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Do grupo de arg-: Argemil, Arjomil e outros

Vão ser apresentados distintos lugares com o nome de lexema arge- ou argi-, como Argemil, Arjomil, Argimonde.... para fazer ver as similitudes, e intentar mostrar uns padrões da forma e da toponímia que aparecem neles lançando uma hipótese da sua etimologia.


Arjomil / Arjumil de Ferreiros (no Pino), com topónimos chamativos como Carvalho do Mestre.
Também para reparar em Algária analisado neste blogue.


Argemil de Santa Maria de Teixeiro (Lugo).
Destacar Granjo, dando nome e explicando a utilidade da vedação; Curro como lugar onde acurrar, acurralar o gando.
Ratoeiro, na ideia de ráth céltico ou também como lugar sem saída, lugar para caçar.

Argemil, freguesia de São Pedro de Argemil (no Corgo). Com a forma de cousso ou granja neolítica e toponímia condizente.
A destacar Cruzes, Milário e Legoário, no caminho Real ou via Künig.

Grande estrutura de Santalha de Argemil (Sárria).
Como em alguns outros casos em cada beco da estrutura há uma sede de freguesia. A norte Santalha de Argemil e a sul São Pedro de Maside.
No beco norte a destacar o nome de Casa da Dona, como outras Donas toponímicas analisadas neste blogue, aparece no beco do cousso de caça, como uma ancestral possuidora de sexo feminino.
Teiboi como a casa do boi.
Pácio como palatio, paliçada de caça. Destacar o curro final do beco com os nomes de Lama do Cousso e Zarra do Pácio com nomes transparentes da sua funcionalidade.
No centro o regueiro com o nome de Samil que passa por umas terras centrais co nome de Ramil, levando à dúvida se os tantos Saamil galaicos e Ramil galaicos derivariam da mesma palavra.
(bos dias / bor dias).
Também relevante o Magalão (-om), transparente como cembo, noiro, cômaro (confronte-se com Magalofes).
Leiro Médio é significativo pois está no meio da tapada.
No lado oeste, no fundo do cousso, dous Soutos como saltos, ou interrupção da continuidade territorial.
O nome de Vilerma, como Vila erma, na ideia de ermo, que já foi apresentado neste blogue
No escrito dos Coussos foi lançada a hipótese de que os topónimos de base ermo ou hermo têm a ver com antigos locais de caça do paleolítico e da sua continuidade até um hoje alargado, que antes de pensar somente em um eremitório, que também, teriam a ver com a raiz que gera em ambivalência hermético e armentio.
*h₂er- + *-mn̥ -. Onde *h₂er- teria o significado de unir; *-mn̥ daria a ideia de ação.
Não por acaso Hermes é a divindade do rebanho.
Para reparar em Cerdeiras que costuma aparecer para dar nome a um lugar limitante, como também acontece co Cerdeiro do caso seguinte:

Argemil de São Julião de Mourelos, também fazendo um grande cousso com toponímia condizente.
A destacar Venda Nova, como venda pastoral, mas anteriormente talvez venda de caçadores.
Cuvelas exemplificando que cubo e covo talvez saíram da mesma raiz.
Casares na trivalência de capsa, caça e casa.
Corvege / Corveige como lugar corvo.
A confrontar como do lato oeste está o Alto da Sobreira e do lado leste Sobrado.
Um topónimo infrequente é o de Mularedo, que poderia ser entendido desde a ideia de caça de equídeos.


Argemil de São Martinho de Anlho (Sober) e toponímia condizente.


Arjomil de São Miguel de Treos (Vimianço).
A destacar o nome dos becos como Milheira Redonda o do oeste e Milheiras o do leste, terras de milho, ou lugares onde se juntam?
Vale / Val do Espinho, espinho como é frequente dando nome à ponta do beco.
Na parte Sul, não está o limite antigo, mas entre a Agra do Muro e a Estivadinha passa a raia entre as freguesias de Treos e Serrano, , há uma mudança de cor do terreno. Também dizer que os topónimos Agra do Muro, Devesinha e Estivadinha dão ideia de limite.
Estiva "sebe temporal de paus, sebe vegetal, vedação das culturas com terrões".

Argemil de Viveiró (Muras) um vale desabitado com uma conformação semelhante às aqui apresentadas.






Em conclusão:

A etimologia "clássica"  associa os topónimos do grupo Argemil como de origem germânica, derivados de Argemirus.
Segundo isto todas estas localidades nestas estruturas derivariam de uma hipotética forma Villam Argemiri: uma vila de Argemirus (Harji + mir/mērjaz).
De Harji- "exército, hoste" e -mir "grande, famoso".

