome medieval de um oficial de justiça.
Ponhamos um ao lado do outro o galego godalho "aguazil" e nome no latim medieval do aguazil bidellus, bedellus, pedellus.
Assim é entendido que o godalho, aguazil *gothaculus e a godalha *gothacula, seriam um qualificativo adjetivo tipo *vacadinha, *vaquinheira *rebanhoso, *rebanheiro.
Confronte-se que bodalha e bodalho dão nome aos porcos.
Isto ligaria a figura do godalho aguazil com o briugu, do mesmo jeito que o nome obrigado, o carniceiro encargado de fornecer de carne a uma população, mas também o encarregado de executar as penas judiciárias, o algoz, ou verdugo.
Entenda-se também que no sânscrito गोधन (godana) dá nome a um rebanho de vacas, grande granja de vacas.
Segundo isto, o povo godo teria uma etimologia tal que goth: *go-th, *go-to "da vaca, do boi"?
Vão aqui algumas palavras do sânscrito derivadas de *go, *gʷṓws- que podem esclarecer a toponímia, e da organização neolítica do primeiro pastoralismo:
गोता (gota) vaca
गोता (gota) vacum
गोत्रा (gotra) rebanho de vacas; curral de vacas, estábulo; barreira, valado; multitude;
गोत्रा (gotra) caminho, estrada, confronte-se com o gaélico bóthar "caminho" e galês godaith (go-taith), de um protocéltico *bow-itros "o itinerário do boi".
गोत्रा (gotra) tribo, família, clã, linhagem
गोदा (goda) presenteado com vacas
घोष (gosa) paragem de pastores
गोशाला (gozaia) estábulo de vacas
गोष्ठा (goṣṭhā) "lugar para guardar as vacas, estábulo", aparentado com o galês godai / gody de go-tŷ "vaca-casa", por um protoindo-europeu *gʷṓws-*tegos
गोधायस् (godhaias) que promove ou favorece o gando vacum
Voltando a godalha e godalho haveria a possibilidade de ser uma palavra sufixada em base a *go "vaca" e *gotha "da vacada, *vacadeiro, *rebanhil", e daí *gothaculus: *gotha-aka -ula: pertencente ou relativo ao da vaca, pertencente ou relativo à vacada, ao rebanho: "do rebanho".
Godalho seria pois um nome pastoral, um pastor com relativa hierarquia, mando ou poder de decisão, que no devir da continuidade acaba como aguazil? (Sobre o pastor como administrador de justiça: vide "Fafião").
Assim: o godalho galaico "aguazil" teria o par no latim medieval bidellus, bedellus, pedellus.
Com a mesma raiz pecuária (bode / vitelo, *wet-) mas talvez divergentes de muito atrás, já neolíticos.
Divergência, distância que pode ser observada olhando a etimologia mais divulgada de estas formas latinas bidellus, bedellus, pedellus: que derivariam de uma forma hipotética frâncica *bidil "candidato, pessoa que se apresenta voluntária", do proto-germânico *bidilaz "buscador", de *bidjaną "perguntar, pedir, suplicar” e no frâncico *budil "arauto, mensageiro, heraldo, bedel, zelador guardião de uma igreja", do proto-germânico *budilaz "arauto, heraldo, mensageiro" com o par do antigo alto alemão bitil "candidato" e butil "bedel", alemão atual Büttel, antigo inglês bydel "oficial de justiça, arauto, bedel". Atual francês bedeau, "sacristão".
Confronte-se com buxeu "castrão / carniceiro, verdugo", buxão, bucheiro, e com o francês boucher, com o provençal botchí e com o catalão botxí, dando nome ao carniceiro que também faz de algoz, como o antigo obrigado galaico.
Baile Bhúiséir "Vila do Açougue, do Matachim, do Bucheiro" no condado de Ceatharlach / Carlow.
Búséir é uma palavra no gaélico tida por origem no anglo-normando bucher.
Neste caso a paisagem é neolítica, numa estrutura de cousso de caça, e o topónimo estaria a conservar o nome do lugar da matança, ou o nome onde residia o encarregado da preparação do animal caçado, da desmancha.
Búséir é uma palavra no gaélico tida por origem no anglo-normando bucher.
Neste caso a paisagem é neolítica, numa estrutura de cousso de caça, e o topónimo estaria a conservar o nome do lugar da matança, ou o nome onde residia o encarregado da preparação do animal caçado, da desmancha.
Binn an Choire "Bico do Fojo"
Ráth na Sionnach "ráth do Raposo", mas é para salientar que sionnach deriva do proto-céltico *senūnākos de *senos "a pessoa velha, o ancião", assim o raposo tem o epíteto gaélico de "o velho, o do velho", Ráth na Sionnach poderia ser o ráth da (pessoa) velha.
Baile Corróg "Vila do Fojo"
Áth Uaitéir; áth é vau, espaço aberto entre dou objetos; como aqui é observado está na parte central do hipotético cousso, na sua boca. Quanto a Uaitéir, é a forma gaélica de Válter. Neste blogue já têm sido analisados os topónimos do grupo Baltar, chegando à mesma conclusão que a toponímia do cousso indica, no que Uaitéir, tido por germânico, a sua origem seria protoindo-europeia, balt- como território privativo. Assim o cousso de caça aparece como uma das primárias apropriações territoriais.
An tSeanghráinseach "A Granja Velha".
Gleann Óg "Vala, rego novo".Ráth na Sionnach "ráth do Raposo", mas é para salientar que sionnach deriva do proto-céltico *senūnākos de *senos "a pessoa velha, o ancião", assim o raposo tem o epíteto gaélico de "o velho, o do velho", Ráth na Sionnach poderia ser o ráth da (pessoa) velha.
Esta família do latim e germânico do *bʰewdʰ "bedel", tem o par galego próprio budel "guardião de igreja".
Todo este grupo derivaria de uma raiz protoindoeuropeia *bʰewdʰ- "estar atento, ser esperto".
Esta raiz poderia ter a ver com o proto-céltico *wēdus "selvagem", raiz etimológica que daria o nome do cervo e divindade no gaélico escocês fiad?
Poderia haver relação entre as palavras de hipotética base *wet- "vidente, ovelha, gado menor, gado de um ano, carneiro capado" e o *bʰewdʰ "bedel", como sim há entre godalho "aguazil" e godalho / bodalho (bode) "animal"?
O gado vidente e a vidência?
Assim o budel são os intestinos as entranhas, e o budel também é o guardador de igreja, o bedel o sacristão.
O budaque é o buçaque, o glutão, o buçaco, ou bujato, a águia-de-asa-redonda, (Buteo buteo), o milhafre, (Milvus migrans e Milvus milvus).
