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Spernen, espinhos córnicos, célticos. A *berga, e outras cousas também galaicas.

Neste escrito vão ser analisados lugares da Cornualha com toponímia de base em spernen "espinho" e outra toponímia em relação coas estruturas das que fazem parte.
Neste caso três lugares com o nome de Sperntrogh "espinho cortado":


Este é Spernentrogh de Pluwseles (freguesia anglizada como Launcells)
Literalmente:
Spernen "o espinho" na sua forma singulativa.
Trogh "cortado".

Chama a atenção o nome de Buttsbear, "o cu do urso" ou "a esquina do urso". Ainda que poderia ser uma adaptação ao inglês da palavra céltica bod "vivenda, casa".
Mais abaixo será dada outra interpretação toponímica de Buttsbear.


Como noutros coussos córnicos um dos seus becos leva toponímia de fogo, neste caso: Burn e Burn Cottage.

Summerleaze faz referência a pasteiros comunais "leaze" usados no verão, a sua forma córnica original não dou com ela.




Higher Beer, literalmente "alta cerveja" ou "superior cerveja", mas pode ser uma adaptação inglesa de uma palavra céltica bere / beare "granja", existe outro lugar na cornualha com este nome, Higher Beer, em Eglosvarwenn (anglizado como Marhamchurch).
Este vilarinho do mapa Higher Beer tem a ver com Great Beer e Ebbotts Beer mais ao sul.
O que seria mais congruente: A Granja Alta, a Granja Grande e a Granja do Abade.
Assim a esquina Buttsbear Cross poderia ter sido Bot / Bod beare "a casa da granja".
Outro dos significados de bere é o de ave de rapina. Confronte-se com Respery  analisado no escrito "Alguns coussos e cousas da Cornualha".
(No escrito "Os Coussos" foi mostrado como estes recintos levam nomes com base em aves de rapina, açor ou águia, tipo açoreira, ou aguieiro).

Para explicar a origem do lexema escrito -bear:


Neste caso: Kingbear de Bre Gledh (freguesia anglizada como North Hill).
Kingbear literalmente Rei-Urso. Hoje anglizado oficialmente como Kingbeare que seria traduzido como "granja do rei" ou "rapina do rei".


Outro exemplo de Beer, neste caso North Beer e South Beer em uma forma de cone, estrutura de cousso.
No beco norte o nome de Bosvynna, (aglizado como Bennacot), o lugar de Bynna / Benna, que é suposto ser antropónimo. E como acontece noutros antropónimos o nome do possuidor oculta a razão primária, pois o suposto possuidor tem o nome derivado do lugar. Bynna / Benna lembram pola sua posição topónimos penela, ou pinheiro dos coussos galegos ocupando o mesmo lugar. Confronte-se com Pinheirão na imagem mais abaixo de Bergaço de Santa Maria de Loureiro (Samos).
Como nos casos galaicos há um local religioso no beco.
O outro beco, Goonhir, anglizado como Langdon, tem um significado transparente uma grande área sem árvores, um lugar de mato.

Isto ajuda a perceber o que já foi evidenciado nos coussos galaicos, e sobretudo no estudo dos lugares de toponímia granja ou granha, onde a estrutura que conforma a posterior granja/granha (medieval) é a dum cousso.
A inicial granja seria então um cousso aprimorado, ou uma estrutura em forma de cousso que permitiria ter em catividade animais ainda semi-selvagens, mas que pola sua bravura ainda teriam que ser acurralados em becos.
Na Cornualha  bere, bear, beare, palavra equivalente a granja, exploração agrícola, etimologicamente estaria associada com bere e variantes que dão nome à ave de rapinha. Cognata do gaélico antigo berg "depredação, pilhagem" (confronte-se com díberg).
O díberg na Irlanda foi uma prática punida polo cristianismo, tinha a ver com a fianna, e com a transição da infância para a etapa adulta. Durante a adolescência grupos viviam da pilhagem, do roubo....
É pensada uma raiz proto-céltica *bērga  (Matasović).
Poderia estar na proximidade da raíz protoindo-europeia dada por Pokorny de *bh(e)reu- *bh(e)rū̆- "ferver, ser selvagem".
Evidenciaria a duplicidade de significados de bere, rapina e granja, que as granjas córnicas previamente teriam sido lugares de caça transformados em tapadas, "pechando-lhes a boquela", convertendo os coussos em grandes chousões ou tapadas.
Para a etimologia germanista o significado de bere, como granja, viria da raiz que deu o atual barley, do inglês medieval bere "cevada".

