Ameijoar na Ameijeira

AMEIJOADA -Termo pastoril. Levar o gado Ameijoada, he quando os Pastores levaõ denoite a pacentar o gado. Outros por estoutro modo se explicaõ, dizendo, Ameijoada he malhada, que denoite fazem com suas bestas os Almocreves, Tafoneiros, e outros. Escolha o leitor a explicaçaõ que lhe parecer melhor, e chamelhe como Bento Pereira Pastus subdialis ou com outros Pastus nocturnus.

"A vida deste animal / he de noyte em meyjoada / e polla menhã palhada".
Meijadoiro em Santo André de Gundriz (Samos).
Topónimos com o lexema ameix- ou meix- são considerados derivados da ameixa ou ameixeira do arbusto do género Prunus.
Mas:
Como já se tem explicado alargadamente neste blogue, o passado da Galiza foi fundalmente pecuário de gestão de um rebanho comum à população ou aldeia.
Rebanho que pascia no monte nas duas primaveras, e nas veigas na canícula e no inverno. O rebanho era recolhido pola noite em um curro ao lado das habitações, o curro em muitos casos era de grande tamanho, e podia contar com fonte ou regato interior.
Este sistema pecuário apareceria no neolítico com gando semi-domesticado, quando o uro começava a ser boi, em uma semelhança a como as renas são utilizadas polos povos do norte.

Este curro no tempo do Ferro na Irlanda foi o local do briugu, da pessoa pastora administradora.

Na caída da Roma e na nova conformação territorial ocorrida com o parroquial, estes curros, os seus locais habitacionais passam a ser centros de poder *wilas ou vilas, a elite abandona a croa do castro, ou é substituida por uma elite germânica, sueva, que governa o território desde o lugar milenar do curro pastoral, assim as igrejas e paços posteriores assentam e ocupam parte do curro. E os nomes dos possuidores são gentilícios feitos sobre do topónimo pecuário, (erradamente tidos por germânicos).
Nesta altura, e posteriormente, o comunitarismo desparece, ficando os curros nas mãos das elites, igreja, nobreza, ou repartidos entre proprietários menores.
Há que dizer que o modelo de propriedade comunitária-privativa perdurou até o século XX por exemplo en Ruidenore, localidade da comarca da Seabra e da Bragança, na raia, onde o território era gestionado comunitáriamente, cada casa tinha uma parelha de vacas, que pasciam num sistema de vezeira, o monte para o centeio era repartido por sortes, os prados da veiga também eram repartidos anualmente, para alguns trabalhos duas casas estavam mais ligadas, por exemplo se eram necessárias duas juntas para tirar de um carro, havia um sistema de reciprocidade....

Aqui vão diferentes lugares de lexema (a)meij- onde pode ser percebido ainda hoje, o curro afunilado.


Ameijenda (Cee) a igreja está dentro do primitivo curro, curro relativamente menor que outros. O que leva a pensar que poderia ser gado vidente (ovelhas e cabras), tendo em conta que ameijoar entre os seus significados está o de reunir as ovelhas, ainda que também reunir gado inespecífico, mesmo recolherem-se as galinhas ao poleiro é ameijoarem.