Estas palavras relacionariam a prática da vidência, com o poder do chefe, neste caso pastoral, mas analisando o topónimos de raiz budel, poderiamos pensar que a palavra é do paleolítico-neolítico pois aparece nos bicos dos coussos de caça (Vide o escrito Bubelo).
São Tiago de Mudelos (no Carvalhinho) no bico sul de um hipotético grande cousso. A destacar: a Bubela dá nome ao lugar de caça à espreita, ou caça passiva, a um dos becos sem saída do cousso.
Na ponta norte: Pacinhos, o que dá uma ideia de que o primário palátio não foi pecuário, mas de caça.
Na ponta sul está a sede da freguesia, como é comum em tantos coussos: Mudelos que poderia apresentar uma possível relação com a raiz budel-.
Hipotético cousso em Pastor (no Pino) com dous topónimos Budelos, que condiriam com o explicado a seguir sobre a sua etimologia e origem.
O sânscrito pode ajudar com a palavra बुद्ध (buddha), “acordado, esperto, esclarecido” (o Buda).
Confronte-se com as palavras célticas em volta da rainha Boudica:
Galês Buddug, irlandês Buaidheach, que são derivados do hipotético adjetivo feminino *boudīkā "vitoriosa", que derivaria do proto-céltico *boudā "vitória" ; hoje no gaélico irlandês bua (antigo gaélico buadh) "vitória", gaélico escocês buaidheach "vitorioso; eficaz, verdadeiro", galês buddug, buddugol "vitorioso', buddugoliaeth "vitória". Onde haveria um traspasso da ideia de herói, heroína como simples chefe caçador a epíteto magnificente, do tipo atual "meu rei".
O Búdio Velho na freguesia de Queixeiro (Monfero), com a típica forma de cousso de caça passiva, no nascimento do rego da Vaca, encaixado em um val da Serra de Queixeiro.
Búdio nesta zona é nome da árvore do vidoeiro, mas neste caso Búdio poderia estar na génese da raiz *gotho / *botho inicial "da Vaca", como o rego da Vaca que nele nasce.
Búdio Velho que observado em maior ângulo podemos ver que tivo tempos no que foi meirande:
O budaque é o buçaque, o glutão, o buçaco, ou bujato, a águia-de-asa-redonda, (Buteo buteo), o milhafre, (Milvus migrans e Milvus milvus).
Estas palavras relacionariam a prática da vidência, com o poder do chefe, neste caso pastoral, mas analisando o topónimos de raiz budel, poderiamos pensar que a palavra é do paleolítico-neolítico pois aparece nos bicos dos coussos de caça (Vide o escrito Bubelo).
São Tiago de Mudelos (no Carvalhinho) no bico sul de um hipotético grande cousso. A destacar: a Bubela dá nome ao lugar de caça à espreita, ou caça passiva, a um dos becos sem saída do cousso.
Na ponta norte: Pacinhos, o que dá uma ideia de que o primário palátio não foi pecuário, mas de caça.
Na ponta sul está a sede da freguesia, como é comum em tantos coussos: Mudelos que poderia apresentar uma possível relação com a raiz budel-.
Hipotético cousso em Pastor (no Pino) com dous topónimos Budelos, que condiriam com o explicado a seguir sobre a sua etimologia e origem.
O sânscrito pode ajudar com a palavra बुद्ध (buddha), “acordado, esperto, esclarecido” (o Buda).
Confronte-se com as palavras célticas em volta da rainha Boudica:
Galês Buddug, irlandês Buaidheach, que são derivados do hipotético adjetivo feminino *boudīkā "vitoriosa", que derivaria do proto-céltico *boudā "vitória" ; hoje no gaélico irlandês bua (antigo gaélico buadh) "vitória", gaélico escocês buaidheach "vitorioso; eficaz, verdadeiro", galês buddug, buddugol "vitorioso', buddugoliaeth "vitória". Onde haveria um traspasso da ideia de herói, heroína como simples chefe caçador a epíteto magnificente, do tipo atual "meu rei".
O Búdio Velho na freguesia de Queixeiro (Monfero), com a típica forma de cousso de caça passiva, no nascimento do rego da Vaca, encaixado em um val da Serra de Queixeiro.
Búdio nesta zona é nome da árvore do vidoeiro, mas neste caso Búdio poderia estar na génese da raiz *gotho / *botho inicial "da Vaca", como o rego da Vaca que nele nasce.
Búdio Velho que observado em maior ângulo podemos ver que tivo tempos no que foi meirande:
Também o avéstico 𐬠𐬎𐬯𐬙𐬀 (busta) "cheirar, osmar, observar", ou o grego πυστός (pustós) "douto, erudito" estariam aqui.
Então aqui o topónimo galaico, ou da Ibéria ocidental, Busto e derivados, poderia ter outra origem diferente da de bosta "excremento" e antes do que derivar da bosta fecal, ter um étimo anterior relacionado com *wo-stha / *wo-stho / *wo-(s)teg, "casa da vaca", que teria a ver diretamente com o pastoralismo inicial neolítico da observação atenção extrema do rebanho, o que derivaria em diferentes áreas a:
- pastor experto / esperto, pessoa inteligente, iluminada, observação.
- granja, unidade pecuária.
- excremento vacum.
No latim medieval compilado por Ducange bostarum e bostar: Stabulum boum.
Assim outra vez o sânscrito:
गोष्ठा (goṣṭhā) lugar onde as vacas são guardadas, curral para vacas, estábulo; lugar de reunião, assembleia, discurso; ato teatral. Onde voltamos a dar etimologicamente coa relação total entre a corte animal e a corte governativa.
São Mateu de Vidal (Travada). |
Este topónimo Vidal pode ter as raízes em:
- *bidal "bedel, budel".
- no indo-europeu *wet- "vidente, gado vidente, ovelhas", proto-céltico *wedu "selvagem, cervo, divindade"
- no vido, vidoeiro.
- no sânscrito विधा (vidha): parte, feno, forragem ou विदल (vidala) peça, fragmento, separação.
- no latim vitalis.
Se recuamos no neolítico inicial pastoral, ou na sua aparição, na transição entre o paleolítico caçador e paleolítico criador de caça, onze mil, dez mil, antes de cristo, estas quatro raízes confluem nesta paisagem: Um cousso de caça passiva que derivaria em curro de animais semi-selvagens, uma vedação que rompe a continuidade, chousa feita por uma paliçada de árvores vivas que seriam vidos, vidoeiros, pois estamos saindo da glaciação. Uns animais que entravam ou eram acurrados nesse lugar *witale. Um lugar onde é possível a vida, um núcleo tribal ou familiar, que chegou a conceitos abstractos a vita e vitalis latino. Um lugar onde o sobrante do verão é acumulado para o inverno. Com um chefe pastoral *bidel.