Aqui vão taopónimos galegos com base na raiz proposta de *bērga "pilhagem":

Bergaço, São Fiz de Bergaço (no Corgo) com forma típica de cousso e com toponímia congruente: Zarra, Trás-Gudim (topónimos de base gud-, Gudim, já analisados neste blogue).
Cousso onde teriam sido pilhados, capturados os animais.

Bergaço de Santa Maria de Loureiro (Samos).


A Branha do Bergo em São Pedro de Folhadela (Melide) nos montes do Bocelo. Forma típica de cousso, evolucionado a cousso de captura e não morte, com o curro circular de Codessás.
A destacar a Letiçada, talvez aparentada com o latim laetus "fértil, rico"



Berganha de Santalha de Val do Avinho / Valdovinho, com forma de cousso, abraçando o curso inicial do regueiro do mesmo nome Rio de Berganha e com toponímia identificativa já analisada neste blogue como é Trandeiras. Relevante o topónimo do Cameleiro.


Berganço entre as freguesias de Prado Alvar (Vilarinho de Conso) e Requeixo (Chandreja de Queixa), é um lugar onde um vale estreito se abre fazendo um chão a 1.300m de altitude, entre serras de 1.500m.
Berganço tem similitude com Bergasse da comuna de Saurat (Ocitânia):







Brégua de São Silvestre de Veiga (Culheredo) abraçando o nascimento do regueiro do mesmo nome.
Talvez *Bérgua?
Seja como for,  é uma estrutura em forma de cousso que serve de exemplo polo seu paralelismo para as raízes toponímicas córnicas que neste escrito estão a ser mostradas: Aguieros, Espinheira, Aveleira...
Outra toponímia condizente com a estrutura ou com a funcionalidade: a Cova do Gando ou a Pedra das Bestas, Paredes, Mourinhos (Murinhos?) Foxo, Coto, Castinheiras.


Albergaria de São Julião de Moraime (Mugia).



A Albergaria, Santa Maria da Albergaria (Laça).



Albergaria da freguesia de São Miguel de Castro (na Estrada), fazendo parte de uma grande estrutura em forma de cousso que abraça as nascentes do regueiro de Bieites e da Pituca. Toponímia frequente já analisada como Silva.
A destacar o percurso de um Caminho Real polo seu limite norte. 

Albergaria de São Bartolomeu de Cadavedo (na Pastoriça), com forma de cousso e toponímia congruente, como Vedro da Revolta; o tão frequente nestas estruturas: Casa Velha, num dos seus becos com a triplicidade capsa, caça, casa; Portela como lugar de entrada.