A Ameixenda ou a Ameijenda de São Pedro de Nantão/Nantom (Cabana de Bergantinhos) com a sua Chousa de Nantom, curro afunilado que no bico tem a igreja, como tantos outros curros já estudados neste blogue, curro situado entre o vale de veigas e o monte, como é frequente também.
As Ameijeiras em Aldão (Cangas do Morraço).
Com toponímia pecuária e vedatória:
De sul a norte:
Pinheiro, pinheiro foi esplicado como espinheiro, lugar em forma de espinha, lugar desde onde se espia, lugar vedado de espinhos, que isto que confluam três conceitos, três funções, numa só palavra seria explicável pola continuidade.
Lagoa: pode ser explicada como valo e valeta vedatória (mais alargadamente aqui).
Salgueiral: como estábulo, corte governativa e árvore (mais alargadamente aqui).
Cancelo: como lugar que pecha o passo.
Trás-Valo: lugar detrás de um valo ou valado que encerrava a grande chousa da continuidade neolítico-ferro.
Butoque: talvez pequena elevação, com proximidade a bitoque, bedoque, polo topónimo de Tra-lo-Toucido ao sul dele pode ser entendido como que havia uma elevação, (uma mámoa?), e com os topónimos na volta de Castrelo, Arcas. Neste lugar aparecereram cistas, esperável polo topónimo Arcas, e dando força ao também esperável: que os enterramentos incineratórios neolíticos e posteriores eram dentro do recinto pecuário ( a confrontar com batoca "sepultura").
Rua da Devesa: parte longitudinalmente a grande chousa na sua base.
Gandão (-om): fala de gando, como aumentativo, faz pensar no aumentativo latino -ō, -ōnem, mas puido ter uma origem genitiva "do gando".
Cortelhas: na evidência de ser a corte, com vários significados, lugar do gando e lugar da corte, do poder.
Menduinha: poderia ser percebido como um diminutivo de mendo, de facto é um chouso menor adicionado à grande chousa (para aprofundar mais, vide "Mundo").
As Ameijeiras: Como lugar onde ameijoa o gando, também escrito como Ameiceiras, talvez pola fonética da zona onde o som /ʃ/ despalataliza e pode ser pronunciado como /s/ Amiseiras, e depois corrigido à espanhola: Ameiceiras.
Seja como for Ameijeiras, escrito como Ameiceiras, relaciona ameijoar com o verbo amecer "juntar" e "mugir, ordenhar" (repare-se no inglês mess "quantidade de leite de uma mugidura"), a sua génese neolítica do coidado do gando explica a divergência entre o amecer com o significado de ligar, misturar e o amecer com o significado de mugir, ordenhar.
Onde nas chousas pastorais, são distinguidos dous grupos, o do bico, pinta ou quinta, e o da base. Os do bico aparentemente coidam o gando no monte e tornam com ele para o chouso, (go-vinda), e os da base dedicam-se ao acomodo no interior do curro (go-pala), neste caso amecem, juntam e mogem.
Com do Ramil: sendo Ramil, também em dupla significação, como ramo e ram. (Mais explicado neste outro escrito).

Na ligação entre ameijoar e amecer, teriamos topónimos para curros pecuários com o lexema (a)mec-?
Por exemplo Meiçarão (-ám):


Meiçarão (-ám) de São Isidro de Lamas de Viduedo (Triacastela), como variação de *(a)meiçarám, *ameijarão.
Sistema de curros e chousas.
De Sul a Norte:
As Cruzes aparece duplicado, como bicos e saída dos curros.
Pena do Curro: alicerçando que se está a descifrar um curro.
Pena de Páscua, páscua neswte caso fala de pascer.
Portelas: como lugar de portas, entrada a chousos
Lindeiros: como nome vedatório.
Raposeira, talvez na mesma ideia de "campo rapado".
Su as Cortinhas, que fica por baixo das cortes.
Serra: lugar alto, mas também variação de "cerra".
Méizara de Chozas del Lago (Leão), como hipotético lugar de ameijoar, amecer o gando.
Méizara com sufixo átono -ara, "das (a)meiças" das misturas, da união. Observe-se o parecido com um cousso de caça.
Meiço de Santa Maria de Macendo (Castrelo de Minho).
Com a toponímia frequente de curro pecuário, neste caso, partido pola domesticação final e a não necessidade do seu uso.
No Sul o bico ficou cortado, tendo o nome de Portela um pedaço desde o que se sobe para o monte.
Relevante Souto, pois é um salto, uma banda de terreno e não um muro que corta transversalmente o antigo curro, como pode ser visto noutras grandes chousas que se partiram (como o Souto de São Salvador de Liminhão).
Já no Norte: Cousso e Salgueiros.
Outro meijão:



Aqui na foto e relevo, hipotético ameijão, meijoeira, ameijeira, toponímico onde se ameijoou o gando:
Meijão Frio de Couçadoiro (Ortigueira) com a toponímia pecuária obrigada:

Envolto polo Rego do Foxo: que já diz tudo, é um rego que foi trabalhado como foxo para evitar que o gando, semi-domesticado, fugisse polo lado sul e oeste.