Uma paisagem neolítica:
Guestrar em São Sebastião do Carvalhal (Palas de Rei), uma chousa que aproveita um valigote profundo |
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Guestrar em São Mamede do Carvalhal (Palas de Rei) |
Guestrar / Guestral põem em relação o pastor westara hitita com o *gʷṓws-sto-ara?
Então a casa da vaca o *gʷṓws-*tegos , no galês godai / gody, गोष्ठा (goṣṭhā) / são os lugares assembleares da família extensa, da tribo pastoral, que governa um território. Este tipo de assentamento é do neolítico inicial, que no atlântico poderia ser datado com as primeiras mâmoas, e mesmo anterior a elas.
No exemplo de Gôsteres, pode ser percebido que o enchousar, enclaustrar de um grande rebanho, teria uns locais habitacionais humanos diretamente ligados ao curro pecuário onde à noite pernoitaria o gando: o Pedral a norte, e Gôsteres a sul, lugares habitacionais humanos, primários e secundáriamente no Bronze e Ferro apareceriam com maior monumentalidade lugares "urbanos", as brigas ou castros. Mas os locais a pé de curro teriam sido primeiros, locais que a dia de hoje ainda estão habitados. Por quem?
Polas linhas familiares daquelas primeiras pessoas pastoras neolíticas, do séptimo milênio antes desta era?
Costoia em Grijalva (Sobrado dos Monges)
Costoia de São Vicente de Niveiro (Vale do Dubra) Costoia na freguesia de Santa Vaia do Aranho (Rianjo) |
Costoiras em São Vreijo de Parga (Guitiriz), sistema de chousos, talvez de videntes, ovelhas, ou de cabrum. |
Alto da Costoira fazendo limite entre três freguesias: São João do Campo, São Marinho de Pinheiro (ambas elas sob governo municipal de Lugo) e São Tiago de Ferroi (Guntim). Desde o alto da Costoira é enxergado o cousso que se abre ao rego de Aboi.
Assim o verbo custodiar, etimologicamente órfão, apenas com o latim custos "guardião, protetor, vigia, tutor" está diretamente relacionado com esta raiz aqui esculcada *wo-stha / *wo-stho / *wo-(s)teg, "casa da vaca" busto e hitita westara "pastor", e com o conceito do pastor pecuário acabar sendo "tutor", assumindo um mando social ....
Estes curros, Costoira e Costoia, e outros de lexema kost- / kust- são funis, onde o gado é ameijoado, juntado, para melhor defensa e guarda.
Pensemos que no Neolítico as defesas do curral do gando tinham que ser fortes pois o depredador máximo não era o lobo, mas o leão, que é suposto existir na Península até a idade do Bronze ou talvez até épocas mais recentes.
Do mesmo jeito que o palatio pecuário neolítico derivou no paço, esta linha do *kost- (*gʷṓws-(s)tegos) poderia ter essa deriva também, por exemplo no antigo eslavo eclesiástico: кѫща (kǫšta) "cabana, choça, casa", talvez aparentado com o persa médio kwšk' (kōšk) "pavilhão, palácio".
O *gʷṓws-stegos *wo-*tegos também poderia estar na base de bodego; então as bodegas inicialmente teriam sido pecuárias antes do que agrárias.
Por exemplo na fala do Xálima a "boíga das vacas" ou "boíga de afora" é a corte, um coberto simples separado da povoação. A bodega da casa é chamada "boiga de adentro" (a boíga das cabras ou das ovelhas está integrada dentro da casa).
Bodega nalguns lugares das Astúrias é o nome exclusivo da corte interior da casa.
Aqui há uma discordância com o grego ᾰ̓ποθήκη (apothḗkē) "posto-à parte" mais difundido pola etimologia clássica.
Mas poderia ser vista uma relação ente o céltico *tegos "casa" e o grego θήκη (thḗkē) "funda de espada, caixa, tumba, túmulo"?
Assim desde paradigmas da continuidade a palavra grega segundo isto "o coberto" protoindo-europeu *(s)tegos estaria na palavra ᾰ̓ποθήκη (apothḗkē) "armazém", ᾰ̓πο-θήκη seria algo assim como "posto à parte da casa, para a casa, do coberto"?
Bodegas em São Jurjo de Lourençã. |
A Botica em São Tiago de Vilanho na Laracha. |
São Gião de Torea (Muros), com os topónimos: Horta de Botas (1) e Campo de Botas (2) |
Nesta vista do vale do Vale polo que correm vários regos o maior o Rego da Rateira pode ser percebido o lugar estratégico para a recolha e guarda do gando marcado com uma *:
Situação do hipotético grande curro de São Jião de Torea, recolhendo com o seu cone o movimento do gando de sul para norte. |
Godegos ou Bodegos de São Vicente de Augas Santas (Rois). A fazer parte do beco de um hipotético cousso. Esta dupla g / b abre a hipótese a um céltico-p / céltico-q, de um étimo anterior a *gʷṓwstegos como *kʷṓwstegos, numa ideia que, previamente a *gʷṓws, teria havido um étimo *kʷṓws para bovinos, como também mais abaixo será constatado.
Voltando um pouco atrás no escrito, dá para remarcar que a etimologia das palavras volta a associar a agudeza, o guardião do rebanho, com o guardião da igreja: o budel ou godalho no mundo galaico, dando uma ideia de continuidade, podendo vir dizer que a antiga religiosidade estava associada com o rebanho, e nos territórios onde a atividade humana não foi quebrada culturalmente, o local da igreja atual, foi o pavilhão inicial pecuário, posterior casa do chefe pastor.
(Outros escritos deste blogue onde esta relação etimológica entre o pastor de rebanho e o pastor religioso aparece são "Baltar" e "a nespra e o bispo")
A ideia da criança pastoril é percebida então aqui? Na expressão fazer godalha com significado de matar aulas?, ao deixar de ir à escola para ir cuidar o gando? (sobre o pastoralismo dos nenos, vide Mocho Muchacho) e sobre os nenos heraldos ou recadeiros vide "o recado e o recôndito país".
Estamos a falar do Govinda hindu?
Desde esta busca etimológica poderia ser melhor percebido o nome da rainha visigoda Goswintha ou Gosvinda?
Palavras onde haveria dous lexemas go-, na ideia de vaca/boi *gʷṓws, e -vinda de um hipotético: *wintha ou *wĩtha / *wĩnda.
Confronte-se com o topónimo estudado Venda (venda pastoral).
As binças seria pois uma palavra esperada desta raiz. As binças são as aivecas, as gueifas do arado, a entender que as primeiras binças eram só labegas, ramalhos atados ao corpo do arado que alargavam o suco.
Onde o conceito união pode estar aqui: vincular, com o verbo latino vincio: "amarrar, cinguir, atar pola força, encadear".