Albergue de São Pedro da Vainha (Agolada), com forma de cousso e toponímia identificativa, observe-se Su-Paço.
Pode ser percebido que os sistemas primários de caça no paleolítico final estavam ligados por itinerários de cousso a cousso, de lugar de pilhagem a lugar de pilhagem, de *berg- a *berg-, pois não era sedentária (como foi explicado no escrito das Casilhas), neste caso de albergue em albergue.
A hipótese etimológica germânica de albergue como derivada de um hipotético gótico *𐌷𐌰𐍂𐌹𐌱𐌰𐌹𐍂𐌲𐍉 (*haribairgō)  de um proto-germânico *harjabergu *hari + *bergu  "exérctio + proteção", fica pouco alicerçada nestes casos galaicos onde *al-berga estamos a observar que é o local da pilhagem, muito mais ancestral, antes da existência de exércitos e portanto de que tivessem campamentos militares, é o local onde pára, onde se alberga temporariamente, a hoste de caçadores, seria sim o campamento de caça do grupo que vai de cousso em cousso fazendo o seu roteiro.
Albergue estaria então na raiz céltica de *berga "pilhagem" e não na raiz germânica de *bergu "proteção" ou de *berg "montanha".
Podendo ser que estas formas germânicas "proteção / montanha" fossem secundárias à deriva da raiz *berga "pilhagem" -> local da pilhagem -> local na montanha onde se caça e refugia a hoste (ao aparecer o sedentarismo neolítico nas partes menos elevadas) -> montanha / albergue, estalagem da hoste, estalagem ou campamento do exército.
Sobre o al- de al-bergue: 
A hipótese que o artigo céltico an / a e o semítico ال (al-) poderiam ter nascido da mesma raiz, levaria-nos ao nostrático, ao final do paleolítico superior, ao 10.000 aC.
Onde *al-berg / *a(n)-berg seriam o mesmo. Confronte-se algar com hangar.
Assim por exemplo no galego medieval aberger "albergar, hospedar, guardar, acolher", ou o apelido galego medieval Abergueyro.
Neste caso um Abergueiro toponímico:


Abergueiro de São Tomé de Venceães (Entrimo), com toponímia e forma identificativa de cousso.
Confronte-se Avilheira / a Bilheira, de este Venceães, com Abellheira e Aveleira de Brégua, mais arriba.






Les Albergeries na comuna de Moissieu-sur-Dolon (Auvérnia-Ródano-Alpes)


Les Alberges na comuna de Sè Kossin (afrancesado como Saint Cassin) (Auvérnia-Ródano-Alpes).
O tido por hagiotopónimo, Sè Kossin / Saint Cassin, lembra os tantos topónimos de base casa, capsa, caça que aparecem nos becos dos coussos galaicos analisados neste blogue.
Les Teppes, em franco-provençal teppe é um terrão, tepe no provençal é montículo. Aqui Les Teppes não deixa de lembrar a tapada, a transformação do cousso de caça em "granja" ao lhe ser fechada a boca de entrada.
Moussy, poderia ter a ver com mossa "marca", pedaço mordido.
É para reparar que nos dous casos da Saboia há um chemin ou montée du Chêne, um caminho do carvalho. Topónimos de base carvalho costumam dar nome aos limites dos coussos galaicos também.



A presença de topónimos de base *berga na Galiza, e escassamente na França, com estrutura de cousso para pilhagem de animais, junto com lugares de caça na Cornualha com base em bere / beara, e mais também a prática do díberg gaélico, ajudam a perceber melhor a raiz proposta *bērga e a estruturação social na sociedade Neolítica, Bronze, Ferro e até épocas históricas na Irlanda.
Palavras como:
Bergante: pícaro, malandro, vivedor, desavergonhado
Vergalheiro (talvez bergalheiro): preguiçoso, nada a ver com vergalho.
Bregão, brégolas: preguiceiro.
Andar de berga: viver sem fazer nada.
Bergar / bregar / brigar: lutar.
Entram dentro do mesmo conceito.
Confronte-se com o occitano brega "disputa, rixa, contenda".