Couçadoiro, no couce do curro, onde sedia a igreja parroquial, na continuidade neolítico-ferro, lugar de enterramento de vacas, bois, bestas e gentes.

A leste: Travado, claramente topónimo vedatório.

No norte:
O seu bico com o nome da Corredoira, lugar de saída e entrada.
A Torre: onde está o paço.
Aparecendo como noutros curros relevantes os dous lugares, o religioso a um lado (igreja) e o nobiliário a outro (paço).
Curros frequentemente tenhem associado o topónimo Torre, podendo ter havido uma primária torre de vigia dos animais, mais tardiamente torres medievais.
Relevante o microtopónimo Salto do Asno, o que dá a entender que o curro foi de bestas.

O curro assenta na veiga e tem uma profunda corredoira que saindo por Travado sobe para o monte, percebendo-se a possibilidade do pastoreio de um greia, que viria descansar à noite ao lugar protegido, o ameijão, meijão.


Meijoeira na freguesia de Santa Maria de Adrão (-ám) (Marim).
Este lugar aparece cos nomes cadastrais de Meijoeiro, Monseiro, Mansoiro, Menreiro. Esta variação ajuda a perceber a possível relação entre a ameijoada, o mesão, mansão, que no escrito anteriormente foi desenvolta.
Pastoriça está claramente a definir a sua evolução, de lugar de caça a grande chousa para pastoreio, com o típico "beiço" arredondado que fecha a boca do antigo cousso:


Gonçalvo pode ser percebido como antropónimo,, mas não deixa fechada a porta à possibilidade de estar aparentado com gomphus pola sua forma, do mesmo jeito que gonzo. Confronte-se com topónimos do grupo Conzado.
Castinheiras ou Cachanas aparecem associados aos coussos de caça, a primeira com possibilidade de ser uma adaptação da raiz costa, fagocitada polo abundante castinheiro, a segunda por cachar, lugar onde se realiza a cachada, a caça.
Monte Sobroso com os terreos na sua volta de nome o Sobroso. Por vezes topónimos deste tipo, Sobrado, aparecem associados aos coussos.



Meijão é uma palavra já no galego medieval com o significado de venda, pousada, hospedagem, casa. Esta relação entre meijão / mesão e o lugar pecuário faz dele um antigo lugar do briugu gaélico, associando, mais uma vez o dar pousada com o rebanho.

Meijão Frio de Coirós no fundo de um saco ou funil de captura, com toponímia frequente nos coussos identificados neste blogue.


Situação de Meijão Frio de Coirós mascado com *, onde é observada a sua função de ameijoar o gado, como fundo de saco,  nesse território cercado entre as bacias dos rios Mendo e Madeu. Função similar já explicada noutro escrito deste blogue que acontece em Armea e no bico de Queiriz / Queiris (da queira "moega" pela sua função de funil).




Meijão Frio em Santa Cruz de Lians / Liães (Oleiros) situado na parte posterior de um grande cousso. Com toponímia significativa, Paços no seu beco norte, como palatio paliçada.
Romadeiro (vide Roma)
Minho do Vento na ideia de venda pousada, mas neste caso, ao ser um cousso de caça mais bem seria um local de caçadores. Muinho dá ideia do lugar onde o a boiada faz a mó, realiza a esterotipia de andar a voltas

São Lourenço de Meijigo (Cambre), O lugar de Meijigo está situado no beco de uma estrutura de captura de animais, onde polo seu desenho são forçados a ameijoar.



Mezão / Mozão (-om) em Santo Estevo de Pantinhobre (Arçua). Mezão é uma elevação envolta por um ribeiro, com dous bicos pecuários, o que faz pensar que o lugar pertenceu em distintas épocas a duas entidades territoriais, hoje Pantinhobre e Brandeso. A toponímia do entorno é claramente referida ao curro, chama a atenção Garcia, como pode ser visto mais abaixo na Miserela de Saians no bico da chousa, na ideia de gárcio, "estaca".