Tanto a rainha visigoda Goswintha ou Gosvinda como o avatar Govinda serião os que "vinculam, reunem as vacas, reúnem o gando".
Confronte-se com o gaélico bóthar "caminho", de um protocéltico *bow-itros "o itinerário do boi", também no galês godaith (go-taith) podendo ser feita uma ideia sobre o Govinda / Goswintha, como *go-(w)ĩter, "o caminho do boi".
Mais desenvolto o lexema -itros no escrito "वीथी vithy".
Estamos a falar do primário pastoralismo neolítico de animais semi-selvagens onde o cuidado do gando seria um trabalho muito ativo, que requereria muita destreza, agudeza, esperteza e experiência, conhecimento do terreo, para uma vez pascidos serem trazidos de volta às grandes chousas animais bravios.
Por exemplo os verbos do tocariano A wänt- e tocariano B wänt- com um significado aproximado de "cobrir, proteger, envolver, rodear" estão aparentados com o protoindo-europeu *wendh- na ideia de girar, porque é o giro de quem pastoreia que faz que o rebano se envolta, o que o faz estar unido, mas também porque o encerramento de animais selvagens ou semi-selvagens em recintos provoca o seu deambular em giro.
(Entenda-se que as Vendas primitivas fôrom baiucas para reunião de pastores, na mesma ideia que as mansio, explicadas no texto "Ameijoar na Ameijeira").
A Baiuca, entre São Salvador de Barbeito (Vilasantar) e Santa Maria de Fisteus (Cúrtis), dando nome ao curro posterior ao beco no oeste de um estrutura em granja neolítica.
Assim poderia ter sido o étimo protoindo-europeu dos govinda: *gʷṓws-wendh.
Vão diferentes topónimos de base gud- / god- para perceber a hipótese do gʷṓw(s)tegos / gʷṓw(s)tho, não como bosteiro lugar de bosta, mas como "casa ou lugar da vaca ou lugar onde está a vaca":
Godão / Godom grande chousa nas freguesias de Coiro da Laracha e Larim de Arteijo. |
Gudim de arriba e Gudim de abaixo em São Gião de Roimil (Friol) |
Vilagudim de São Tiago de Nespereira (Sárria) |
Gudis na Freguesia de São Jião de Coiro (na Laracha), grande chousa, com os nomes no seu bico de Paço Velho (palatio, paliçada pecuária) e Painceira, que faz pensar no fitotopónimo agrícola derivado de painço; como no escrito Roma foi explicado, a ponta da chousa leva o nome de quint- pint-, sendo hipoteticamente uma *pintiaria que geraria uma forma hipotética *pinceira, acabando por ser Painceira, podem ser vistos mais casos no escrito Roma. |
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A gestão de grandes rebanhos no Brasil ajuda a perceber a função desta estrutura circular no bico dos curros afunilados com a expressão "fazer mó" : fazer que a boiada descreva espiral, para tomar em seguida a direção desejada.
O bico do curro, frequentemente chamado toponimicamente cruzeiro, continua por diversos caminhos, estes caminhos costumam levar o nome de corgos, córregos, corredoiras e similares.
Old Natchez Trace, Sunken Trace. Corredoira criada polo passo migrante dos bisontes perto de Port Gibson (Mississípi). Esta imagem e esta explicação completam a palavra corredoira, órfã na ideia de que eram para correrem pessoas ou carros..., apenas sendo: as antigas vias pecuárias prévias á roda ou à zorra de arraste. |
Aqui podemos observar uma chousa ainda grafada na paisagem com esta estrutura de curro afunilado e *ǵʰortós no bico:
A Zarra do Godalho em São Paio de Lodeiro (Lalim), um curro afunilado com um lugar no bico de "remanso". A Zarra do Godalho possivelmente seja uma partição de uma chousa anterior e maior, ou dada a configuração um cousso para animais bravos:
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A Godalheira em São Tiago de Calvos (Bande) seria um curro menor integrado num sistema de chousas em volta do lugar de Eirije. Previamente poderia ter sido um espaço vedado pola sua configuração envolto de rios. São observados dous recintos maiores (1 e 2), talvez um só inicial, que no devir da domesticação, desde animais selvagens em confinamento a animais semi-domesticados, a mansedume progressiva seletiva permitiu reduzir e compartimentar as chousas iniciais maiores. Entre os topónimos a salientar na parte sudoeste: Porto do Bispo, também Ponte do Bispo e Fonte do Bispo, bispo/vispo foi tratado no escrito "A nespra e o bispo". |
Voltando ao começo a Budeiros:
Budeiros de São Salvador do Couçadoiro (Ortigueira). |
Podemos ver em preto o hipotético último curro de Budieiros na sequencia temporal evolutiva; e nas outras cores o tamanho maior e as possíveis formas do grande espaço vedado neolítico. Contextualizando mais Budeiros: |
Então pode ser visto no leste os Budeiros e no oeste o Corujo novo e o Corujo velho.
Havendo uma ideia de que o Corujo velho era maior e o novo menor pois os animais eram menos bravos e mais facilmente guiados.
Corujo nesta ideia teria a ver com o latim corruga, con ruga "que tem sulco, rego ou rua", talvez de uma forma *con-ruia que poderia explicar topónimos do tipo Corujo e Coruja e similares tão abundantes no país.
Sobre Corujo e corruga / con ruga:
Confronte-se ruga latino com druga gaélico "pequena onda".
Corujo poderia ser também uma variação diminutiva ou apreçativa de coro: coro-ujo, coro-uja.
Chorus latino e χορός (khorós) grego estão associados com o canto e dança em grupo.
Na Gallaecia coro entre outros significados tem: nas igrejas é o lugar elevado no fundo a varanda interior onde costumavam estar os homens; nos jogos das crianças coro é um círculo, um lugar demarcado onde panda, permanece quem é pilhado, cachado, capturado.
Chorus latino e χορός (khorós) é pensado serem cognados de χόρτος (khórtos) "lugar vedado".
Então os topónimos do grupo coruj- também podem ser antigas cortes da continuidade Neolítico-Ferro.
Neste caso Corujo-Novo e Corujo-Velho assim o manifestam, como aparentes cortes.
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Saami conection?Corujo poderia ser também uma variação diminutiva ou apreçativa de coro: coro-ujo, coro-uja.
Chorus latino e χορός (khorós) grego estão associados com o canto e dança em grupo.
Na Gallaecia coro entre outros significados tem: nas igrejas é o lugar elevado no fundo a varanda interior onde costumavam estar os homens; nos jogos das crianças coro é um círculo, um lugar demarcado onde panda, permanece quem é pilhado, cachado, capturado.
Chorus latino e χορός (khorós) é pensado serem cognados de χόρτος (khórtos) "lugar vedado".
Então os topónimos do grupo coruj- também podem ser antigas cortes da continuidade Neolítico-Ferro.