Então pode ser percebido que a verga, vergalho (rebento de árvore que serve de chicote, pénis, confronte-se com bergal: ovas dos peixes, bergada: bragada) teriam uma raiz na pratica e tempo do díberg que acho fica em fóssil nas celebrações do entrudo, onde, até o século passado, a pilhagem e o vadiar levava às bandas de chocalheiros a percorrerem distâncias tais que saiam fora da Galiza matricial.
Poderia ser entendido Bergantinhos como um território onde o díberg acontecia?
Noutros escritos foi analisada a população galaica com grande estruturação e densidade, e foi postulado este sistema de fianna, díberg para explicar a sua dinâmica, onde uma massa masculina na adolescência seria "expulsada" a fazer vida nas periferias, nos caminhos, não teria lugar no território para desenvolver uma vida familiar, pois os lugares estariam todos ocupados polos primogênitos, massa que acabaria na fianna, no díberg, na brigandagem.
A paisagem dos coussos, a deriva da raiz *berga, o slbergue, o díberg conformam um cenário e um teatro que ajuda a perceber a evolução desde os caçadores nómadas de cousso em cousso, até uma sociedade neolítica onde um segmento de população era apartada da comunidade "lotada", para viver ao jeito caçador recoletor ou no roubo e pilhagem nas periferias, montanhas, zonas marginais, ou regiões, espaços delimitados para desenvolver esta vida "selvagem" (neo-paleolítica) a respeito da civilizada (neolítica) tudo baixo uns códigos ou normas e integrado como normal nessa sociedade. Ainda sendo marginalizados a olhos do hoje, o sistema do díberg permitia que estas ordas fossem usadas como mercenários em lutas entre territórios, como rito de passo desde a entrada na adolescência até os vinte anos. E mesmo com possibilidade de ascenso social polos feitos e ações desenvolvidas, ainda e a pessar de alguns serem qualificados negativamente desde o hoje, como crimes, assassinatos ou roubos; que levava a alguns dos sobreviventes desta vida expulsaàa obtenção de uma terra agro-pastoral, chegar a ter um cargo proto-policial, militar ao serviço de um rei territorial,  conseguir um casamento proveitoso que retirasse das margens ou mesmo cargos religiosos, proto-druídicos.
Seja como for, este sistema que na continuidade chegou até o díberg semelha que "eliminaria" e "selecionaria" população.


Voltando a Spernentrogh e à sua toponímia:



Moorside "banda da urzeira, do branhal".

Borough "Burgo", uma vila ou aldeia secundária a outra que faz de capital, o seu nome também poderia derivar do inglês antigo Beorg "outeiro", mas neste caso não parece haver outeiro significativo nenhum.


Vai a continuação outro Spernentrogh:

Este é o mapa de Spernentrog "o espinho cortado" em Pluwbeder North (na freguesia anglizada de North Petherwin).
Como no caso anterior de Pluwseles, pode ser observado que um cousso maior ainda permanece desenhado na paisagem cadastral. A ideia de terem os locais o nome de espinho cortado faz pensar que os coussos eram inicialmente maiores e posteriormente foram reduzidos, acurtados.
No desenho cadastral de Spernentrogh de Pluwbeder North ainda é possível observarmos a forma de nassa que o beco leste tem, como noutros becos analisados de cousso, por exemplo no de Coussa Velha de Vila Santar o beco norte Fonte Naceira:
                           

Topónimos relevantes de esta estrutura de Pluwbeder North que condizem com a funcionalidade:



Bosvrosyow: Bos/bod "assentamento, casa" dos Bros-yow, bros "ardente, pico, aguilhão", o sufixo -yow indica plural.
O nome anglizado de Bosvrosyow é Brazacott que poderia ser Braza-cott (cottage) a cabana da brasa?
ambos os nomes inglês e cornualhês fazem referência a calor.

Troswell, foi grafado no XIII como Treswell, tre- / trev- "aldeia". A segunda parte -swell / -well (?), se calhar  é um topónimo tipo vila boa? Ou vila da fonte?

Caudworthy:
Worthy é uma palavra do inglês antigo, no córnico worgi, talvez de origem céltica com o significado de tapada, cerrado, lugar vedado por valado. 
A primeira pate caud- poderia ter a ver com cauda.
O nome córnico é Kollas "aveleiral, lugar onde medram aveleiras".

Maxworthy,"Tapada de Max" em cónico Karvacka "forte de Macka", sendo Macka um nome de pessoa.