Meijão dizem ser derivado do latim mansio, mansionem, derivado por sua vez do verbo maneo que entre outros significados tem o de "passar a noite".
Assim as vias romanas estavam marcadas por lugares de pernoita chamados mānsiōnēs.
Mas a pergunta é: que foi primeiro a mansio de pernoita do gando e pastores, ou a mansio hospedagem de gentes em viagem?
Ao meu ver, a mansio deveu ter um nascimento semelhante à casa do briugu gaélico: uma granja que é à vez pousada, que no devir e continuidade do Ferro derivou nas hospedagens das vias romanas, sob ordenação e governo do Estado Romano e com o nome de mansio.


Meijons, microtopónimo na aldeia de Aveleira do Vale Gestoso (Monfero).
Aveleira que está no meio de dous curros pecuários, o do leste: Meijons, e o do oeste com o nome de Curro. O topónimo Aveleira foi descifrado nesta ligação como valado.

Ora, a dúvida é: como meijão na hipótese mais divulgada de ser derivado do latino de mansio, acabou nos (a)meij- pecuários?, quando mansio na época da dominação romana já perdera esta função pecuária (a do briugu e a gerência do rebanho).
Então dá para perceber que o ameijoar é primário à posterior  pousada ou mesão?
Quer dizer: que o conceito palavra mansio como palavra pecuária tivo que existir e se espalhar antes de que a Roma chegasse a dominar o território galaico.

Ameijoar dá ideia de ligar, de unir.
A palavra meijão, com os significados de taberna, venda ou pousada, pode ser aparentada diretamente com mansio; mas o significado de meijão como: montão, já não semelha ligado a mansio diretamete, e sim meijão "montão"  ter uma ideia primeira de rebanho, grupo, antes do que de taberna, pousada.
Toponimicamente alguns meijões são elevações, montes, ou proeminências de rochas no mar.

Meijão, baixio na boca da ria de Cedeira.

O Meijão de São Tiago de Cuinha (Ortigueira). Este Meijão é um monte, o cume de um monte, um lugar, e um aparente curro linear no cume da serra, desde o Meijão a norte ao Burgo ao sul. Meijão também poderia ser mesão ao estar no caminho cimeiro antigo.
Este lugar resume em si diferentes hipóteses etimológias: o lugar onde se ameijoa o gando, o lugar mesão, o meijão como monte, elevação aparentado com o espanhol mesa.
Os Meijões de Pinçãs (Tominho).
Como já noutros escritos se tem publicado, a igreja assenta no curro pecuário. Curro pecuário que leva o nome de Meijões (-ons).
Quanto ao nome de Pinçãs, este tema já foi tratado no escrito "Roma?", como nome frequente do bico de um grande curro da continuidade Neolítico-Ferro que se prolongou mesmo ao medievo.
Pinçãs está num dos passos entre o val do Minho e Baiona.
Na seguinte fregusia a norte, Santa Baia de Donas, e no mesmo caminho, está o lugar do Meijão (-om) que vai a continuação:
Este Meijão (-om) de Santa Baia de Donas, é um curro ao pé dum castro, tendo a Capela a São Cibrão (-ám) no seu interior, Capela diretamente ligada com a briga ou Castro, no esquema de distribuição do território, onde o poder religioso "controla" o poder político, tema que foi tratado noutros escritos, como "A nespra e o bispo".
Topónimos relevantes como Covelos, derivado de covo / cubo, topónimo que costuma aparecer nos grande chousos pecuários (Baltar, o pastoralismo).
O topónimo Paradela, que faz referéncia a um lugar de paragem, um mesão, mansio, na rota que liga Baiona com o Vale Minhor.
Cerquido, na ideia de cerca "vedação".
E o lugar de Fernándes, que levaria a pensar que a primária chousa neolítica abrangia também essa parte, como as marcadas corredoiras no seu leste, nordeste indicam, sendo como é o microtopónimo de base fernan- comum nas grandes chousas, pode ser lido mais em "Fernandinho".

É dizer: os conceitos de ameijoar "reunir", e meijão "monte, montão" semelham primários à mansio "pousada", ou mesmo anteriores à "casa do briugu".

Ameijoar, amecer, misturar, semelham ter um lexema meij-, meic-/mec-, polo que seria esperável uma relação direta com mest-, mesturar? assim no latim mixtus é particípio do verbo misceo.

