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Vilar de Suso

 Este é um intento de apresentar a coerência a parte da toponímia da na freguesia de Rodieiros (Boimorto)

Vilar de suso, de São Simão de Rodieiros, estrutura-se como outros vilares aqui descritos, conservando a estrutura de um cousso de caça.

Já foi explicado noutros escritos (Guilheto) que o inicial vilar teria a ver com bilha "estaca".
Então os iniciais vilares do paleolítico-neolítico seriam estacadas, nesta imagem levaria a pensar estacadas de caça, ou estacadas que defenderiam um assentamento habitacional.

Codesseiras é geralmente considerado fitotopónimo, onde há codessos.
Codesso dizem aparentado com o latim caudex "tronco de árvore, estaca, poste". Então este topónimo de Codesseiras poderia estar na mesma linha que Vilar, dizendo o mesmo de outro modo.
Caudex é dos genitivos femininos arcaicos no latim "da cauda"; isto liga o rabo com a estaca.
Mas também o lugar dá nome ao extremo, ao fundo de saco da vedação de caça.
Outra linha leigaria com cautus, particípio passado de caveo. *Cautusaria poderiat ter um significado tal "protegedora".
As distintas vias de explicação etimológica confluem, numa estrutura de estacas que protege.

Fonte do Cardo, lembra o cardo do cardo e decúmano romano?
Talvez estamos no seu ancestre.
No escrito "Os cárceres e demais" foi desenvolvida a ideia de este ponto principal cardo, cardeal, cardinalis é o desde onde se ordena, cardo latino aparentam-no com o grego κρᾰ́δη (krádē) "galho, galho de figueira". Os distintos nomes paleolíticos para os galhos, estacas, vão especializando-se (?).

Parelho à fonte do Cardo do outro lado está a Granja, também neste blogue analisada:
Surpreende que muitos topónimos granja / granha apareçam associados a estruturas paleolíticas-neolíticas, quando o topónimo granha /granja é tido pola maioria da etimologia do país como uma palavra medieval que dá nome a uma exploração agro-pecuária de essa altura, derivada do francês grange.
Hipótese explicativa de isto seria ou que a palavra neolítica como significado de granha / granja "reunião de animais domésticos" foi traduzida a uma nova palavra medieval, ou que a palavra antiga perdurou na estrutura de caça, mais tarde transformada em lugar de catividade, para depois virar em uma unidade agro-pecuária..

Outro par é Monte do Santo no oeste e Igrejário no leste.
Nas estruturas em cousso que fôrom apresentadas anteriormente neste blogue é frequente dar com um local religioso nos seus becos ou vértices de caça ou captura (Como será mostrado também aqui).
Por vezes o nome de base em santo, oculta a palavra anta / antas, dando nome a uma lugar murado de lajes, talvez um *Monte dos antos, que acabou no presente Monte dos Santos.
O Igrejário dá nome a terras da igreja, da paróquia, nessa dificuldade ainda hoje em definir o que é da Igreja Católica e o que é comunal do povo, antigamente trabalhado por ele para manutenção do crego, do cura. Neste caso infrequente, Igrejário não está a par da igreja, fazendo pensar que talvez nos terreos de tal nome na sua imediata proximidade teria havido um local religioso?

No escrito das Granhas, há casos onde o toponimo igrejário não está a carão da igreja e sim, como aqui, fazendo parte do beco ou vértice de caça ou captura. O que leva a pensar numa continuidade de posse dos terreos onde ocorreria o sacrifício, e despece sobre um penedo ou fraga, sacro, num proto-altar.

Bulheiro lugar lamacento, como beco de caça onde se acumulam os animais intentando fugir. Relaciona-se isto com nomes como terreiro, terreo, que aparecem associados a estas esquinas de caça captura, lugar onde ocorre a bulha o ruído e a confusão.
Bulheiro está à par de Burgueiro, talvez uma variação?


O nome de Cerra não se pode desligar do de Quenlhas. Quenlhas que é a boca antiga da estrutura primária de caça.
O nome de Cerra, e Cerra da Visa, dão congruência ao cousso evolucionado em grande choussão ao ser-lhe cerrada a boquela de entrada, transformando o grande espaço para caça, em espaço para manter animais em catividade.
Cerra da Visa dá uma ideia que já foi manifestada neste blogue (A nespra e o bispo) onde o lexema *wis- teria uma ideia de ver, mas ver a caça ou ver o rebanho, posteriormente cuidar do rebanho (look / look after, guardare italiano).
Por outra parte Visa poderia ter a ver com guiço "estaca", do mesmo modo que bilha e vilar.