Webworthy, poderia ser interpretado como "tapada de Web".
Web com um significado pouco claro.
No vizinho Devon há um topónimo semelhante, Wembworthy,:



Wembworthy de Devom está situado também a boca da estrutura em cousso como o seu par Webworthy da Cornualha.
Esta localidade devoniense levou o nome medieval, o seu primeiro nome conhecido, de Mameorda
O primeiro elemento Mame poderia ter a ver com mãe, madre, mama?
Então caberia esperar que os lexemas Mame- e Web-/Wemb- tivessem o mesmo significado, o primeiro céltico e o segundo germânico.
Wemb- poderia ter a ver com o inglês antigo wamb "barriga", proto-germânico *wambō "mamas / barriga"
Poderia ser que ambos os lexemas (mame e wemb) estivessem a fazer referência a um pequeno promontório ou proeminência do terreno, se quadra um túmulo ou mámoa.
O segundo elemento -worthy / -orda:
Aparentaria com o latim ordo, ordinis "série, grupo, tropa", seria pois uma forma do protoindo-europeu *h₂er "união" podendo sair da mesma raiz que o herdo, a herdade, uma unidade territorial, em una ideia *ordoni / *herdoni "do rebanho, do grupo humano que vive nessa unidade pecuária".
Então o lexema worthy teria uma forma arcaica -orda que ligaria o *ghortos com a orda / horda de suposta origem túrquica-mongol, mas com idêntica suposta origem neolítica, "paliçada", posteriormente "campamento militar".

Na toponimia galega aparece às vezes o lexema ord-, talvez orj- (evolução de ordi-) em estruturas de coussos:
O Orjal de São Martinho de Calvos de Sobre Caminho. Correntemente os topónimos galegos de base orj- (orjeira, orjal) são interpretados como derivados de orjo, hordeum "cevada", mas alguns poderiam ser derivados da raiz aqui analisada que deu o hipotético céltico medieval -orda, o córnico -worgy, inglês toponímico worthy.


Voltando ao Wembworthy de Devon, é para destacar que:

A estrutura de cousso é condizente com a toponímia:
Winkleigh "equina /clarão de bosque", ou Partridge walls, sem necessidade de explicaç¡ao pois a sua literalidade explica a sua função no cousso, também a destacar Reeve, como comandância, local de poder, no beco do cousso como costuma acontecer em tantas estruturas de coussos galaicos analisados neste blogue. Abbotsham "vila do Abade":

Topónimos de lexema tei- / tai-, foram analisados no escrito Taibó a casa do boi, onde foi indicada a proximidade entre os topónimos Teibade / Teibalte e similares; com a possibilidade de serem: tei-abade ou *tei-baltus, *tei-wlatis, tei-flatus, tei-flaith, "casa do soberano".
Fazendo isto uma ligação direta entre uma figura de poder da Idade do Ferro da cultura galaica com o posterior abade, fazendo também uma associação entre a palavra abade com * balt-/ *wlatis "soberania" e portanto com soberano, mas também na soberania religiosa, e territorial. Vinculando-se o abade primário com o vate?

Isto ligaria o *waltis, toponimicamente *balde / *bade, e na possível continuidade o abade, com o briugu gaélico?

Assim o *wlatis, soberano, como briugu, é "ministro" da economia de uma unidade territorial superior à da governa de uma briga. Formada polo comum por três ou quatro células territoriais mais a marcada pola toponímia como quinta.
O briugu no mundo gaélico governa um território no que possui umas cem cabeças de gando, também pode ter servos, não é rei mas é soberano.
Costuma ter, o briugu, uma casa aberta no cruzamento de caminhos, uma pousada, é chamado por isto de hospitaleiro.


Outro caso de Spernentrogh, de espinho cortado, neste caso anglizado como  Coppathorne:
Spernentrogh em Korlan (na freguesia com nome anglizado de Poundstock).