Mixão / Mejão (-om) de São Martinho de Rodis (Cerceda).
Este grande chouso tem microtoponímia associada relevante:
Trás da Maia, poderia ser um Trás da Malha, trás da aira de malhar, ou trás da malhada, devido ao yeísmo.
Cadaval, como abundancial de cádavos, um cádavo é um pau queimado de tojo.
Cancela da Verdieira e Cancelinhas, como portas de passo à chousa e também como vedações.
No Litígio pode ser percebida como a unidade da chousa tem uma descontinuidade.
Petão (-om) do Carteiro, dá uma ideia de que a chousa em alguma altura não tivo bico, pois está ao lado o topónimo a Revolta. Destacar que no topónimo Petão do Carteiro, Carteiro não tem a ver com os correios, mas com uma forma anterior ao cardo romano, que foi desenvolto no escrito "Baltar, o pastoralismo", como lugar de guarda do gando (*warto).
Confronte-se com o saami kaarre "curro para renas", do proto-saami *kārtē, com as variantes dialetais gaertie "curro para renas", gárdi "chousa valada, curral para renas", kä ́rdd "curro valado". É pensado ser um empréstimo da fala escandinava, por exemplo no norueguês garðr com o mesmo significado "curro". Já no norte: Bico da Verdieira, como ponta da Chousa.
Verdieira, tem um lexema raiz verdia ou verdio "verdoso", sendo pois o "lugar verdio, verdoso".
O topónimo escrito Xeixas, tem também o nome de Genas / Xenas, não sei se por gralha ou por duplicidade. Sendo genar "quebrar" parcialmente o quadril as vacas ou éguas provocando-lhes coxeira. Gena seria, pendente de confirmação, o lugar da quebra, do limite.
Mexão / Mixão, liga ameijoar com misturar e com mesão.
Para dizer que no neolítico partoral galaico a possibilidade de que o protoindo-europeu que dá nome à juntaça, ao montão
*meyǵ-, *meyḱ- estivesse funcional no iniício do pastoralismo, e as suas derivas ameij-, mesão, mix-, mens- e outras formas que irão sendo descritas
Desta raiz protoindo-europeia *meyǵ-, *meyḱ- está o sânscrito मिश्र (miśra), “mesturado”.

Assim la Mesta, a organização histórica do pastoreio no reino de Castela, poderia ter aqui o nome.

A etimologia confusa de mesa, no latim mēnsa, pode estar aqui como tábua de reunião. Para isto ajuda o inglês onde a missa e a mesa tenhem a mesma origem etimológica, alicerçando a continuidade da missa, e o comer (comensal) compartilhar a mes / messe, (comida, landras, cereal), como casa onde é dado de comer ao rancho pastoral, polo chefe pastor.
A etimologia e significados do lexema mess- pode ser melhor compreendida conhecendo a figura gestora do briugu.
Mas o inglês ajuda:
Mess:
(Arcaico, obsoleto) Missa
(Arcaico) Quantidade de comida servida na mesa; provisão de comida por pessoa; ração de comida preparada para um animal.
Rancho, conjunto de pessoas que comem juntas na mesma mesa, e que a sua comida é preparada em comum.
Local, comedor onde várias pessoas comem juntas.
A quantidade de leite que dá uma vaca em uma mugidura.

No tocariano B miṣṣi* "comunidade", e mīsa "carne".

No galês mes que significa "landras", também é o "conjunto de pessoas que comem juntas", "ração de alimento líquido ou pastoso".


Mesoiro / Messoiro de São Vicente de Elvinha, fazendo parte do beco de um grande cousso, local inicial de caça, posteriormente local de ameijoada do gado.

Mezoira, talvez Meçoira em São Vicente das Negradas (Guitiriz):








Vão aqui vários Mesões toponímicos que são antigas estruturas de caça ou captura de animais:


Mesão Velho de Trás-Parga (Guitiriz)


Mesão do Vento em São Pedro de Ardemil (Ordes)



Mesão de Varela na freguesia de Cumbrãos (Mesia)

Já desde o latim a etimologia clássica não deriva a missa religiosa desta ideia aqui exposta, e sim do verbo mitto, que entre outros significados temo de "enviar, acompanhar, guiar" mas também "dispensar, liberar". Por uma formula latina no final da liturgia ite, missa est de significado e tradução controversa.
Lembremos o Govinda, o que trai ou guia às vacas. Já desde o latim mittomissio "missão" poderiam ter a ver com a caça em cousso e o posterior uso pastoral do cousso como lugar onde meter o gado em semi-domesticação.