Neste caso Corujo-Novo e Corujo-Velho assim o manifestam, como aparentes cortes.
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Vuomen ~ vuomeno ~ uomeno "estrutura consistente em valas e curral, antigamente usado como armadilha para as renas bravas".
Do proto-saami *vuomen por outra forma par no saami do Norte vuopman.
A etimologia germano-cêntrica relaciona esta palavra saami com o antigo-alto-alemão hamo "rede de caça, rede num açude ou canal".
Outra linha etimológica ligaria estes Vuomen / vuomeno / uomeno com o proto-saami *vuomē, que significa "bosque denso". Poderia ser percebido que para a melhor caça das renas o campo aberto não é o mais adequado, sendo mais doado a sua caça com armadilhas, tipo laço num bosque.
Assim é: os laços são dispostos no bosque denso, nos carreiros das renas ou quando usam valados, cercas, nas portas de saída.
Confronte-se com o conceito de bouça, numa ideia pastoral mas também numa ideia de mato impenetrável.
Este bosque denso do proto-saami *vuomē, tem as formas nas diferentes variedades de: vuemie, vuöbmie, vuobme, vuobme, vuopmi, vyeṃi, vueʹmm, вӯммь (vūmmʹ), vïmme.
A relação com o vime poderia acontecer, dado que os bosques de coníferas são mais abertos que os de salgueiros, a caça com armadilha pode ser mais eficaz numa cajigueira do que num bosque maduro. Sendo o vime talvez usado como primeiro e primitivo laço.
Seja como for vime / vímbio é feita derivar do protoindo-europeu *wéh₁imn̥ e está muito distante de *gʷṓw-mn̥.
Vuomen / vuomeno / uomeno e vuopman poderiam ser relacionados com o lexema *wo-(*gʷṓws), de uma hipotética forma *gʷṓws-*mn̥.
Este lexema protoindoeuropeu ou mesmo anterior: *-mn̥, daria no grego -μα, no latim -mentum, no galês -ma, no galego o sufixo átono -mo (édramo, légamo...) e nas línguas fino-permianas (urálicas) da que procede o saami *-men com ideia de lugar ou localização.
A hipotética forma *gʷṓwmn̥ seria o local das vacas.
Assim desde uma visão galego-cêntrica:
*gʷṓwmn̥ "o local das vacas, o lugar do gando" seria a origem de Roma, como foi insinuado no escrito que analisou a sua genese.
No armênio a palavra գոմ (gom) dá nome a um estábulo para cabras ou ovelhas, um ovil ou aprisco onde o protoindo-europeu *gʷṓwmn̥ parece evidente.
Assim seriam esperáveis curros neolíticos em topónimos galegos do tipo *gʷṓwmn̥ / *gʷṓwma:
São Tiago de Gomeão / Gomeám (o Corgo). |
Hipótese de como pudo ter sido aproveitado o relevo para ser feita a chousa primária de Gomelhe e as posteriores partições. |
Outro Gomelhe em Santa Maria de Toém:
Camoira / Camoire em São Jurjo de Augas Santas (Palas de Rei) |
Vilagamelhe em Santa Marinha de Cabreiros no concelho do Corgo. Vilagamelhe poderia ter sido uma *willa *cameculi "vila da gama pequena". A palavra gama, gamo é controversa, aparece no século XVI grafada, talvez antes(?). Não é órfã, mas é feita derivar de uma hipotética forma do latim tardio *gamma, par do clássico damma, como palavra nova introduzida com a chegada do animal. Os gamos são originários da Anatólia, é dito que em épocas históricas chegaram à Península. Mas existia a palavra gamo antes de chegar aqui o animal? No gaélico damhán "vitelo" diminutivo de damh "boi, cervo macho", com a etimologia no antigo irlandês dam "boi, cervo macho" de um proto-céltico *damos. No espanhol há a palavra gamuza, como um diminutivo de gama, a camurça, que são nomes para o rebeço, chamois em francês, camoscio en italiano, Gämse en alemão, camoç en occitano; aparentadas com a palavra latina de origem gaulesa camox "rebeço, camurça". (Estamos no de sempre, camurça é palavra que chegou pelo latim, ou é uma palavra do substrato galaico?). Então poderia ser concluído que gama / gamo era uma palavra anterior à introdução dos gamos (Dama dama) que daria nome a um tipo de ruminante, talvez o rebeço, num salto semelhante que permite hoje o corço ser chamado de cabra. É para reparar que ramalho e gamalho é o mesmo, onde ramo/gamo estaria a dar nome ao corno, a galhada é o galho do veado. Então seria possível relacionarmos os nomes dos animais chifrudos com ramos, nessa cousa do tabu do indo-europeu de chamar ao animal a caçar polo seu nome próprio e usar um epíteto. Confronte-se com o inglês ram "carneiro", com o sânscrito राम (rāma) "um tipo de cervo", ou com o catalão ramada "rebanho", mas também conjunto de ramos. Aqui a ramada brasileira (cerca de ramos para o gado) ajuda a perceber as palavras saamis vuomen / vuomeno / uomeno. Então o gaulês camox, poderia ser partido como cam-ox "caraterizado por ter *kam-"? Assim os topónimos galaicos de lexema camo- podem ter a ver com lugares para cabras (ou ovelhas):
Esta raiz dupla gama e damma estaria nas palavras célticas para ovelha, no galês: dafat, no córnico antigo davat, no bretão dañvad, mas também no gaélico escocês damh "boi, veado, cervo-macho, castrão; viga de grade onde os dentes são afixados"; de um proto-céltico *damat que é pensado derivar da mesma raiz que domar. Mas que desde aqui é aberta uma nova ideia, sendo a sua génese anterior à doma.Camuça de São Julião de Malpica Gama / camurça e a família de camox poderia estar aparentada com persa médio TWRAmyš (gāw-mēš) "búfalo, literalmente: vaca-ovelha”? No persa گاو (gâv), “vaca” e میش (mêš), “anha, borrega”? Nesta línguas gam- com significado de búfalo: No antigo armênio e atual գոմէշ (gomēš) No sírio clássico ܓܡܘܫܐ (gāmōšā) No árabe جاموس (jāmūs) No georgiano გამეში (gameši), კამეჩი (ḳameči), კამბეჩი (ḳambeči) No checheno гомаш (gomaš). No ossétio къамбец (k’ambec). Também não deixa de ser evidente que dentro desta linha etimológica do gamo, camox, poderia estar a linha palavra camelo. O que levaria a um tempo onde as línguas semitas e o indo-europeu não estavam conformados, que seria polo 10.000 a C. Se gama e a sua família é chamada de vaca-ovelha *go-mes: a godalha e o godalho seriam *gotacula e *gotaculus, diminutivos da vaca? Os Gomes, chousos pecuários na freguesia de Santa Maria de Rus (Carvalho), só está marcado um chouso e o Horto no