O lugar de captura inicial apresentado tivo no seu funcionamento hipoteticamente mais que milenar modificações, assim o seu tamanho variou.
O nome de Monte Novo contraposto a Monte Velho, pode dar a ideia que num começo o cousso foi menor, Mas também o nome de Vilar de suso, suso tem diferentes significados geralmente é considerado como arriba, mas também como anterior, assim haveria um vilar anterior, primário, para ser agrandado com um vilar maior:


O topónimo de base monte nesta estrutura aparece em bastantes casos, os já vistos Monte Velho e Monte Novo, Monte da Perra, Monte do Santo, as Casas do Monte e Pena Monteira.
Monte da Perra poderia fazer referência a perra como pedra, como rocha.
Quanto a Pena Monteira, poderia ter um significado de pena do monte pena montesa, ainda que também monteira faz referência à caça, ao caçador do monte, monteiro também, nas Astúrias antigamente, era além da pessoa que dirige e convoca as montarias, a pessoa que tinha um cargo de governo de um bairro ou aldeia.
Seguindo com os pares de nomes, se no lado leste do cousso agrandado está Pena Monteira, no lado oeste, no cousso talvez primário, Pena-hedra, também chamada Penadra.
Onde hedra pode ser a planta hera, mas hedra poderia estar a indicar uma unidade territorial alargadamente explicado no escrito: Lugares, herdadas, hedradas.

O beco oeste com o nome dos Pinos, faz pensar numa castelhanização, poderia ser os Pinhos, fazendo parte do grupo de topónimos dos becos com nomes de base em espinho, analisados no escrito da Nespra e do bispo.
O beco leste tem toponímia identificativa da função, como é Cousso e Prado de Poços, lugares onde acaba caindo a caça.

A grande vedação inicialmente de caça acabaria fechando a sua boca com um cerrmento semi-circular que frequentemente se repete e que neste blogue pode ser visto em diferentes escrito, por exemplo foi mostrado sob o nome de Beiçoa no escrito de "Casa nova de Cas".

Esta grande chousa, uma vez completamente fechada, teria uma "manga" para melhor captura dos animais já em cativeiro, semi-domesticados, É onde está a igreja da paróquia e o lugar da Vila.
Confronte-se com estruturas similares apresentadas no escrito sobre "Cambre, Pambre, Tambre".

Já Zaim, lembra um diminutivo ou genitivo de zao, o salgueiro, na ideia apresentada no escrito "Cortiças...", assim Zaim seria do grupo toponímico de sala, ou salgueiro, como antiga vedação e lugar de chefatura.

Quanto a Aldrá, a etimologia mais divulgada faz dele germânico: derivado de um possuidor de nome Aldras / Aldr, com ideia da mesma raiz que tem o inglês elder "ancião, veterano".
Os nomes de pessoa medievais mais comuns deste grupo são Eldara e Ilduara / Ylduara. Não podendo deixar sem nomear Aldara.
Desde a etimologia germanista estes nomes teriam base no proto-germânico *aldaz "adulto". Aparentado com o latim altus, "alto".
Se imos a uma palavra de similar grupo, aldr-, no galego atual: aldragem, esta raiz teria relação com o latim ultra "além", formado por uls-  e -ter- e -a.
Uls
"além" de um protoindo-europeu *h₂el- "além".
Assim *h₂élterana poderia ser "a que está além, a "última, a veterana"
Talvez Aldrã seria mais atinada a sua escrita?
O topónimo Aldrã está vizinho do Igrejário, onde como foi dito não há hoje igreja. Assim poderia ser que o território religioso ancestral estaria hoje ainda na posse da Igreja Católica.
Pola esculca, o lugar de Aldrã, *helterana, seria o lugar da Velha?
O que iria condizer com os tantos topónimos com base na chefatura feminina que nos becos dos coussos de caça têm aparecido em diferentes escritos neste blogue, nomes de base em  Orraca, *Reina e Rainha, Freira, Dona ...


Vilar de Suso de São Tiago de Sísamo (Carvalho)


Com a forma de cousso típica, Vilar de Suso está na parte baixa em um dos becos de caça, com nome muito significativo de Cachel, na ideia de cachar, caçar. O nome de Paradela é indicativo de parada do rebanho a caçar. Espinho é frequente nas tapadas e nos coussos dando nome ao muro.
O nome da freguesia Sísamo divulgada do céltico Segisamo (atual Sasamón de Burgos) "muito forte". Aqui é proposto que o sufixo átono -mo que já foi analisado noutros topónimos poderia significar "o lugar de". Sendo assim *segis-amo, "o lugar do forte". Neste caso o forte paleolítico-neolítico a grande tapada de caça, posteriormente de catividade?
Este lexema protoindoeuropeu ou mesmo anterior: *-mn̥, daria no grego -μα, no latim -mentum, no galês -ma, no galego o sufixo átono -mo (édramo, légamo...) e nas línguas fino-permianas (urálicas) da que procede o sámi *-men com ideia de lugar ou localização.
O lexema Sisa- / Sissa- poderia ser parelho à linha francesa de assis, assise, relacionados com o latim adsedeo.
Numa ideia de síssa-mo "lugar do assentamento", confronte-se com a grafia com duplo esse de Séssamo em documentos medievais.
Lugar do assentamento que entra no conceito de viva nómada ou semi-nómada, de lugar em lugar, de cousso de caça a cousso de caça.
Confronte-se com outros Séssamos.


Com a toponímia frequente nos coussos e controversa:
A Costa como lugar em encosta ou como lugar de depóssito de ossos?
Outeiro como lugar alto, como altar ou como lugar de saída?
Naveiras de nava suco, depressão, vale, ou Nabeiras de nabos?
Silvar pode ser associado com outros coussos de toponímia em sil-.




Fonte de Vila Suso em Xornes (Ponte Cesso)


Outro Vilar de Suso, neste caso de Fiopães (-ans) (Avanha)







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