Miçoite de arriba e Miçoite de abaixo de São Salvador do Castro (Doção / Doçom) grafados à espanhola como Mizoite, em época medieval Miçoyte; a fazer parte de uma hipotética estrutura de cousso de caça, granja neolítica
Pode ser entendido que Miçoite, hoje pronunciado /mi.'θoi.te/ no tempo medieval,dada a grafia Miçoyte, teria sido /mi.'soi.te/ na possibilidade gráfica de Missoite, com esse surdo.
Em documentos do mosteiro de Usseira como Miçoute, em documentos do mosteiro de Doção Miçoite.
Confronte-se com oyteiro / outeiro medieval.
 *Missa ou missus alti?  miss'outi / miss'oiti "a missa / a messa / a missão do outo".
O primeiro lexema teria a ver com a plurivalência de missus, missum e mitteo: guiar, trazer, assistir, enviar; ou missa "assembleia reunião" de animais e de gentes.
Então aqui neste lugar toponímico poderia ser percebida a origem paleolítica / neolítica da mistura de animais, e da missa / mesa como lugar de reunião, da missão de caça, posteriormente pastoral.




Miserela De São Jurjo de Saiães / Saians (Vigo). Hipotético sistema de chousas com Miserela no centro, a toponímia menor condiz com a hipótese, Garcias (engarçar, gárcio "puga, estaquinha") Capela (lugar religioso associado no bico), Hortas, Outeiro (como saída, out), Tomada, Cachada, Gondufe (*gond- vacum), Devesa (divisa, dividida, divisão), Domeira (doma e domus).
Esta percecepção de Miserela como lugar de reunião, pode explicar o lugar da Misarela, antigo convento (talvez na continuidade) perto da Aldeia Velha em Lestão (-om) (Póvoa do Caraminhal).




Messego / Mesego de Santa Marinha de Carrazedo (Caldas de Reis) dando nome a um aparte de uma estrutura em forma de cousso.
Ducange compila messegaria como "tutela custódia", aparentado com messegarius "mandatário, mas também como o guarda da colheita, guarda da colheita uma figura que existiu até o século passado.
Então aqui está a relacionar-se a messe "colheita/alimento" com o "mandatário guarda, vigia da colheita". Um primeiro chefe paleolítico no caso da caça (galês mes "landras", "conjunto de pessoas que comem juntas", "ração de alimento líquido ou pastoso") e daí o porque do mesão ocupar também antigas estruturas de caça.
Messegarius tem também relação com messegerius /messagarius, o mensageiro pois a mensagem vai de mesão em mesão, de cousso a cousso, de posta em posta, como é algo mais explicado no escrito das casilhas.







Mezonzo de Santa Eulália de Mariz (Guitiriz). Este lugar é um mesão, na ideia de lugar de reunião pastoral?

Este bando, hoste, de primários pastores de gando semi-selvagem, encontra completa a sua génese etimologica com o hitita westara "pegureiro, pastor", que liga a hoste com a besta e com a mestura.
Assim , no asturiano güeste:
Hoste.
Grupo de crianças que roubam froita ou fazem travessuras.
Pessoa aproveitada que fica a comer na casa, sem ser convidada diretamente.
Récua de cavalos.
Rês magra.
Procissão de ânimas em pena.

A figura da religiosidade romana vestal, está aqui como sacerdotisa antiga do pastoreio?
Também o galaico Vestio alonieco.
Como um primários chefes pastorais dadores e servidores da /mes/ na misa e na mesa, no lugar onde se juntam os animais e as gentes.

O que ajuda a compreender o conjunto da vida pecuária neolítica e a génese da palavra ligada a este campo.