As estruturas são todas similares na forma, semelhantes a coussos, ou coussos evolucionados a granjas neolíticas, que dão indícios disso por levar também topónimos como cousso ou granjo.
Então seria raro que distintas pessoas de nome Argemirus, germanos ou germanizados no nome, da alta Idade Média, fossem dominar estruturas muito idênticas, aquilo que foram  "coussos" ou  "granjas neolíticas", ainda que podiam seguir funcionando como tais nessa altura, se ficarem sob um único poder, possivelmnte já partidas pois o gado não estaria em processo de domesticação e não seria necessárias as grandes tapadas.

A etimologia aqui proposta baseia-se na descodificação -mil, apresentada nos escritos "O Mil" e "Boimil":
Num dicionário etimológico do italiano, e buscando a etimologia da palavra italiana mille "o numeral mil", dei com esta lição:
Do latim mille, antigo latino meille, albanês milje, afim ao germânico myrios "inumerável", no latim tradio myriadis (genitivo de myrias), polo grego clássico μυριάδος (muriádos), genitivo de μυριάς (muriás), “número 10,000”, de μυρίος (muríos), “numeroso, inumerável, infinito”.
Com referência ao sânscrito मेल (transcrito mela, pronunciado em hindi, seguindo o link, a algo semelhante a /mil/)
मेल dá a ideia de "reunião, assembleia, grande juntança".
Esta linha, aberta polo dizionario etimologico italiano, liga mil com mel, quer dizer a juntaça de muitos, a mesma juntança ou elemento que liga, a substância peganhenta, e a quantidade ligada em abundância semelham ter a mesma origem.


Quanto a arge-
Arge é o nome para o tojo, com palavras próximas como o arjão (estaca), a argoma, e a argana.
Em casos anteriores o tojo, como Tojeiro, Tojedo, aparece dando nome aos limites da tapada.
Confronte-se com o verbo argomar, no estraviz: Pôr tojos ou argoma sobre um valado para impedir a entrada do gado ou das pessoas numa leira.
Também o francês ajonc "tojo", ou o franco-provençal adje, adze "sebe vegetal".
Já mais próximo ao galego, o provençal argeiras, ocitano argelat, com o catalão argelaga "espécie de tojo".
No gaélico escocês arc com o significado de vespa, abelha.
No latim arx arcis "altura, cume, pináculo, topo, pico; castelo, fortaleça; defesa, proteção, refúgio".
Que ligaria com o arménio antigo: արգել (argel) "impedimento, obstáculo, proibição; prisão".
Que o grego antigo completa com ᾰ̓ρκέω (arkéō) "defender, manter afastado".
Com o latim arceo "prohibir o passo, rejeitar", que ancestralmente tivo o significado de molhão, marco, limite.
Haveria a possibilidade de que o grego ᾰ̓́ρχων (árkhōn) "governante" estivesse na mesma raiz?
Partindo de espinha, pontiagudo, proeminente, do protoindo-europeu: *h₂ergʰ- (argana).
Sânscrito ऋक्षर (Ṛkṣara) "espinho".
Talvez na mesma linha o nome do tojo em gaélico escocês  ait /ahdʲ/; em galês aith. Com uma etimologia do proto-céltico *ak(s)-tīno, de *ak "pontiagudo, espinha".
Com um hipotético gaulês *actinos.
Outra linha etimológica associa com outra forma proto-céltica *axtīnos. Confronte-se com a família do latim axis.
Confronte-se com estilha, o castelhano astilla.
O lituano ãkstinas ou akstìs "espinha".
O checo osten "espinha", o russo ость (ostʹ) "aresta de cereal, argana; cerda".

Este conjunto de palavras levaria a perceber Argemil com um significado tal:
Arg- que viria indicar uma paliçada, estacas, sebes de tojos, de valos bardados de tojo ou com tojo medrando sobre eles, ou arbustos espinhosos, em sebe ou sobre valos; que serviria de defensa e à vez prisão.
-mil, que transmitiria a ideia de reunião.
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Desde o sumério hipoteticamente *𒄯𒁖  (ḫar-ták / ḫar-dág) 𒄯 "arranhar, debuxar no sentido de gravar, lavrar, fazer uma incisão" e 𒁖 "lugar de, casa", segundo isto *𒄯𒁖  (ḫar-ták / ḫar-dág) "lugar onde se arranha". Confronte-se com arto "silva", com zarza, sarça e sarja,




Argimonde de São Tiago do Castelo dos Infantes (Sárria).
Também no beco, no oeste, com nome de milho: Mílharas.
Casa do Ferreiro, podendo si haver um ferreiro de profissão ou apelido, mas como já noutros coussos e granjas neolíticas, ferreiro e cerreiro são intercambiáveis.
As três Devesas.
Além de Fonte de Mende, Mende no seu redor, topónimo analisado neste blogue.
O Cando, como candeado?
Fonte no beco leste como costuma ser habitual sem que haja nascente nenhuma.
Favaqueira: já analisado neste blogue no escrito "Fafe".
Cerdeiras, também fazendo limite da estrutura, da tapada, como em exemplos anteriores.
Moure, na suspeita de ter a ver com muro.