bico para não complicar o desenho, mas com um pouco de atenção pode ser observado o sistema de múltiplos de chousos interconectados, polo tamanho menor, em comparança com outras chousas, seria de supor que os Gomes tinha sido um lugar para ovelhas ou cabras. Mas na possibilidade de *gʷṓw-mn̥ estariam os seguintes? Assim no danês gamme é “ovil, aprisco, um estábulo para ovelhas”. O que condiz com a toponímia galaica, onde gam- / ram- dá nome a recintos pecuários, frequentemente menores o que leva a pensar em ovelhas ou cabras (Veja-se o escrito "Ramil"). A etimologia relaciona o danês gamme com as línguas do seu entorno, com a forma dialectal do saami gamme “manjadoiro, presépio, comedoiro”, com o noruegês gamme “cabana de turfa”, no antigo norueguês gammi “cabana dos saami ou dos fineses”, com o alemão falado na Suíça Gämmeli "celeiro e estábulo para guardar ovelhas, cabras e feno", no reto-românico cammona "cabana". Não é para deixar de indicar a possível relação entre a gamela, camelha "artesa, masseira" e a palavra saami gamme "manjadoiro". Então estas palavras poderiam derivar do hipotético proto-indo-europeu *gʷṓwmn̥ junto com o armênio գոմ (gom) "estábulo para cabras ou ovelhas, um ovil ou aprisco". *gʷṓw-mn̥ poderia ter um par tal que *kʷṓw-mn̥ (confronte-se com a linha germânica, inglês cow) como o mesmo significado. Assim *kʷṓw-mn̥-arum cômaro seria "dos apriscos, dos curros". O inglês pode ajudar a ordenar esta bagunça com a palavra game, que tem o significado de "animal caçado para comer, a mesma caça", como substantivo material, de peça a caçar ou já caçada", também no galês gêm, gâm, giâm "animal caçado para comer". Também dando uma dica forte na que caça e jogo fôrom conceitos não diferenciados, o que indica uma profunda distância com o conceito atual da caça e em geral da vida. Então o gamo a gama em conceito raiz poderiam ter sido sinônimos de "caça". Por exemplo no galego cognado de gama é gâmia. No asturiano gamiar é roubar, rapinar pequenas quantidades para comer, em Trás-os-Montes gâmia é insulto para a mulher ávida que se atira por aquilo que deseja, podendo haver uma ligação entre gâmia e gavião e gaivota como aves rapinas, aves que caçam. |
Que implicaria que o saami vuomen / vuomeno / uomeno pudessem ser cognados da toponímia dos curros galaicos do tipo Gomeám , e da grande chousa que foi Roma, todos eles derivados do hipotético *gʷṓw-mn̥?
As línguas fino-úgricas dizem não estarem aparentadas com o protoindo-europeu, então trataria-se de um empréstimo entre elas?
Mas há a possibilidade, segundo a teoria nostrática, que a palavra seja do noveno milênio antes de cristo, época na que o indo-europeu e as línguas urálicas se diferenciárom de uma língua troncal comum, assim *gʷṓw-mn̥ teria uma antiguidade mínima do nove mil a.C, da época primeira do megalitismo.
A domesticação dos bovídeos é pensada no 8.500 aC.
Estes *gʷṓw-mn̥ primariamente seriam coussos de caça para depois ser coussos pastorais ou já chousas.
Outra palavra deste grupo saami da caça é vuopman (gen.vuobman) que é um longo cousso valado em forma afunilada, para o qual as renas bravas são acorrentadas e caçadas.
A palavra vuopman não passou para a cultura pecuária das renas; segue viva no léxico da caça das renas.
Há lugares toponímicos como Vuobmanvárri, Devddesvuoppmi, Vuomavágge, Vuomajávri, Vuomavárre, onde há foxos e um complexo de muros e curros afunilados ou que dão nome a um vale com forma de funil, são antigos coussos de caça que aproveitam a geografia.
No atual Canadá curros para a caça do caribu fôrom datados no 7.000 aC.
Então estamos a ver como a caça derivou em domesticação?
Estamos a ver que *gʷṓw-mn̥ seria uma palavra não neolítica mas paleolítica da caça.
- Inglês game "caça".
- Saami vuomen / vuomeno / uomeno e vuopman "cousso, ou armadilha para caça".
Qual raiz protoindo-europeia está no fundo *weh₁y / *wenth-: girar, enrolar / fechar, cobrir ou *gʷṓw? Ou ambas elas nasceram do mesmo?
No sânscrito a proximidade entre vaca e cavalo é muita nas palavras:
गोता (gotā) feminino "vaca".
घोट (ghoṭa) masculino "cavalo".
Na língua marata घोडा (goda) , no concani ou canarim घोडो (ghoḍô), no guzerte ઘોડો (ghoḍo), no nepali घोडा (ghoḍā).
*gʷṓw, dá nome ás vacas no mundo céltico e é base do latim boi, e é arcaísmo vivo no asturiano guö.
Então cabe a possibilidade que o primeiro *gʷṓw não fosse nem boi nem vaca, mas qualquer animal que fosse a berros e acorrentado até um lugar que facilitaria a sua caça?
Sendo apenas *gʷṓw uma interjeição como hoje ainda o é para tratar com as vacas.
Gomesende na freguesia de Santo André de Ferreiros (Pol), fazendo parte de um hipotético cousso de caça, que tem o nome de Cousso.
Curro para caça de herbívoros, sobretudo do onagro selvagem, o kulan turcomênio, no planalto de Ustyurt do Uzbequistão e Cazaquistão, tirado do trabalho: Amirov S.S., Betts Alison, Yagodin Vadim N. Mapping ancient hunting installations on the Ustyurt Plateau, Uzbekistanand Kazakhstan: New results from Remote Sensing Imagery. In: Paléorient, 2015, vol. 41, n°1. pp. 199-219;doi : 10.3406/paleo.2015.5662 http://www.persee.fr/doc/paleo_0153-9345_2015_num_41_1_5662 Vistas no Google maps de coussos do planalto de Ustyurt: 1 2 3 4 5 6 7 Estes coussos são armadilhas passivas construídas nas rotas migratórias. |
Coussa Velha na freguesia de Santa Maria de Mezonzo (VilaSantar). Este cousso tem uma boca de quinhentos metros aproximadamente, muito similar à dos coussos de Ustyurt. Quando de velha é a Coussa? |
Estrutura muito similar aos coussos de Ustyurt na freguesia de São Martinho de Loureiro( Sárria), que aproveita a orografia do terreo. |
Superposição aproximada a escala entre o cousso do altiplano Ustyur e estrutura orográfica da freguesia de São Martinho de Loureiro. Os curro Ustyur têm bocas de ponta a ponta de quinhentos - seiscentos metros, enquanto a boca do suposto cousso de Loureio tem novecentos. |
Arriba é uma vista do sistema de chousas na freguesia de Santa Maria de Álvare, na Pastoriça.