Por exemplo a peça do arado que une ou segura as duas gueifas ou aiveacas, chama-se ameijelo, meijelo, mejelo, ameijil, ameiselho, ameijedo, ameijeiro, ameijido, ameijilho, aminjelo, aneijelo, aninjelo, anijelo, maijelo.
Aqui está escrito com jota, na ideia de ter a ver com ameijoar, mas em Trás-os-Montes esta peça é chamada de ameixil, o que a faz derivada de ameixa.

Com o número sete o ameijelo.

Ameijelo que também dá nome à peça que une as duas partes do eixo do rodízio do moinho.

Meijela é uma parte do carro das vacas, um aro de ferro no couce do eixo que sobressai na roda.
Este meijelo tem este nome por ameijoar, unir?, por maxiella, meigela mandíbula?, ou por meixela mexer / meixer?

Nas terras de Portugal os topónimos do grupo (a)meix- são grafados com xis, agás os evidentes das ameijoadas.




Com é então, que as árvores ameixeiras puderam ter dado nas ameijoadas?
Fôrom aproveitados os lugares espinhentos, os ameixeirais, para fazerem neles as ameijoadas, lugares seguros de pernoita do gando.

A etimologia mais difundida de ameixa deriva-a do latim damascina, por uma forma damascena, "de Damasco".
Assim no asturiano almacena é nome da ameixa, que tem a variante galega almeixa na Teixeira.

Entre as diversas palavras de toponímos ameix-, no galego medieval destacar: amescenarias, onde a proximidade com o mescer medieval "agregar, engadir, juntar, misturar", do latim miscere, mas também com *damescena.

Nas línguas europeias o mais próximo a ameixa semelha o veneziano àmoeo, que lembra o amoado.

O abelharuco (Merops apiaster) tem o nome de meijengra, almijelo, almijendro, menjengra, milijendra, com indícios de ser porque mora em grupo, ameijoado ou polo bico apontado.
Também os ferreiros Paridae recebem nomes semelhantes, talvez por andarem ameijoados fora da época de cria:


Almijelo e ameijendro (Periparus ater)

Almijendro, ameijendro e ameijengo-pequeno (Cyanistes caeruleus)

Meijengra (Aegithalos caudatus)

Ameijendro, almijendro e ameijengo-grande (Parus major).
No francês mésange dá nome aos ferreiros, às aves da família Paridae, esta palavra francesa está aparentada com o alemão Meise, palavra que foi no antigo alto alemão meisa, de um protogermânico *maisǭ.
Já no islandês meisingr é nome para os parídeos.
No século X em latim medieval misinga , mesenga, masance som nomes para uma determinada ave.
Podemos ver como a etimologia dos páridos corre parelha à de ameijoar, e poderia ser anterior à camada germânica?
No hitita MUŠEN.GAL é pensado significar ave grande, um ganso. MUŠEN HURRI pato-branco (Tadorna tadorna)
No nomrmando da ilha de Guernesy mouisson e mouissaon significa "paxaro".


Meijo é uma fisga ou anzol.
E menjo adjetiva o gado ovino bravo ou arisco.
Estamos muito perto da raiz?
Menjugo é adjetivo para o pícaro, astuto, sagaz, agudo
Com as formas parelhas: meijáro e méicharo "pícaro".
No gaélico meana "sovela", semelha estar muito perto da raiz também (confronte-se com o ferreirinho-subelinho).
Confronte-se com menjuga o peixe agulha.
No gaélico também os ferreiros estão perto deste lexema raiz com o nome de meantán. (lembremos no francês mésange e o islandês meisengr).
Isto leva-me a pensar que no fundo do céltico ou proto-indo-europeu, de toda esta grande resta menj-, meij- *mẽx- está a espinha, a puga, a agulha, o mato espinhoso, a primária costura que une (amecer).

As palavras deste grupo estão muito próximas a a ideia de misturar, ligar, do protoindo-eurpeu *meyǵ.