Argimonde de Santa Marinha de Branhas.
A destacar como a sua situação em altura permitiu conservar os valos e delimitações quase originais da tapada neolítica. ao não haver assentamento humano nela.
Salientar a forma do curro final do beco norte:

Outro topónimo a mostrar é: Trás da Algária, algária já foi analisado neste blogue.
Escandada se quadra na mesma linha que o Cando no Argimonde de Castelo dos Infantes, como candeado? Tem a ver com o cereal da escanda? Com escandecer "queimar", com escândalo "alboroço, tumulto" ou "pauzinho seco pequeno"?
Lavandeira (erradamente escrito no mapa), nessa função pegureira, como faz a avezinha alindadora?
Ou Lavandeira como divindade anterga, do mesmo jeito que nos becos de coussos humanizados hoje estão sob poder da igreja e sob um padroeiro (Observe-se no seguinte caso, de Argimonde do Castelo dos Infantes, como o beco está sob o nome de São Mamede, não havendo igreja ou capela).
Casa do Coxo: Uma pessoa coxa?, coxo como veneno?, coxe é nome para o cavalo de tamanho médio, resistente, antigamente muito frequente, um quartão.
Deveso mas também Bodeso "quase húmido".



Estes topónimos Argimonde tem a sua etimologia germânica baseada no antropónimo Argimundus / Argemondo.
Mas outra vez a parece a mesma estrutura. Como se resolve?
Uma pessoa de nome Argimundus era o possuidor destas tapadas?
Ou estas tapadas são argi-mundus, na etimologia neste blogue desenvolta:
Arg- que viria indicar uma paliçada, estacas, sebes de tojos, de valos bardados de tojo ou com tojo medrando sobre eles, ou arbustos espinhosos, em sebe ou sobre valos; que serviria de defensa e à vez prisão.
-mundus: alargadamente desenvolto no escrito "Mundo", onde se chega a uma ideia de ser nome de um grande curro, que derivou em "rebanho de vacas, proteção, parte mondada, rapada, pelada".


Argerei de São Martinho dos Condes (Friol).
O topónimo revolta como lugar onde o rebanho dá a volta.
O topónimo Conzado que no escrito sobre as granhas foi associado com a raiz de gonzo, ângulo.
Como uma estrutura menor, também em forma de cousso, está dentro da tapada maior, com topónimos indicativos da sua funcionalidade, Porta Velha, o que indicaria que foi anteiror e Porta Quintiá ou Quintiã. também Lagoa na ideia de rego, buraco.
No beco leste Casal nesa triplicidade de casa, capsa e caça, vértice da captura.
Barreiro numa ideia de barra e não de barro.

Aqui na freguesia de Fião (-om) (no Savinhão): Argeriz e Argemil.
O Romeu ou Romeo analisado largamente no escrito "Roma".
Outra vez Lavandeira, neste caso associado ao ribeiro nascente.
Argeriz é feito derivar pola etimologia germanista como terras de uma pessoa chamada de Argericus Harji-rekō "rei da hoste".
A controvérsia nasce ao estarem juntos um Argemil e um Argeriz. E sendo Argemil uma estrutura como as analisadas ao começo do escrito.
Hipoteticamente: Argemil seria "o lugar de reunião com arge", tendo arge o seu significado original, resumo da polissemia na que derivou, acima explicada.
E Argeriz como *árg-era / árg-ero + -iz, o primeiro lexema átono -era / -ero  como genitivo plural "dos arges";  e o segundo como genitivo singular, não obrigadamente germânico "do dos arges".







Argeriz, também escrito como Algeriz, freguesia de Valpaços, com a forma esperável, e o topónimo Ranhó, que costuma aparecer nos coussos (aqui mais desenvolto).









São Paio de Argiz (Taboada), com toponímia frequente no seu beco oeste: Redondo, Espinhos. 
A destacar que ainda que a igreja da freguesia está em São Paio, talvez tivesse o seu local inicial onde costumam estar, na continuidade, neste caso neste beco que conserva o nome de Eirige.
No seu beco leste o quase entendível Bosende, como "caminho do boi".




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