O cone da chousa pode ter uma semelhança com os coussos de caça "universais" (no exemplo superior do planalto de Ustyurt).
Relevante também a toponímia Cousso imediata à grande chousa. A hipótese é que o cousso de caça foi aperfeiçoado e agrandado até levá-lo a ser uma grande vedação onde o gando selvagem seria confinado, no hipotético caso aqui desenhado seria vedada uma área de aproximadamente cinquenta hectares, o que permitiria a vida de cinquenta animais sem necessidade de alimento trazido de fora.
Santa Maria do Cousso de Límia. Hipótese: tem a estrutura vista já noutras imagens deste blogue e neste mesmo escrito como no caso de São Jião de Torea. Umas longas vedações que acurralam para um ponto, que recolhe o gando da chaira da Lagoa da Límia e encana-a por um val monte arriba, este passo "ancestral" de fauna seria aproveitado para fazer um cousso, o que ficou na toponímia, com o tempo o cousso de caça virou vedação de gando. |
Recapitulando:
Poderia-se ir entendendo que o passo do Paleolítico ao Neolítico no tocante à pecuária não teria sido um salto, mas uma continuidade de estratégias de caça em coussos naturais aproveitando fojos e caborcos e coussos artificiais que no decorrer das gerações iriam sendo aperfeiçoados e agrandados, chegando a uma caça de rebanhos controlados em vales fechados, num ciclo de milênios provocaria a "seleção" de animais mais mansos. A figura do rei-pastor aparece associada com a esculca etimógica da toponímia dando frequentemente uma imagem que na continuidade geraria no mundo gaélicoo briugu, e na continuidade da religião a figura do crego e também o sacristão.
Que a Galiza, a Galécia em sentido laxo conserve as raízes etimológicas de este primeiro pastoralismo dando nome na toponímia pode dizer muitas cousas:
Que aqui de todo canto da Eurásia tudo chegou, pois nada havia, e tudo ficou.
Ou que a Galécia conserva como um museu os rastos do Paleolítico caçador e da sua transição ao Neolítico grafados na paisagem e na toponímia.
Que isso ainda permaneça grafado na paisagem e na toponímia indicaria que no correr do tempo não houvo uma continuidade.
Outras relações com o saami:
No saami do norte: goallá "rena fêmea mona, mocha, sem chifres".
No saami de Inari: kuallá, com o mesmo significado.
No saami de Ter: koall-čierve "rena com cornos livres de veludo", (čierve "cornos").
Kaarre "curro para renas".
Proto-saami *kārtē, com as variantes dialetais gaertie "curro para renas", gárdi "chousa valada, curral para renas", kä ́rdd "curro valado". É pensado ser um empréstimo da fala escandinava, por exemplo no norueguês garðr com o mesmo significado "curro".
Kurra "passagem estreita em um curro para renas". Confronte-se com curro, correr, córrego, corredoira.
No saami: boazu /poat͡ʃu:/ "rena".
Do proto-saami *poacoj
Do proto-fino-permiano *počaw
Do proto-indo-iraniano: *páću
Do protoindo-europeu: *péku "vaca, gando".
Confronte-se com pécora.
confronte-se com o gaélico: poc, pocc, boc "cabrito, castrão".
Mas também com pucha, pucho, bucha, bucho, cucha, cucho nomes galegos patrimoniais para os vitelos, que alicerçam uma possível raiz anterior a *gwos, como céltico-q e céltico-p *kwos / *pwos, pucha / cucha.
Pucharegos em São Pedro de Benqueréncia (Barreiros). |
A voltas com a pala e o palatium:
Finlandês palas (palkaa-) "sendeiro, carreiro da rena, lugar onde as renas estão; sendeiro na neve deixado por um animal (uma lebre um alce)’, pallas (paltaa-) "carreiro, especialmente de lebre", é suposta de um proto-saami *pālkēs "carreiro" com as variantes baalka, bálggis, päälgis.
Existe o verbo baalkedh, bálgat, palggâd "mover-se continuamente numa área de pastagem", de um proto-saami *pālke̯.
Sânscrito पथ (pathá) "caminho".
Já foi mais alargadamente tratado o tema da pala, com a forma asturiana cala, como refúgio, com possibilidade de estarem relacionadas com vala; todas elas na ideia de cavidade ou abrigo.
Em certo modo choca que o finês palas dê nome ao sendeiro por onde se passa e mais ao lugar onde as renas estão e que na sua família *pālke̯ seja mover-se pascendo continuamente numa área.
Entende-se que as renas pernoitam num lugar sempre o mesmo, ao qual chegam por um carreiro marcado. Todo o conjunto seria pois o conceito palas?
Outra linha etimológica relaciona o trilho saami baalka, bálggis, päälgis com o verbo finês polkea "pisar, pisar com rapidez, tripar, calcar" que estaria relacionado com o verbo *pālke̯ "mover-se numa área de pastagem".
No finês o sufijo -la indica o lugar, casa ou terra de, assim kana "galinha" → kanala "galinheiro".
O finês palas (palkaa-) poderia ser descodificado, segundo isto, como "o lugar da *pa(?)".
Esse carreiro pisado do proto-saami *pālkēs e finlandês palas tem:
Na linha nas línguas germânicas de path, antigo inglês pæþ, de um protogermânico *paþaz.
Com o grego antigo πάτος (pátos) "caminho pisado ou batido; passo passada, alancada, canchada; chão pisado; lama".
Búlgaro път (pǎt) "trilho, sendeiro".
Sânscrito पथ (pathá) "caminho".
Então já não estamos no neolítico, estamos no paleolítico na caça, onde pa-la é o local pisado?
A pala finesa põe em relação o passo, e o toda esta família do trilho path, com a paça, o lugar onde se pasce.
A etimologia de pasto esclarece?
Um suposto proto-itálico *pāskō.
Com o grego antigo ποιμαίνω (poimaínō), “cuidar, alimentar, nutrir".
Também grego antigo ποιμήν (poimḗn), "pastor"
Sânscrito पाति (pā́ti) "proteger".
Antigo inglês fōda e fēdan "alimento e alimentar".
Antigo eslavo eclesiástico пасти (pasti), "levar a pascer".
Tocariano-A pās- "cuidar, guardar, proteger, defender".
Entenderia-se que o pasto e a pala compartem um fonema que no paleolítico significou o mesmo? *pa- "pisar", sendo *pa-la *pa-tha "o lugar polo qual se pisa" e *pa-sto "local pisado"
Aqui estaria a palavra galega patenho "porção de terreo a prado", que poderia ter sido anteriormente um *pastenho?