Outra vez no sânscrito, dos animais pastoreados, o que melhor ameijoa, o que melhor rebanha, é a ovelha, que tem o nome de मेष (meṣá, na forma védica: maiṣá, pronúnicia hindi /meːʃ/) com etimologia tal que:
Proto-indo-ariano *mayṣás, do proto-indo-iraniano *mayšás.
Com os cognados e formas:
No persa میش‎ (meš) "ovelha".
No gaélico antigo meiss.
No avéstico transliterado maēša.
No antigo prussiano moasis "fole".
No lituano maĩšas "fole".
No proto-eslavo *mě̑xъ "saco de coiro".
No proto-germanico *maisaz "mochila, cesto, carro de transpote".

Etimologia que poderia ser assentada na onomatopeia do mee ovino.

Assim a ameixeira, a àrvore pode levar este nome por ter pugas, espinhas, que foram as primeiras agulhas de costura, talvez de coiros que assim se ligaram, confronte-se com guilheto, outro nome do Prunus.
Confronte-se também com amecer.

Com todo este rebúmbio chegamos à ameijola amêijoa ou ameija, que poderia ser percebida como "unida" ou como "mandíbula"? Confronte-se com o asturiano amasuela, que também é amayuela.
Amayuela
abre uma porta para percebermos o nome do Crataegus monogyna no asturiano: mayuelo, no espanhol: majuelo.
O mayuelu e a ameixeira compartem ser arbustos, árvores, com espinhas.
Mayuela e mayuelu é o amalhó, seguimos no amecer, no unir do ameijoar.

Então la majada espanhola tem a ver com a ameijoada?
A majada é o mesmo conceito base que a ameijoada e que a mansio.
Majada é o lugar de pernoita dos pastores e do rebanho, majada é um mesão, uma pousada, um albergue.
Majada para a etimologia espanhola deriva de maculata, de macula "rede, malha". Mas desde esta visão peninsulocêntrica, majada seria um conceito comum no pastoralismo indo-europeu, do primário pastoralismo neolítico, lugar do pastor-administrador, lugar de reunião de gandos e pastores.
No asturiano ameijoar é amayadar "hacer mansión las vacas en la época estival en los puertos o en la majada en cualquier época del año". Com mayada e mayéu, como ameijoadas, lugares de pernoita do gando e pastores.

Como já foi visto: o inicial palatio, de paus, que era o curro, derivou no paço: assim também no espanhol conservou-se a mudança, a mansio  primária ("hacer mansión: deter-se num lugar) que era a estância do gando, derivou na mansión, grande casa ou palácio.

Por exemplo esta relação primária entre a paliçada e o palácio tembém é vista no âmbito bérber, onde "palácio" ⵜⴰⴳⴰⴷⵉⵔⵜ (tagadirt) também significa pequena muralha.

A ideia primária de πόλις (pólis) grega foi um terreno vedado com uma paliçada de polas, onde assentou a πολῑτείᾱ (polīteíā).

O tocariano-B também esclarece sobre estes primários lugares depois convertidos em moradia:
Kerccī
significa palácio, é uma palavra em plural (pluralia tantum), mas tem um significado em singular, kerccī teria a ver com ver com o latim cercus / circus, com o grego κέρκος entre outros significados tem os de "estaca, paliçada" e com quercus, com o cerqueiro ou cerquinho [cerq-inho, o do cerco, (do mesmo jeito que marinha é a do mar)], porque a gênese do nome de muitas árvores semelha que tivo que ver com o limite primário entre o lugar agrário de desmatamento do bosque e o borde florestal.

Não fica longe o verbo maneo do mundo?

A Meijoada na freguesia de São Tiago de Nespereira (Sárria). Na cruz, (o bico do curro que toponimicamente costuma estar marcado com o nome de Cruz) está o Vilar de Lamas, Como foi explicado noutros escritos: o lugar pecuário do pastor neolítico, na caída da Roma passou a ser lugar de poder, pequena administração wila, wilar (guilhar, vilar..., paço, palatio anterior).

Méijome de São Cristovo de Leobalde (Tordoia), os caminhos grafarom no tempo a forma do curro a oeste do núcleo habitacional, com o nome do Chousinho. Méijome, leva o sufixo átono -me (aumentativo ou locativo  -ma / -mo, em forma genitiva).


Meijide em São Cristovo de Borrageiros (Agolada)





























































Beijim em São Pedro de Maceda (Melide), um *Meijim?, uma variação m/b?
Grande chousa com topónimía vedatória.




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