Ao ser buscada a simetria, que costuma existir nos coussos, sai esta imagem:

O que permitiria inferir que o spernen antes de ser cortado, antes de ser Spernentrogh teria esta forma:




Aqui vão uns exemplos galegos de base esp-:

Espinharido de São Lourenço de Árbol (Vilalva), o nome de Ranhal é muito identificativo como cousso.






Santalha de Esperante (Lugo)


O desenvolvimento do lexema -sper- na Galiza está mais detalhado no escrito da Nespra e o Bispo.



Driseán no condado de Tiobraid Árann (Tipperary) na Irlanda.
Depois do apresentado neste blogue: dris-sean(?) "espinho velho", ou dris-saine "espinho separado, diferente, especial" dando nome ao beco de uma estrutura de cousso.
O nome mesmo poderia ser tautilógico se imos à camada do indo-europeu, dris derivaraia do
proto-Celtico *drits-, do protoindo-europeio *der- "rasgar, dividir”.
Dún na Sciach "forte, castro, fortaleza dos espinhos", sciach é forma do irlandês medieval, plural de scé "espinho, arbusto espinhoso".
Ao igual que nos coussos galaicos observamos que a palavra toponímica primária vai sendo "readaptada", traduzida, mudada para a sinónima, neste caso dris e scé.
Por exemplo a reconstrução do idioma picto: *ᚄᚚᚔᚌᚐᚇ (*spijad), "espinha", ajuda a perceber o comum aos casos apresentados aqui, córnico, galaico e gaélico: spernen, espinho, sciach, onde os celtas-q e celtas-p partiriam de um étimo *(s)kwe(r).
Baille an Aird "vila ou lugar de cima"
Baille an Cloiche "vila ou lugar da pedra"
Currach an Phaoraig "branha, brejo de Paroraigh". Esta palavra Phaoraigh é controversa, o lugar foi escrito de diversos modos:

Curraghpoer
COD Leathanach: VI.77
1595-6Curregephere
COD Leathanach: VI.88
1601Corraghpower
COD Leathanach: VI.115
1602Corraghpower
COD Leathanach: VI.166
1602Curraghepowere
COD Leathanach: VI.187
1602Curraghepowere
CPR Leathanach: 254b
1654Curragh poore
CS II Leathanach: 12-14
1654Curroghpoore
CS II Leathanach: 42
1657Curraghpoore
1659Curraghpoore
Cen. Leathanach: 325
c.1660Curraghpoore
BSD (TÁ) Leathanach: 91
1665-6Curraghpoore
HMR (TÁ) Leathanach: 66
1709Curragh Power
CGn. Leathanach: 3.156.785
1719Curragh Power
CGn. Leathanach: 23.202.13090
1840Curraghpoor
1840Corr...(a) phaora
1840Corragh a' phaoraigh
1989ˌkorəˈpuːr

A pronúncia /pu:r/ pode corresponder com a raiz do verbo purradh (purr-adh)  "empurrar, empurrar dirigindo, turrar, acometer".
Com a expressão no gaélico escocês pùrr /puːR ~puRəɣ/ "empurra!, move!, dirige!, guia!, sacode!, bate!, turra!, investe!, acomete!"

Segundo isto o grafado Currach an Phaoraigh, poderia ser Currach an *Phurr "a branha de empurrar, a branha para onde se empurram"; pois seria o beco onde acontece a caça, o amoreamento dos animais:

Leathmhuine "lado do mato"
Cluain Loiscthe "prado queimado, da queima"
Moin Liam, talvez Móin Liam "branha de Liam"
Cluain Meáin "prado do meio"
Baile an Ghróntaigh, a palavra ghróntaigh é controversa, e não tem um significado transparente.
Uma palavra com pronúncia próxima a ghróntaigh é cranntag /krãũNdag/ "estaca de madeira" que seria condizente com a funcionalidade do lugar na estrutura de cousso.