Ducange compila patuus e patuum como lugares de pastagem.
Daí tantos locais toponímicos galaicos com microtoponímia pateira e similares que não é mais que pasteira.
O sânscrito पाति (pā́ti) "proteger" também significa senhor, mestre, proprietário, possuidor, governante, soberano; marido; raiz
पाति (pā́ti) de uma proto-indo-iraniano *pátiš, de um proto-indo-europeu *pótis. Com o albanês pata "posuir"; avéstico 𐬞𐬀𐬌𐬙𐬌 (paiti) "senhor, mestre, marido", grego enatigo πόσις (pósis) "marido"; latim potis "capaz" e com toda a família do verbo poder possum e do verbo possuir possideo, lituano pàts "marido".
A Pateira em São Nicolau de Cis (Oça dos Rios) |
A Pateira em São Salvador das Cortes (Paradela). |
Cortinha do Pateiro em Santo Adrão de Lourençã. |
O Pateiro em Santa Cristina de Orois (Melide). |
O Patelo de São Miguel de Bivilhe (Sárria). |
A Pata em Boente (Arçua) |
O Patao em Santa Maria de São Vreijo (Palas de Rei) |
Estrutura do relevo do lugar das Patas e contorna em Santa Maria do Alto de Gestoso (Monfero). |
As Patas de Santa Maria do Alto de Gestoso (Monfero) |
Uma paisagem toponímica condizente com o aqui apontado. Isto é nas Tojeiras e Paderna de Santa Maria de Lavrada (Guitiriz), onde morfologicamente damos com um cousso de caça, com toponímia típica do tal.
O cousso de caça tem o topónimo das Xesteiras das Reinas, onde Reina pode fazer referência segundo o explicado no escrito dos coussos ao matriarcado paleolítico, à possessão do lugar de caça por linhagem matrilinear. Xesteiras pode fazer referência ao fitotopónimo gesta, pode ser lugar de gestão do rebanho de caça ou semi-domesticado, ou pode fazer referência a local onde sesteiam os animais (ou todo à vez).
Na evolução do cousso de caça, com morte no paleolítico, ao cousso neolítico onde aparece a cortinha posterior ao beco que serve para gestionar o rebanho semi-selvagem que quando é caçado passa vivo a locais fechados pastorais (explica-se com maior detalhe do escrito antedito).
O cousso de caça tem o topónimo das Xesteiras das Reinas, onde Reina pode fazer referência segundo o explicado no escrito dos coussos ao matriarcado paleolítico, à possessão do lugar de caça por linhagem matrilinear. Xesteiras pode fazer referência ao fitotopónimo gesta, pode ser lugar de gestão do rebanho de caça ou semi-domesticado, ou pode fazer referência a local onde sesteiam os animais (ou todo à vez).
Na evolução do cousso de caça, com morte no paleolítico, ao cousso neolítico onde aparece a cortinha posterior ao beco que serve para gestionar o rebanho semi-selvagem que quando é caçado passa vivo a locais fechados pastorais (explica-se com maior detalhe do escrito antedito).
Neste caso Paderna, aparece como essa cortinha onde se junta o pater e o pasto.
Então seria possível observarmos uma inicial mater da matança da caça e um posterior pater da captura do pasto (pateira) e pastoralismo.
Neste cousso aparecem três topónimos que remeteriam a animais menores: Camposa do Carneiro, Ramalheira (Ramil e Roma) e a própria Xesteira das Reinas, que faz lembra às renas.
Criando uma associação entre o reinado feminino e as renas. Renas que dizem ter uma etimologia germânica reindeer de onde rein- *hrinda- dizem derivar do protoindo-europeu *ker "chifre".
Então seria possível observarmos uma inicial mater da matança da caça e um posterior pater da captura do pasto (pateira) e pastoralismo.
Neste cousso aparecem três topónimos que remeteriam a animais menores: Camposa do Carneiro, Ramalheira (Ramil e Roma) e a própria Xesteira das Reinas, que faz lembra às renas.
Criando uma associação entre o reinado feminino e as renas. Renas que dizem ter uma etimologia germânica reindeer de onde rein- *hrinda- dizem derivar do protoindo-europeu *ker "chifre".
A palavra rena no sueco ren tem neste idioma um suposto falso cognado ren, adjetivo, com os significados de "limpa, pura" de um proto-germânico *hrainiz.
Este puzzle pode ser armado de outro jeito: A rena animal desde o paleolítico poderia ter um nome tabuado, como tantos outros animais pola sua divinização, a reina, rena, com hastes como primária coroa.
Este puzzle pode ser armado de outro jeito: A rena animal desde o paleolítico poderia ter um nome tabuado, como tantos outros animais pola sua divinização, a reina, rena, com hastes como primária coroa.
https://damienmarieathope.com/2021/01/sami-and-the-northern-indigenous-peoples-landscape-language-and-its-connection-to-religion/?v=32aec8db952d:
“The sequencing of entire human mitochondrial DNAs belonging to haplogroup U reveals that this clade arose shortly after the “out of Africa” exit and rapidly radiated into numerous regionally distinct subclades. Intriguingly, the Saami of Scandinavia and the Berbers of North Africa were found to share an extremely young branch, aged merely ∼9,000 years. This unexpected finding not only confirms that the Franco-Cantabrian refuge area of southwestern Europe was the source of late-glacial expansions of hunter-gatherers that repopulated northern Europe after the Last Glacial Maximum but also reveals a direct maternal link between those European hunter-gatherer populations and the Berbers.”
Maadteraahkas (ss) / Mahtaráhkku (ns / ls): «Mother earth, Gaia» or “great-grandmother”.
Mai das três deusas:
Saaraahka (ss) / Sáráhkku (ns / ls): Important goddess in southern Sami areas. Lives under the fireplace. Recives sacrifices of all that can be drunk. Important in the creation of children. Helps women in menstruation and when giving births. Children were baptized in the name of Sarahkku
Joeksaáhka (ss) / Juksáhkku (ns / ls): «The goddess of hunting. Living in boaššu, the sacred part of the lávvu (tipi) behind the fireplace. Has a part in the creation of children. Can transform an unborn child into a boy
Uksáhkku - watches over the children during their early years, especially when learning to walk.
Goma (Trás-os-Montes) lomba entre valeiros no sulco da vinha.
Há um prefixo em lakota pa- que indica "empurrando, por um impulso constante, fazendo pressão com uma parte do corpo o com um instrumento", prefixo que forma e modifica verbos.
Talvez coincidência, mas o tripar contínuo de passagem polos mesmo lugares, a pressão lakota pa- gera o carreiro da rena e o lugar da rena finês palas.
No sumério para sulco de rega, pequeno canal, dique.
*h₂ówis
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