Gort Sciach no condado de  Gaillimh (Galway) na Irlanda
Gort Sciach "Campo do Espinho"
An Mhaigh  "chaira".
Pollkinaff talvez Poll "buraco, foxo" -kinaff cionn damh "cabeça de boi/cervo", Foxo da cabeça de boi/cervo. que condiz com a estrutura de cousso, confronte-se com Baille Boic Thuaidh no outro beco.
Pollanovett poderia ser Pollanevitt Poll "foxo" -nevitt  neimhead, antigo gaélico Neimed "sagrado, privilegiado", proto-céltico *nemetom.
É suposto serem terras da Igreja, o equivalente toponímico a Igrejário, sob espanholização: lisário (iglesário).
An Cheapach Bheag "parcela pequena"
Cathair Oirealláin "fortaleza / castro de Orealáin" mas este lugar foi grafado de muitas formas: entre elas Cathair Eirealláin.
Uma hipótese seria que estivesse oculta a palavra earrlainn "final, limite, conclusão".
Cathair tem/tivo o significado de sentinela.
Ard na gCnó "alto da noz". Isto liga com o já comentado neste blogue sobre a toponímia de base em noz, nogueira, concheiros, associada a estruturas de coussos que polo geral aparecem nos becos dos tais.
Ceathrú an Choillín "quarteirão de terreno do boque pequeno"
Baile Boic Thuaidh "vila do castrão, do cervo, norte", como local de caça do cervo, fazendo par com o nome do outro beco Poll cionnn damh "foxo da cabeça do cervo/boi".



Um hipotético cousso duplo em  Port Láirge / Waterford.



Sceach an Aird (Barron) "espinho alto" no condado de Port Láirge / Waterford.
Cnoc an Tí Mhóir "monte/outeiro da casa grande"
Gladán Mór, Gladán não lhe é dada uma etimologia fácil, entre outras hipóteses, gladamán / glaídem é o lobo, derivado do verbo gláed "uivo, berro, som estridente, grito", como epíteto para o animal, seria o lugar maior do uivo, também poderia ser algo similar aos topónimos ulfeira que aparecem associados às estruturas de cousso, confronte-se com olfear. (Mais alagadamente n'A Ulfe).
Rinn an Phúca "cabeça, ponta, promontório do duende, do demo, do trasno". Poderia ter a ver com poc "castrão, cabrito"? Poderia haver uma relação entre as palavras gaélicas poc "cabrão" e púca "duende, duende maligno, demo"?
An Mhóin Fhinn "o pântano branco"
Stang an Tiaraigh "parcela de Tiaraigh, parcela de Terry".
Cluain Mór "prado grande"
Páirc an tSlogaire "prado da garganta, do engolir"; entenderia-se que terira a ver com gorja pois está nas proximidades da ponta do beco, onde se estreita a estrutura.
Clais Mailia "rego de Mailia", de uma pessoa chamada Mailia, uma das tantas variantes de Ó Méille, também cognado do nome inglês Molly. Entre os nomes recolheitos está o de Clais Má Liath "rego do chão cinzento".
Cluain na nEach "prado do cavalo, da besta"
Burgáiste é uma forma gaélica cognata do inglês burgery "o governo, as pessoas, o grupo governante de um território". O que condiz com o encontrado nos coussos galegos, onde a capitalidade, o governo, as palavras que definem o poder e os locais de poder est¡ao associados aos coussos.
Dún na Mainistreach (anglizado como Abbeyside) "forte do mosteiro". Também são achados mosteiros toponímicos e mosteiros atuais que estão feitos numa estrutura de cousso na Galiza.




Sceach an Aird (Humble) "espinho alto" no condado de Port Láirge / Waterford; parelho ao anterior.
Bán na mBráthar "pasteiro do irmão / do frade".
Cnoc na Saile "outeiro do salgueiro". Sail saileach "salgueiro" foi alargadamente analisado no escrito "Cortiças..." dando-lhe outra análise não apenas fitotoponímica.
Burgáiste, já foi analisado na estrutura anterior, como capitalidade, grupo de pessoas governantes, o bailte fearainn Buráise, o território de Burgáise está partido.
Cnoc na gCránach "outeiro das porcas"
Cill Bheinín Thuaidh "igreja, cela da pequena mulher, norte", bheinín é um diminutivo em genitivo de ben "mulher", junto com Cill Bheinín Theas "cela da pequena mulher, sul". No meio destes dous lugares insere-se:
Baile an Rodaigh "vila de Rodaigh", rodaigh, tem a ver com rodo, na multiplicidade da continuidade de estaca, sacho, vara de mando, pedra-fita, e chefatura. Seria a "vila do rodo".
Estes três lugares estão a falar o lugar de poder ancestral do cousso, onde é suposto haver uma mulher ou grupo de mulheres sedentarizadas no lugar, como foi mais alargadamente descrito ao analisar toponímia de base Orraca, *Reina e Rainha, Freira, Dona ....
Então há uma cela, na continuidade transformada em igreja, inicialmente um casoupo de pedra abobadado que no devir dos tempos chegou até hoje, governado por uma matriarca, o seu território ficou ficou partido e ocupado polo "poder do rodo" entende-se que o sistema de caça em coussos do final do paleolítico, foi transformado em grande tapada para animais semi-domesticados no neolítico.
Baile an Randalaigh "vila de Randal", sendo Randal considerado antropónimo da mesma linha que Randolph, De feito o lugar levou o nome antido de Rendulffeston.
Neste blogue no escrito dos coussos fôrom analisados muitos topónimos do grupo Randulfes galaicos, todos relacionados com estruturas em forma de cousso. O que quereria indicar que os tidos por antropónimos na Galiz, os Randulfes e similares e o tido por antropónimo Randalaigh na Irlanda, estão a ocultar debaixo o proto-galaico *(t)rand-wĺ̥-kʷos.
Scairt e Scairt an Óraigh; scairt significa "mato denso, abrigo, esconderijo", scairt an óraigh, seria algo aproximado a "mato do dourado" (?).
Baile na Leath Sheisrí "vila do lado do arado". 
Tulach Cúil Bheag "montículo da esquina pequena". Poderia estar a fazer referência a uma mámoa, e o de esquina pequena, talvez esteja a fazer alus¡ao a que houve uma esquina maior que a subida do mar alagou e fijo / fez o cousso menor, recortado.
Baile na Cúirte "vila da corte". aqui haveria que considerar corte na sua duplicidade, local de animais e local de poder. Ambos locais são o mesmo nos coussos, é onde os animais se juntam e onde sedia o poder.
Cill Ghrua bháin "cela, igreja da mulher das bochechas". faz pensar numa divindade ancestral, por exemplo a deusa grega Témis foi descrita como a das belas bochechas, na cultura indu ज्येष्ठा, Jyeṣṭhā  uma divindade de grandes bochechas, "a mais velha, a anciã", nasce antes que Lakshmi, no bater da manteigha.
Fearann an Tornóraigh "terra / terreo de Tornóraigh", talvez tendo a ver com torneiro, tornar, girar.
Clais na Lachan "rego dos patos"
Sceach an Chrainn "espinho da estaca/do tronco/da árvore".
An Mhóin Chaol "branha do rego"
An Mhóin Rua "branha vermelha".
Crochta an Fháil "pequena granja de fail"; fáil pode ser o mesmo que fuile "confusão", pois é o local de caça onde se amoream os animais confusos.
Stocalán, o primeiro elemento, lexema da palavra poderia ser stoc, talvez teria a ver neste espaço com estaca, tronco, o segundo elementeo poderia ser calán "grosso, gordo": "estaca grossa".
Dún na Mainistreach já foi visto anteriormente (anglizado como Abbeyside) "forte do mosteiro".


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